HABITAÇÃO
Novos contratos de arrendamento aumentaram 20% em Lisboa
e Porto
O valor mediano das rendas atingiu um novo recorde em
2021, ano em que se celebrou o maior número de novos contratos de arrendamento
de sempre.
Rafaela Burd
Relvas
30 de Março de
2022, 6:00
Os efeitos da
pandemia sobre o mercado de arrendamento habitacional foram pouco duradouros.
Depois de um primeiro ano em que a chegada do vírus impôs o teletrabalho a
grande parte dos sectores de actividade, contribuindo para uma maior procura
por zonas no interior do país, as grandes cidades voltaram a atrair a larga
maioria dos inquilinos. Só as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto
concentraram mais de metade dos novos contratos de arrendamento celebrados em
todo o país, fenómeno já verificado há vários anos, mas que, em 2021, foi
reforçado.
Os dados foram
divulgados na terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que
revela que, no final do segundo semestre de 2021, considerando o conjunto dos
12 meses anteriores, o valor mediano das rendas em Portugal fixou-se em 6,04
euros por metro quadrado, o que representa um aumento de 7,6% face a igual
período do ano passado.
A evolução dos
preços acompanhou o crescimento acelerado da procura. No final de 2021, tinham
sido celebrados 87.349 novos contratos de arrendamento, um aumento de 9,3% face
ao ano anterior e o número mais elevado desde que o INE iniciou esta série
estatística, em 2017. Já em 2020, e apesar do impacto mais significativo da
pandemia sobre a economia que então se fez sentir, a procura tinha aumentado de
forma expressiva. Nesse ano, recorde-se, o número de novos contratos de arrendamento
já tinha aumentado em 9,7% face a 2019.
A diferença,
agora, está nas regiões onde a procura mais aumenta, que deixaram de se
encontrar maioritariamente no interior do país, como aconteceu em 2020, e
voltaram às grandes cidades. Entre os 23 municípios com mais de 100 mil
habitantes, o número de novos contratos de arrendamento só caiu, no ano
passado, em Santa Maria da Feira. Em todos os outros, registou-se um aumento,
que, na maioria dos casos, foi mesmo a dois dígitos, superando o ritmo de
crescimento a nível nacional.
O movimento foi
notório, sobretudo, em Lisboa e no Porto. Só na capital, foram celebrados 9548
contratos de arrendamento em 2021, mais perto de 20% do que no ano anterior e o
número mais elevado registado em todo o país. Já no Porto, celebraram-se 4536 contratos
de arrendamento habitacional, uma subida de quase 23% em relação a 2020.
A tendência foi
semelhante nos concelhos das periferias de Lisboa e do Porto, o que levou as
áreas metropolitanas destas duas cidades a reforçar o peso no mapa nacional do
arrendamento. Juntas, estas duas regiões responderam por 45.652 novos
contratos, o equivalente a mais de 52% do total. Em 2020, as áreas
metropolitanas de Lisboa e do Porto representavam cerca de 50% do total de
novos contratos de arrendamento.
Rendas só caíram
em 24 municípios
A acompanhar o
aumento da procura, os preços praticados nos novos contratos de arrendamento
cresceram em quase todo o país.
No final do ano
passado, o valor mediano das rendas só tinha caído, face a 2020, em 24
municípios, ao mesmo tempo que estagnou ou aumentou menos de 1% noutros 14. As
maiores quedas, acima dos 10%, verificaram-se em São Brás de Alportel, Óbidos,
Tábua e Portalegre.
Importa notar,
contudo, que o INE só recolheu dados para 194 dos 309 municípios portugueses,
uma vez que só são considerados os concelhos onde foi realizado um número
mínimo de 33 transacções. Ainda assim, a tendência generalizada de aumento dos
preços é evidente, verificando-se 28 municípios onde se registou um crescimento
a dois dígitos das rendas. Os maiores aumentos, superiores a 30%, registaram-se
em Sines e na Calheta.
O município de
Lisboa manteve-se como o mais caro do país para arrendar casa, ainda que,
contrariando a tendência nacional, as rendas tenham caído na capital. No final
do ano passado, o valor mediano das rendas atingia 11,24 euros por metro
quadrado em Lisboa, uma redução de 1,9% face a igual período de 2020. Os
valores caíram na maioria da cidade, registando-se um crescimento em apenas
oito das 24 freguesias de Lisboa.
Já no Porto, os
preços voltaram a aumentar, mas houve uma clara desaceleração do crescimento. O
valor mediano das rendas fixou-se, assim, em 8,85 euros por metro quadrado no
final do segundo semestre, uma subida anual de 1,7%. Aqui, os preços aumentaram
na maioria das freguesias, à excepção de Ramalde e da união das freguesias de
Lordelo do Ouro e Massarelos.
Preços aceleram
no final do ano
A motivar o
aumento acentuado das rendas esteve, sobretudo, o comportamento do mercado no
final do ano, depois de um abrandamento do crescimento durante os primeiros
meses do ano.
Considerando
apenas o quarto trimestre de 2021, indica o INE, a renda mediana dos 23.394
contratos de arrendamento celebrados em Portugal atingiu 6,25 euros por metro
quadrado, valor que representa um aumento de 8,3% face ao mesmo período de
2020.
Nesse período, a
renda mediana aumentou em 21 das 25 sub-regiões analisadas pelo INE, com
destaque para as regiões dos Açores e da Beira Baixa, onde os preços subiram
mais de 12% em ambos os casos, e ainda para o Alentejo Litoral, onde se
registou um aumento de 10%.
Em sentido
contrário, as rendas caíram no Baixo Alentejo, Alto Alentejo e Alto Tâmega,
mantendo-se inalteradas no Douro.
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