ALTERAÇÕES
CLIMÁTICAS
Parlamento
Europeu declara emergência climática
Europa quer
baixar a emissão de gases com efeito de estufa em 55% até 2030, quando o
compromisso actual era de uma redução de 40%
Patrícia Carvalho
Patrícia Carvalho
28 de Novembro de 2019, 13:07
O Parlamento
Europeu declarou, esta manhã, uma situação de emergência climática e ambiental,
rejeitando uma proposta do Partido Popular Europeu (PPE) para que se utilizasse
a expressão “urgência climática” em vez de emergência. Numa outra votação, o
parlamento aprovou também uma resolução sobre a Conferência da ONU sobre
Alterações Climáticas (COP25), que arranca na próxima segunda-feira, em Madrid,
em que está explícita a intenção europeia de redução de emissões de gases com
efeito de estufa (GEE) em 55% até 2030.
Havia dúvidas
sobre se o termo “emergência climática” da resolução comum do grupo Renovar a
Europa (RE), dos Socialistas & Democratas (S&D) e da Esquerda Unitária
Europeia/Esquerda Nórdica Verde (GUE/NGL) iria passar no Parlamento Europeu,
mas a votação da manhã desta quinta-feira acabou por não deixar margem para
dúvidas, ao terminar com 429 votos a favor, 225 contra e 19 abstenções. Mais
vincada foi ainda a diferença na resolução sobre a COP25, na qual a União
Europeia diz estar “pronta para aumentar o seu contributo para o Acordo de
Paris”, e que recebeu 430 votos a favor, 190 contra e 34 abstenções.
Numa primeira
reacção, o presidente dos S&D, Iratxe Garcia Perez, afirmou: “Lutar contra
as alterações climáticas já não é uma opção, mas uma obrigação. Não há tempo a
perder, porque o nosso planeta está em risco. Os cientistas estão a dizer-nos
que há uma emergência, porque as alterações no clima já estão a ter um impacto
negativo, não só na biodiversidade, mas tornando-se já uma ameaça para a
humanidade”. E deixou um conselho: “Espero que os líderes mundiais que se vão
reunir na COP25 em Madrid na próxima semana ouçam o apelo de hoje do Parlamento
Europeu.”
Também o grupo
dos Verdes/Aliança Livre Europeia (Verts/ALE) se congratulou com a declaração
de emergência climática assumida pelo PE, mas lamentou o facto de a resolução
conjunta – ao contrário do documento que o grupo tinha proposto – “não incluir
compromissos precisos ou tangíveis”. Por isso, Karima Deli e Damien Carême, num
comunicado de imprensa conjunto, deixam um apelo à União Europeia “para tomar
medidas concretas em consequência deste estado de emergência e defender uma
posição ambiciosa na COP25”.
O mais recente Emissions
Gap Report 2019, do Programa Ambiental das Nações Unidas (UNEP, na sigla
inglesa) avisava que se o mundo quisesse manter o aquecimento global abaixo de
1,5 graus Celsius teria de fazer com que as emissões de GEE atingissem o pico
máximo no imediato e começassem a cair 7,6% ao ano entre 2020 e 2030. Contudo,
afirma-se no mesmo documento, divulgado esta terça-feira, não há sinais de tal
estar a acontecer.
Com as emissões
de CO2 a atingirem valores máximos em 2018, as previsões da UNEP em relação à necessidade
de os países desenvolverem planos nacionais mais ambiciosos no combate às
alterações climáticas mantêm os mesmos níveis do relatório do ano passado:
estes planos devem reflectir o triplo ou o quíntuplo da ambição actual, para
manter a temperatura, respectivamente, abaixo dos dois graus ou abaixo de 1,5
graus Celsius. A manter-se a trajectória actual, a temperatura, em vez de
diminuir, poderá subir até 3,2 graus, com consequências catastróficas para o
planeta.
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