segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Movimento contesta alterações em prédio classificado.25/05/2011


Uso do vidro na ampliação foi aprovada pelo vereador do Urbanismo

Movimento contesta alterações em prédio classificado( por Marisa Soares in Publico )

O Fórum Cidadania Lisboa apresentou queixa na Provedoria de Justiça e na Inspecção-Geral da Administração Local por causa das alterações ao projecto de requalificação do edifício situado no número 25 da Avenida da República, em Lisboa. O movimento cívico pede que seja reposta a estética original da fachada, por se tratar de um edifício classificado.

Em causa estão, por um lado, as ampliações, laterais e em altura, feitas em vidro e não em tijolo e cantaria como previsto no projecto aprovado em 2005 e na licença de construção aprovada em reunião de câmara, em Julho de 2008. O resultado é uma “aberração”, diz Paulo Ferrero, porta-voz do movimento, sublinhando que a alteração estética do edifício “contraria claramente” os pareceres iniciais do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar) e do Núcleo Residente da Estrutura Consultiva do Plano Director Municipal.

O projecto, a cargo da empresa Rui Ribeiro, previa a manutenção das fachadas e a respectiva ampliação procurando manter a linguagem arquitectónica. A técnica utilizada seria o pastiche, que consiste na colagem de diferentes estilos arquitectónicos. Este é, porém, um método “muito contestado” e “sem reconhecimento pelas cartas e convenções internacionais do património”, esclarece o gabinete do vereador do Urbanismo, Manuel Salgado.
Por isso, a proposta de alteração feita pelo promotor, com a colocação de vidro nos espaços ampliados, foi “muito bem recebida” pelo vereador, que aprovou o projecto num despacho de 13 de Abril deste ano. Segundo a autarquia, “o edifício mantém a sua proporção original nas fachadas, em contraponto com uma clara desproporção que resultava da ampliação feita através de pastiche”.

O Fórum Cidadania Lisboa critica ainda o facto de as alterações terem sido aprovadas durante a execução da obra directamente por Manuel Salgado. Por se tratar de um edifício incluído no Inventário Municipal do Património, o movimento entende que a discussão das alterações em reunião de câmara seria o “procedimento correcto”.

A câmara esclarece, por sua vez, que o vereador do Urbanismo tem, desde 12 de Novembro de 2009, competência para decidir sobre projectos em edifícios incluídos no Inventário Municipal do Património. Em 2008, quando foi aprovada a licença de construção, a competência para decidir sobre a execução deste tipo de projectos era da câmara municipal, pelo que a então vereadora Gabriela Seara teve de levar o assunto a reunião de câmara.
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Continua a confusão de valores e de conceitos à volta do conceito “pastiche” ... a primeira versão seria uma contextualização mais correcta no Projecto original do edifício ... a segunda, “foi muito bem recebida” ... o que implica uma escolha subjectiva “à priori” pelo Arquitecto Manuel Salgado ( segundo os seus conceitos pessoais ) e imposta ao promotor, que provávelmente, assim, foi“educado” e “encaminhado”no bom caminho ... o Vereador utilizou, omnipotente, a sua pregorrativa para criar mais um projecto “Cyborg” na moribunda e híbrida Avenida.
Confirma-se assim, a ausência de uma cultura de Conservação e Restauro em Portugal ... e isto tem a ver com o facto de o Ensino estar controlado e dominado exclusivamente por Arquitectos Criadores, que “interpretam” o Património e o “recriam” ... à sua vontade, utilizando, neste caso, os “poderes” ... nele ... Vereador ... depositados pelo voto, mas contra a vontade popular .
António Sérgio Rosa de Carvalho

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