Afinal em que ficamos ? Lendo o artigo de MARGARIDA GOMES 3
de Julho de 2009 no Público ( em baixo no comentário ) conclui-se: “PIANISTA ZANGADA COM AUTORIDADES
GOVERNAMENTAIS /Maria João Pires renuncia à nacionalidade portuguesa”… (!?)
A Nacionalidade Portuguesa como “arma de arremesso e de
chantagem institucional” não constitui, nem nunca constituirá “música afinada” …
Existem certos temas que estão ligados a um “oblige” e, certamente, por parte
de figuras públicas …
OVOODOCORVO
Maria João Pires: "Nunca reneguei a nacionalidade
portuguesa"
De regresso a Belgais e com o projeto do centro de artes
reativado, a pianista deu uma entrevista ao Jornal do Fundão em que regressou a
2009, quando o centro fechou, e refletiu sobre o momento atual da sua carreira.
DN
11 Janeiro 2019 — 15:34
Maria João Pires atua no renovado centro que criou em
Belgais
"Voltei porque tinha muitas saudades da casa.
Principalmente por isso. E depois tinha uma grande vontade de fazer os meus
próprios projetos e não só as coisas que vinham das ideias dos outros",
diz Maria João Pires naquela que é a sua primeira entrevista desde que
regressou a Belgais, em Castelo Branco, ao centro de artes que criou em 1999 e
que terminou em 2009 em dificuldades económicas e entre um processo polémico
que envolveu um arresto de bens.
Agora, quase uma década depois, o então Centro Belgais para
o Estudo das Artes foi reativado como Centro de Artes de Belgais e ali existem
já retiros musicais, cursos internacionais, alojamento e até produção de
azeite. Atualmente a dar um ciclo de recitais que começaram em dezembro e se
estendem até maio, no próprio Centro de Artes de Belgais, Maria João Pires, que
em 2017 anunciou que deixaria de fazer digressões, é clara em relação ao que a
fez regressar. "Regresso a Belgais para recriar o projeto artístico, para
que seja um espaço de partilha com as pessoas, de criação, sem que isso tenha
uma conotação comercial."
Ao Jornal do Fundão, a pianista explica que o fim daquele
projeto artístico e educativo, que envolveu queixas por falta de apoio do
Governo e um processo judicial com quatro ex-funcionários, a deixou
"exausta". "Fiquei magoada com a injustiça das afirmações que
fizeram, com acusações extremamente injustas que não correspondiam à
verdade", afirmou, dizendo também nunca se ter queixado "da falta de
apoio do Governo". "Queixei-me de falta de interesse, não de apoio
que existiu em termos financeiros. Falo do interesse geral, com exceção da
região que sempre me apoiou no projeto."
Quando a jornalista lhe diz que "chegou a exprimir
vontade em renegar à nacionalidade portuguesa", Maria João Pires responde:
"Nunca o fiz e nem nunca tive nacionalidade brasileira, como se disse
quando vivi no Brasil. Há 40 anos que tenho dupla nacionalidade suíça e
portuguesa."
A pianista, nascida em Lisboa a 23 de julho de 1944, explica
que nesta sua nova vida Belgais está a tentar sobreviver "sem ajudas
nenhumas" e que entre os planos para o futuro está a vontade de
"repor o estúdio de gravação e começar a fazer discos aqui".
"Gostava de gravar ainda alguns discos de obras que ainda não gravei. E
gostava de fazer coisas em conjunto e em parceria com a comunidade. Todos nós
temos talentos. Acho é que uns têm mais oportunidades que outros",
acrescenta.
Maria João Pires diz que está "definitivamente a
viver" em Belgais e conta que vai ao piano todos os dias, "pelo menos
meia hora"."Acredito que a minha missão não é só encher salas de
concertos. Eu já fiz isso. É sim transmitir a minha experiência de vida e
partilhar tudo isso com as pessoas mais novas."
Cultura-Ípsilon
PIANISTA ZANGADA COM AUTORIDADES GOVERNAMENTAIS
Maria João Pires renuncia à nacionalidade portuguesa
Margarida Gomes
MARGARIDA GOMES 3 de Julho de 2009, 9:13
A pianista Maria João Pires vai renunciar à nacionalidade
portuguesa, tornando-se aos 65 anos cidadã brasileira. A notícia é avançada
pela Antena 2 da RDP, que adianta que a pianista se fartou “dos coices e
pontapés que tem recebido do Governo português".
Decepcionada com o modo como tem sido tratada a nível
governamental, sobretudo no seu projecto de ensino artístico de Belgais
(Castelo Branco), Maria João Pires, que tinha dupla nacionalidade, decidiu
agora ficar apenas com a brasileira.
Em Junho de 2006, Maria João Pires abandonou o Projecto
Educativo de Belgais, que desenvolveu no concelho de Castelo Branco, e decidiu
ir viver para o Brasil, onde pediu autorização de residência. A pianista está a
viver em Salvador, no Estado da Bahia, e vai dedicar-se à hotelaria.
A decisão de renunciar à cidadania portuguesa foi revelada
ontem pessoalmente pela pianista ao jornalista da Antena 2 Paulo Alves Guerra,
numa conversa que os dois tiveram num centro comercial de Lisboa.
“Encontrei-a casualmente no Centro Comercial das Amoreiras.
Maria João Pires andava às compras e ao ver-me acenou-me. Fui ter com ela e no
desenrolar da conversa disse-me que ia renunciar à cidadania portuguesa”,
relatou ao PÚBLICO o jornalista.
Paulo Alves Guerra advertiu-a de que estava a falar com um
jornalista, ao que ela respondeu que podia utilizar a informação como quisesse.
Só não permitiu que as suas declarações fossem gravadas.
Maria João Pires não pretenderá fazer mais declarações em
Portugal. Daqui para a frente a sua vida vai passar a ser feita entre Portugal,
Suíça e Brasil.
A pianista tem recebido telefonemas de vários organismos
governamentais de Espanha e do Brasil a convidarem-na para se instalar
definitivamente nesses países, mas o convite feito pelas autoridades
brasileiras terá sido muito sedutor, levando a pianista a optar por se mudar de
armas e bagagens para o outro lado do Atlântico.
Nascida a 23 de Julho de 1944, Maria João Pires aprendeu
muito cedo a tocar piano: aos cinco anos deu o seu primeiro recital e aos sete
anos tocou publicamente concertos de Mozart.
Com nove anos recebeu o prémio da Juventude Musical.
Torna-se reconhecida internacionalmente ao vencer o concurso internacional do
bicentenário de Beethoven, em 1970, realizado em Bruxelas.
Maria João Pires renunciou à cidadania portuguesa mas não
aos concertos em Portugal, estando igualmente a preparar um novo disco.
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