Ouça as
declarações do ‘assessor’ Rafael Esteves Martins nestes ‘links’’ …
“Ouvido pela
Rádio Observador esta quarta-feira, pelas 10h, Rafael Esteves Martins explicou
que “a sra. deputada estava a participar num documentário da Al Jazeera”
filmado no Salão Nobre. Tendo em conta que, durante a tarde, houve um outro
jornalista que “nos entrou pelo gabinete adentro”, o assessor Rafael Esteves
Martins diz: “achei por bem solicitar ao guarda que estava em funções para
acompanhar a sra. deputada até ao seu gabinete“.
Enquanto Joacine
participava no documentário da Al Jazeera, equipas de jornalistas da RTP e da
SIC esperavam a deputada junto ao salão nobre. Terá sido nessa altura que o
assessor do Livre, Rafael Esteves Martins, pediu a um militar GNR que estava na
zona para escoltar a deputada enquanto passasse pelos jornalistas no corredor.
À Rádio Observador, Rafael Esteves Martins explicou que quis evitar algo que,
na descrição que faz, os jornalistas fazem frequentemente que é “cercar” os
deputados, na busca de declarações.
Não conseguimos
trabalhar se nos continuarem a pedir informações que não são necessariamente de
interesse público”, diz Rafael Esteves Martins.
Os jornalistas,
contactados pelo Observador, negam ter tentado entrar em qualquer gabinete ou
sequer batido à porta, como Rafael Esteves Martins disse no Twitter. O assessor
do Livre explicou à rádio Observador que, afinal, se estava referir a um outro
jornalista — e não a nenhum dos que estavam presentes no momento em que foi
pedida a segurança — e a um outro momento do dia.
Os jornalistas
limitaram-se a ficar à espera pelo momento em que a deputada saiu da
entrevista. E terão sido informados pela segurança que tinha sido solicitado o
acompanhamento da deputada pelos corredores. Apesar das recusas do assessor e
do pedido de segurança, os jornalistas continuaram à espera. Quando a deputada
saiu da entrevista, como muitas vezes acontece nos corredores, o jornalista da
SIC tentou fazer perguntas à deputada durante alguns metros, como se vê nas
imagens, mas sem sucesso.”
OPINIÃO
Joacine perdeu a
graça
Chamar um militar
da GNR para evitar “o cerco” dos jornalistas nos corredores da Assembleia da
República, como diz o assessor de Joacine, que, quando fala, fala em nome da
deputada, é só um dos maiores disparates a que já se assistiu no Parlamento na
história da democracia.
Luciano Alvarez
27 de Novembro de
2019, 12:37
As polémicas em
torno de Joacine Katar Moreira estavam até agora no campo da política. Desde
segunda-feira passaram para o plano da parvoíce e do ridículo. Só alguém
desprovido do mais elementar bom senso se lembraria de pedir a protecção de um
militar da GNR para se deslocar nos passos perdidos da Assembleia da República
para não ser incomodado pelos jornalistas.
Há uns anos, na
presidência do Conselho de Ministros, antes de um ministro entrar para prestar
declarações, um assessor avisou os jornalistas que não havia perguntas. Um
jornalista levantou-se e disse: “Perguntas há que, pelo menos eu, tenho algumas
para fazer. Pode é não haver respostas.”
Joacine Katar
Moreira pode não querer responder aos jornalistas. Está no seu direito. Não pode
é pretender, enquanto deputada, que não lhe façam perguntas, especialmente
quando tem muitas explicações para dar, em primeiro lugar àqueles que a
elegeram para a Assembleia da República.
Chamar um militar
da GNR para evitar “o cerco” dos jornalistas nos corredores da Assembleia da
República, como diz o assessor de Joacine, que, quando fala, fala em nome da
deputada, é só um dos maiores disparates a que já se assistiu no Parlamento na
história da democracia. E não têm sido poucos os que por lá têm sido cometidos
ao longo dos anos.
“Larguem o osso”, diz o dito assessor, e como
tal Joacine, comparando os jornalistas cães, entra já no nível da ordinarice.
Mas pior ainda é dizer que os jornalistas e quem lhes paga estão a soldo de
alguém para atacar a deputada e que, além disso, são loucos. A isto chama-se
não saber viver em democracia.
Rui Tavares,
fundador do Livre, dizia na segunda-feira, a propósito de Joacine se ter
abstido no voto de condenação a Israel, que não era caso “para se rir, pelo
contrário”. Joacine perdeu a graça.
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