Ucrânia não quer Mário Machado a combater na legião
internacional por ter cadastro: "Não queremos indivíduos deste género no
nosso país"
Adido militar da embaixada da Ucrânia em França diz ao DN
que cadastrados, como Mário Machado, não podem pertencer à legião de
estrangeiros que combatem ao lado das forças ucranianas.
Beatriz Ferreira
Texto
23 mar 2022,
08:44 84
▲Mário Machado foi condenado, em 1997, a quatro anos
e três meses de prisão pelo envolvimento no assassinato de Alcindo Monteiro, em Lisboa
ANTÓNIO PEDRO
SANTOS/LUSA
Mário Machado,
membro de organizações de extrema-direita e de grupos neonazis, condenado por
crimes de ódio racial, não poderá ser aceite na Legião Internacional de Defesa
Territorial das Forças Armadas da Ucrânia, o grupo de estrangeiros que combate
ao lado das forças ucranianas.
Ao Diário de
Notícias, o coronel Sergii Malyk, adido militar da embaixada da Ucrânia em
França, diz que “a ausência de condenação por crimes, comprovada através do
registo criminal, é um dos critérios chave para a aceitação de candidatos” na
legião, pelo que Mário Machado “não pode ser aceite”.
Sergii Malyk, que
foi contactado pelo jornal e é quem, segundo a embaixada em Portugal, as
perguntas devem ser endereçadas, diz que o nome de Machado vai ser transmitido
“a todos os serviços” e pede que lhe sejam notificados outros nomes na mesma
situação. “Se sabem de pessoas deste tipo que queiram ir para a Ucrânia digam.
Não queremos indivíduos deste género no nosso país”, pediu.
“Queremos impedir
a infiltração de elementos criminosos e não confiáveis na Ucrânia e nas suas
Forças Armadas”, acrescentou. O diplomata defende ainda que “cabe a Portugal
tomar medidas” sendo uma “questão antes de mais portuguesa, porque se trata de
um português”. Os responsáveis contactados
pelo DN não esclareceram, porém, de que forma a Ucrânia está a fazer o controlo
do cadastro dos combatentes na legião internacional.
Segundo já tinha
escrito o Expresso, no início da semana, Mário Machado e a comitiva de 20
pessoas que lidera já saíram de Lisboa, no domingo, com destino à Ucrânia,
depois de o Tribunal de Instrução Criminal ter dispensado Machado de se
deslocar quinzenalmente à esquadra da polícia para combater na Ucrânia (o
Ministério Público já disse que vai recorrer). Parte do grupo vai integrar uma
milícia de extrema-direita, em Lviv.
Mário Machado foi
condenado, em 1997, a quatro anos e três meses de prisão pelo envolvimento no
assassinato do português de ascendência caboverdiana Alcindo Monteiro, em
Lisboa. Foi também, mais tarde, condenado em processos ligados a crimes de
discriminação racial, ofensa à integridade física qualificada, difamação,
ameaça e coação a uma procuradora da República e posse de arma de fogo.

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