segunda-feira, 28 de março de 2022

Manuel Alegre rejeita ter feito pressões sobre Lei da Nacionalidade dos descendentes dos sefarditas

 



NACIONALIDADE

Manuel Alegre rejeita ter feito pressões sobre Lei da Nacionalidade dos descendentes dos sefarditas

 

Histórico socialista responde a acusação de Constança Urbano de Sousa e defende que “o espírito da lei está certo”.

 

Sofia Rodrigues

28 de Março de 2022, 11:59

https://www.publico.pt/2022/03/28/politica/noticia/manuel-alegre-rejeita-pressoes-lei-nacionalidade-descendentes-sefarditas-2000419

 

Manuel Alegre defende que a lei da nacionalidade dos descendentes de sefarditas teve o apoio de Soares e Sampaio DANIEL ROCHA

O histórico socialista Manuel Alegre rejeita ter feito pressões para que a lei da nacionalidade dos descendentes dos judeus sefarditas não fosse alterada. A acusação foi lançada pela deputada do PS Constança Urbano de Sousa em entrevista ao PÚBLICO.

 

“Não fiz pressão nenhuma. Tanto eu como os meus colegas [Maria de Belém, Vera Jardim e Alberto Martins] exprimimos uma opinião em artigo assinado pelos quatro. Isso não é uma pressão”, afirma Manuel Alegre, defendendo que se trata de uma “lei de reparação histórica apoiada pelos Presidentes da República Mário Soares e Jorge Sampaio”.

 

Em 2020, enquanto deputada e vice-presidente da bancada do PS, Constança Urbano de Sousa tentou alterar a lei da nacionalidade dos descendentes de judeus sefarditas, mas assume que teve de desistir face à “onda de contestação”, acusando “alguns dos chamados senadores do PS — Maria de Belém [autora da Lei da Nacionalidade de 2013], Vera Jardim, Manuel Alegre e Alberto Martins” — de terem movido “mundos e fundos para evitar qualquer alteração” à lei.

 

Em declarações ao PÚBLICO, Manuel Alegre responde directamente: “Não movemos mundos e fundos, apenas expusemos a nossa opinião publicamente”. O antigo deputado faz a distinção entre a lei e as suspeitas de irregularidades na atribuição da nacionalidade a descendentes de judeus sefarditas na Comunidade Judaica do Porto.

 

“O facto de ter havido abusos e uma má aplicação no Norte não invalida a lei”, afirma, defendendo que a recente regulamentação decretada pelo Governo “muda a natureza da lei” e que isso “só poderia ser feito pela Assembleia da República” por ter uma natureza orgânica.

 

Manuel Alegre sublinha que “o espírito da lei está certo” e que visa “reparar uma tremenda injustiça da expulsão de judeus e os crimes que sobre eles foram cometidos em Portugal”. No caso de se fazer outra lei, “está a desvirtuar-se a posição inicial de dois Presidentes da República”, remata.

 

Depois de buscas e da detenção do rabino Daniel Litvak (responsável último pela atribuição da nacionalidade portuguesa ao oligarca russo Roman Abramovich), a Comunidade Judaica do Porto decidiu terminar a sua actividade de certificação de descendentes de judeus sefarditas para processos de obtenção da nacionalidade portuguesa. Um segundo arguido na investigação judicial é Francisco de Almeida Garrett, advogado e membro da direcção da Comunidade Israelita do Porto, e sobrinho da ex-ministra Maria de Belém Roseira, autora da proposta inicial da lei em 2013.

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