Insolvência da Dielmar é "mais uma machadada para o
Interior"
MadreMedia / Lusa
2 ago 2021 15:30
O presidente da Junta de Freguesia de Alcains, no
concelho de Castelo Branco, disse hoje que a insolvência da empresa têxtil
Dielmar é mais “uma machada para o Interior”, alertando que “há famílias inteiras
cujo sustento é esta fábrica”.
Insolvência da
Dielmar é
“É mais
desertificação do Interior, é mais uma machadada para o Interior”, afirmou à
agência Lusa Mário Rosa.
A empresa
Dielmar, com sede em Alcains e cerca de 300 trabalhadores, pediu a insolvência
ao fim de 56 anos de atividade, uma decisão que a administração atribui aos
efeitos da pandemia de covid-19.
Mário Rosa
expressou “desânimo e preocupação”, referindo que “a Dielmar é uma marca de
Alcains que emprega várias centenas de pessoas e há famílias inteiras cujo
sustento é esta fábrica”.
“Trabalha o casal
e, às vezes, o filho”, declarou, considerando tratar-se de uma situação muito
complicada.
Notando que a
Dielmar é “a maior empregadora da freguesia e uma das maiores do concelho e do
distrito” de Castelo Branco, o autarca admitiu que desde que começou a pandemia
a empresa, também exportadora, foi “muito afetada com a redução de encomendas”.
Alcains, com 36,7
quilómetros de área, é uma das 19 freguesias do concelho de Castelo Branco.
De acordo com os
resultados preliminares dos Censos 2021, Alcains tem agora 4.611 habitantes,
menos 411 do que há uma década.
Mário Rosa, a
terminar o primeiro mandato à frente da junta e recandidato a um segundo,
reconheceu que, a confirmar-se a insolvência da empresa, “não vai atrair mais
pessoas”.
“E,
provavelmente, pessoas que estão aqui, algumas famílias, poderão ter de ir para
outros locais à procura de emprego”, previu o autarca que, ainda assim, não
perdeu a esperança na reversão da insolvência.
Caso tal não
suceda, “poderá haver outro investimento, outros investimentos”, manifestou
Mário Rosa, assinalando que a Câmara de Castelo Branco “tem estado atenta ao
assunto e a envidar esforços para resolver a situação”.
O autarca
acrescentou que entre as atividades económicas da freguesia está a produção de
queijo de ovelha e cantaria, destacando-se, além da Dielmar, o matadouro
industrial e as Fábricas Lusitana, esta proprietária, entre outras, da marca de
farinha Branca de Neve.
Alcains comemora
em 12 de novembro os 50 anos da elevação a vila.
Em comunicado, a
administração da Dielmar diz que a empresa “após ter ultrapassado várias crises
durante 56 anos”, sucumbiu à pandemia da covid-19, “contaminada por um conjunto
de situações que foram letais”.
“Esta crise
atacou, globalmente, o que de melhor sustentava a sua atividade: o convívio
social, os eventos e casamentos, com a elegância, o ‘glamour’ da alfaiataria
por medida e a personalização em que nos especializamos, e o trabalho
profissional no escritório, que eram a base fundamental do negócio da Dielmar”,
sublinha a empresa.
No comunicado, a
empresa salienta que os últimos 16 meses foram “longos e duros” e que fez “um
esforço imenso e solitário” para conseguir sobreviver e manter os atuais cerca
de 300 postos de trabalho.
“Por isso, não
podemos deixar de dar uma palavra de gratidão os nossos trabalhadores, que
estiveram sempre ao lado da empresa e do nosso lado, a lutar diariamente
connosco pela sobrevivência da empresa, com um imenso empenho e dedicação”,
afirma o conselho de administração.
A empresa lamenta
a decisão, frisando que tem ainda “maior preocupação” pois sabe “o quanto a
desertificação” afeta a região (Castelo Branco), “que se vê a braços com uma
nova e forte redução populacional, conforme o demonstram os recentes censos”.
“Talvez a
insolvência da Dielmar seja o alerta e o farol para que possam repensar com
caráter de urgência o interior e apoiar as indústrias que ainda aqui existem e
que suportam, há décadas, a fixação das pessoas e a economia e equilíbrio
social da região. E que proporcionam, sobretudo, oportunidades de trabalho para
as mulheres”, sublinha o conselho de administração da empresa.

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