Concorrente
espanhola da Uber expande-se para Lisboa
JOÃO PEDRO PEREIRA
04/05/2016 - PÚBLICO
Cabify
também quer os táxis a usar a plataforma.
Com os taxistas
ainda de baterias apontadas à Uber, a Cabify, uma empresa espanhola
que permite chamar um carro com motorista, decidiu expandir as
operações para Lisboa, embora esteja a abrir a plataforma aos
próprios táxis.
Tal como a Uber, a
Cabify permite contratar um carro e o respectivo condutor e também
disponibiliza automóveis de gamas diferentes. Mas o preço da viagem
é calculado de outra forma: a aplicação espanhola determina o
custo final com base nos pontos de partida e de chegada e sem ter em
conta o trajecto percorrido ou o tempo da viagem. Já a Uber usa uma
tarifa de base, a que são somados valores em função da distância
e da duração. No final do percurso, os motoristas são avaliados,
também com uma classificação que pode ir até cinco estrelas.
O anúncio da
expansão para Portugal, onde já está uma equipa a trabalhar, foi
feito há pouco menos de uma semana, no Facebook. Contactada pelo
PÚBLICO, a empresa afirmou apenas que está a apontar o lançamento
para 11 de Maio e escusou-se a dar mais informações.
A Cabify está neste
momento à procura de motoristas e de empresas que queiram trabalhar
com a plataforma. De acordo com um formulário online de
candidaturas, a startup espanhola está aberta a empresas de
rent-a-car, a agências de viagens e também a empresas de táxis. Em
Portugal, a Uber trabalha com empresas de aluguer de carros e com
outras que já antes faziam transporte de turistas. O director da
empresa em Portugal, Rui Bento, afirmou recentemente à agência Lusa
haver abertura para que também táxis usem a plataforma. Alguns
taxistas estão já a usar aplicações móveis que funcionam de
forma semelhante à da Uber para chamar um carro, embora o pagamento
continue a ser feito da forma tradicional.
Por ora, a reacção
do sector dos táxis à Uber tem sido de antagonismo. Ainda na semana
passada, os taxistas organizaram protestos em Lisboa, Porto e Faro
contra a aplicação. Já foram registados pelo menos 71 casos de
agressões a condutores que trabalham com a plataforma e, até ao mês
passado, a polícia tinha identificado cerca de 200 condutores a
trabalhar com a Uber, por eventual transporte ilegal de passageiros.
Em Espanha, a Cabify
estreou-se no final de 2011 e é muito mais pequena do que a rival,
que foi lançada há sete anos e é hoje uma plataforma global.
Depois do arranque, a Cabify expandiu-se em 2012 para o México, Peru
e Chile e, em 2015, para a Colômbia – todos países de língua
espanhola. Já este ano, anunciou que começaria a prestar o serviço
no Brasil, onde a aplicação deverá estar a funcionar este mês. Em
algumas cidades onde já opera, a empresa oferece transportes de
grupo, a possibilidade de transporte aéreo e, no México, tem
carrinhas específicas para pessoas com mobilidade reduzida.
A empresa, com sede
em Madrid, angariou desde a fundação 143 milhões de dólares de
investimento, segundo informação na base de dados Crunch Base. A
grande maioria deste montante foi obtida no mês passado, quando
conseguiu 120 milhões de dólares da Rakuten, uma empresa japonesa
de comércio online, que já tinha participado na ronda de
investimento anterior.
À semelhança do
que aconteceu noutros países, a entrada da Uber em Portugal lançou
uma polémica sobre a regulação do sector. Os representantes dos
taxistas têm argumentado que os serviços são ilegais, uma visão
que encontrou eco numa providência cautelar do Tribunal da Comarca
de Lisboa, decidida em meados do ano passado, e que determinou a
suspensão das actividades no mercado português. No entanto, a
providência visava a Uber americana (a Uber portuguesa é
subsidiária da Uber holandesa) e acabou por não ter efeito prático.
Já do lado da empresa, o argumento tem sido o de que não se trata
de uma empresa de transporte, mas apenas de uma aplicação de
reserva de carros.
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