“Ao decidir escrever um texto sobre a sua gaguez e ao
desdobrar-se em declarações sobre si mesma, escolheu desviar as atenções da
política”
Daniel Oliveira
"Joacine usa o
Livre como palco para se afirmar , numa luta pessoal contra tudo e contra todos
até como é o caso contra Daniel Oliveira que todos sabemos ser Esquerda . Já
Joacine não sei o que é, conheço Rui Tavares e até votei no Livre quando o
candidato era ele e sabia o que defendia. Agora só vemos egos , ela dispara em
todas as direções e o assessor torna-se a figura do dia na Abertura da
Assembleia. Este partido está irreconhecível."
Carmo Matos
"O Livre parecia
ser uma esquerda mais tolerante e dialogante do que o BE e os jovens turcos do
PS. Mas a Sra Joacine é de uma arrogância e de uma intolerância tais, que faz
as gêmeas Mortagua parecerem democratas. O que estará Rui Tavares a pensar
agora? Será que se identifica com a Sra Joacine, que chama racista a todos os
que não pensam como ela? Deve estar pouco arrependido, deve..o Livre, hoje,
transformou-se num movimento activista freak. Ideias políticas? Zero."
André Ondine
Joacine Katar
Moreira vs. Daniel Oliveira: polémica acesa nas redes sociais
O colunista do
Expresso perguntou “onde está o partido de Rui Tavares”. A deputada do Livre
comparou-o à extrema-direita. A polémica incendiou o Twitter.
Sónia Sapage
Sónia Sapage 2 de
Novembro de 2019, 15:27
Bastaram duas
intervenções de Joacine Katar Moreira no Parlamento para que a sua gaguez se
tornasse numa questão política tratada por vários colunistas nos seus artigos
de opinião. João Miguel Tavares, Vítor Rainho e Ferreira Fernandes referiram-se
ao assunto no PÚBLICO, no Sol e no Diário de Notícias, mas foram as palavras de
Daniel Oliveira, no Expresso, que mereceram a reacção mais dura da deputada
única. E, no seu caso, a referência à gaguez era meramente lateral. O
ex-bloquista criticou antes a “conversão súbita do Livre à agenda identitária”,
quis saber “onde está o partido de Rui Tavares” e concluiu: “Os seus
protagonistas [do Livre] correm desembestados e sem direcção política por um
campo de minas.” Joacine não perdoou e associou a postura do ex-bloquista a
“associados da direita e sua extrema”.
“Daniel, a sua
postura, embora mais polida e mascarada de bom senso, não tem sido muito
diferente da de muitos associados à direita e sua extrema na procura de
descredibilização constante do Livre e da minha escolha como cabeça de lista.
Deixei de ler o que escreve sobre o Livre”, respondeu a deputada através da
rede social Twitter. Onze minutos depois, Daniel Oliveira reage: “Nem comento
comparar-me com a extrema-direita. Prefiro acreditar que isto foi fruto do
imediatismo das redes. Bom fim-de-semana.” E Joacine insiste, passados dois
minutos: “Não foi imediatismo das redes. Nem amadorismo. Inaptidão ou deriva de
qualquer coisa. Bom feriado.”
Apesar das
despedidas bem-educadas, a conversa virtual continua seis minutos depois.
“Portanto compara-me mesmo à extrema-direita”, constata Oliveira para logo de
seguida aconselhar: “Talvez desfocar-se um bocadinho de si mesma ajude a ganhar
perspectiva, mesmo quando discorda das críticas. A política não se divide entre
os que estão por si e contra si. Muito menos a fronteira com a direita e a
extrema-direita.” A resposta de Joacine demora apenas quatro minutos. “Começou
por dizer que não elegeríamos porque a minha escolha era um tiro no pé. Falhou.
Conseguimos eleger e agora diz que não temos direcção e estamos numa deriva.
Faz artigos em que basicamente me responsabiliza pelo racismo e ódio de que
tenho sido alvo e não quer que pessoalize?”
Tudo aconteceu no
feriado de 1 de Novembro por volta da hora do almoço, horas depois de o
Expresso publicar o artigo que originou a polémica. Aí, Daniel Oliveira
escrevera sobre o incómodo que sente com a “biografização da representação
política, muito presente na actuação da nova deputada” do Livre. “Joacine tem
sido atacada de forma abjecta. Por ser negra e assumir que isso é relevante. E
a sua gaguez foi usada como motivo de escárnio. Mas é ela que escolhe a sua
própria narrativa política”, começava o colunista.
Ao decidir
escrever um texto sobre a sua gaguez e ao desdobrar-se em declarações sobre si
mesma, escolheu desviar as atenções da política
Daniel Oliveira
“Ao decidir
escrever um texto sobre a sua gaguez e ao desdobrar-se em declarações sobre si
mesma, escolheu desviar as atenções da política. Assim como tendo o seu
assessor todo o direito de se vestir como entende, quando resolveu partilhar
com a imprensa que até esteve para usar outra saia mais colorida, mostrou que
aquele foi um gesto comunicacional, não podendo depois refugiar-se na liberdade
individual para retirar aos outros o direito de o comentarem como tal. São
opções com recompensa mediática mas custos políticos”, continuava.
A seguir, Daniel
Oliveira tirava as conclusões que levaram Joacine a compará-lo com a
extrema-direita - e que tinham muito mais a ver com estratégia política do que
com gaguez: “A conversão súbita do Livre à agenda identitária — onde está o
partido de Rui Tavares? — apanhou-o impreparado. Os seus protagonistas correm
desembestados e sem direcção política por um campo de minas. Até cada exibição
gratuita de experiências pessoais se transformar em bandeiras vazias de
reivindicações políticas. Até o tempo que a gaguez precisa no regimento e a
indumentária de um assessor se transformarem no que sobra do que devia ser uma
luta emancipatória. Tudo demasiado pessoal.”
Recorde-se que na
sequência da sua intervenção em plenário, a deputada do Livre decidiu partilhar
o seu discurso no Twitter, uma uma introdução: "Para facilitar algumas
vidas, resumo da intervenção de hoje”. Ao Expresso, o seu assessor justificou
que o tweet foi uma “resposta ao ódio online”. “Para nós é completamente
indiferente que a Joacine seja gaga. Não nos preocupamos em criar uma
estratégia para agilizar ou capitalizar o discurso. Foi eleita pelos
portugueses e já gaguejava, não me parece que tenha havido problemas em passar
a mensagem”, disse Rafael Martins.
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