O clima vai mudar e muito. Bem-vindo ao Portugal tropical
Abrir a torneira e não cair um pingo de água, sair de casa
de galochas e guarda-chuva num verão muito quente, invernos com mais dias de
frio intenso, ondas de calor acentuadas, secas prolongadas, menos precipitação.
Poderá ser assim o clima em Portugal daqui a meio século
Joana Capucho
30 Dezembro 2018 — 13:17
Se as previsões do Nobel da Paz Rajendra Pachauri estiverem
certas, Portugal pode mudar drasticamente dentro de meio século. Para o
ex-presidente do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas, as
mudanças no clima vão tornar o país mais desértico, afetar as praias, a agricultura,
a pesca, o vinho e até a saúde dos seres humanos. Uma visão preocupante, mas
que poderá não andar muito longe da realidade de 2064. Se é difícil fazer
previsões meteorológicas com alguns dias de antecedência, mais complicado é
adivinhar o que se passará daqui a mais de quatro décadas. Mas existem algumas
hipóteses.
Alfredo Rocha, climatologista e diretor da licenciatura em
Meteorologia, Oceanografia e Geofísica na Universidade de Aveiro (UA), traça um
cenário pessimista: «Vamos ter um clima claramente mais quente, sobretudo no
interior do país, onde podemos ter um aumento de três a quatro graus em relação
à temperatura média atual, mais evidente no centro e norte. Já no litoral, o
aumento andará na ordem de 1,5 a dois graus.» Para o docente, o cenário do
Acordo de Paris é «dos mais conservadores» e impossível de cumprir. Este prevê
que o aumento seja inferior a dois graus relativamente à era pré-industrial -
mas já aumentou cerca de 1º C deste então.
O geofísico Filipe Duarte Santos, especialista em alterações
climáticas e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, tem
uma visão mais otimista: «Em 2064, a temperatura média global vai certamente
estar mais alta. A manter-se a tendência atual - aumento de 0,2º por década -
teremos uma subida de mais ou menos um grau. Ressalva, no entanto, que há
sempre incerteza associada ao que será o comportamento humano. «Se continuarmos
a consumir combustíveis fósseis a este ritmo e com o aumento da população
mundial, a temperatura continuará a subir de forma significativa.» (…)
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Dezembro quente e com pouca chuva leva metade do país a
situação de seca fraca
Temperaturas máximas foram as terceiras mais altas dos
últimos 87 anos. Precipitação ficou-se pelos 37% dos valores normais.
PÚBLICO 5 de Janeiro de 2019, 20:20
O mês de Dezembro foi quente e com pouca chuva, com a
temperatura máxima a alcançar o terceiro valor mais alto em 87 anos. Mais de
metade do território do país entrou numa situação de seca fraca, indicou o
Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
A média da temperatura máxima foi de 15,21 graus, superior
ao normal em 1,33 graus – e o terceiro valor mais alto desde 1931. Só se
registaram números superiores em 2015 e 2016.
Já a temperatura média foi de 10,58 graus, significando que
foi superior ao normal em 0,61 graus e o terceiro valor mais alto desde 2000.
A temperatura mínima, com uma média de 5,96 graus, foi
próxima do valor normal.
Além de Dezembro ter sido classificado como quente, foi
também um mês “muito seco em relação à precipitação”, uma vez que chuva
correspondeu a cerca de 37% do valor normal, refere o IPMA. A situação levou a
que, no final do mês, se verificasse "o surgimento da classe de seca
meteorológica fraca", sobretudo a sul do Tejo.
Mais de metade do território do país – 53,3% – está numa
situação de seca fraca, 13,7% na classe de seca normal e 33% na classe de chuva
fraca.
O IPMA indica ainda que nos últimos oito anos o valor de
precipitação mensal em Dezembro foi sempre inferior ao normal.
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