quarta-feira, 30 de março de 2022

Novos contratos de arrendamento aumentaram 20% em Lisboa e Porto

 



HABITAÇÃO

Novos contratos de arrendamento aumentaram 20% em Lisboa e Porto

 

O valor mediano das rendas atingiu um novo recorde em 2021, ano em que se celebrou o maior número de novos contratos de arrendamento de sempre.

 

Rafaela Burd Relvas

30 de Março de 2022, 6:00

https://www.publico.pt/2022/03/30/economia/noticia/novos-contratos-arrendamento-aumentaram-20-lisboa-porto-2000610

 

Os efeitos da pandemia sobre o mercado de arrendamento habitacional foram pouco duradouros. Depois de um primeiro ano em que a chegada do vírus impôs o teletrabalho a grande parte dos sectores de actividade, contribuindo para uma maior procura por zonas no interior do país, as grandes cidades voltaram a atrair a larga maioria dos inquilinos. Só as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto concentraram mais de metade dos novos contratos de arrendamento celebrados em todo o país, fenómeno já verificado há vários anos, mas que, em 2021, foi reforçado.

 

Os dados foram divulgados na terça-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), que revela que, no final do segundo semestre de 2021, considerando o conjunto dos 12 meses anteriores, o valor mediano das rendas em Portugal fixou-se em 6,04 euros por metro quadrado, o que representa um aumento de 7,6% face a igual período do ano passado.

 

A evolução dos preços acompanhou o crescimento acelerado da procura. No final de 2021, tinham sido celebrados 87.349 novos contratos de arrendamento, um aumento de 9,3% face ao ano anterior e o número mais elevado desde que o INE iniciou esta série estatística, em 2017. Já em 2020, e apesar do impacto mais significativo da pandemia sobre a economia que então se fez sentir, a procura tinha aumentado de forma expressiva. Nesse ano, recorde-se, o número de novos contratos de arrendamento já tinha aumentado em 9,7% face a 2019.

 

A diferença, agora, está nas regiões onde a procura mais aumenta, que deixaram de se encontrar maioritariamente no interior do país, como aconteceu em 2020, e voltaram às grandes cidades. Entre os 23 municípios com mais de 100 mil habitantes, o número de novos contratos de arrendamento só caiu, no ano passado, em Santa Maria da Feira. Em todos os outros, registou-se um aumento, que, na maioria dos casos, foi mesmo a dois dígitos, superando o ritmo de crescimento a nível nacional.

 

O movimento foi notório, sobretudo, em Lisboa e no Porto. Só na capital, foram celebrados 9548 contratos de arrendamento em 2021, mais perto de 20% do que no ano anterior e o número mais elevado registado em todo o país. Já no Porto, celebraram-se 4536 contratos de arrendamento habitacional, uma subida de quase 23% em relação a 2020.

 

A tendência foi semelhante nos concelhos das periferias de Lisboa e do Porto, o que levou as áreas metropolitanas destas duas cidades a reforçar o peso no mapa nacional do arrendamento. Juntas, estas duas regiões responderam por 45.652 novos contratos, o equivalente a mais de 52% do total. Em 2020, as áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto representavam cerca de 50% do total de novos contratos de arrendamento.

 

Rendas só caíram em 24 municípios

A acompanhar o aumento da procura, os preços praticados nos novos contratos de arrendamento cresceram em quase todo o país.

 

No final do ano passado, o valor mediano das rendas só tinha caído, face a 2020, em 24 municípios, ao mesmo tempo que estagnou ou aumentou menos de 1% noutros 14. As maiores quedas, acima dos 10%, verificaram-se em São Brás de Alportel, Óbidos, Tábua e Portalegre.

 

Importa notar, contudo, que o INE só recolheu dados para 194 dos 309 municípios portugueses, uma vez que só são considerados os concelhos onde foi realizado um número mínimo de 33 transacções. Ainda assim, a tendência generalizada de aumento dos preços é evidente, verificando-se 28 municípios onde se registou um crescimento a dois dígitos das rendas. Os maiores aumentos, superiores a 30%, registaram-se em Sines e na Calheta.

 

O município de Lisboa manteve-se como o mais caro do país para arrendar casa, ainda que, contrariando a tendência nacional, as rendas tenham caído na capital. No final do ano passado, o valor mediano das rendas atingia 11,24 euros por metro quadrado em Lisboa, uma redução de 1,9% face a igual período de 2020. Os valores caíram na maioria da cidade, registando-se um crescimento em apenas oito das 24 freguesias de Lisboa.

 

Já no Porto, os preços voltaram a aumentar, mas houve uma clara desaceleração do crescimento. O valor mediano das rendas fixou-se, assim, em 8,85 euros por metro quadrado no final do segundo semestre, uma subida anual de 1,7%. Aqui, os preços aumentaram na maioria das freguesias, à excepção de Ramalde e da união das freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos.

 

Preços aceleram no final do ano

A motivar o aumento acentuado das rendas esteve, sobretudo, o comportamento do mercado no final do ano, depois de um abrandamento do crescimento durante os primeiros meses do ano.

 

Considerando apenas o quarto trimestre de 2021, indica o INE, a renda mediana dos 23.394 contratos de arrendamento celebrados em Portugal atingiu 6,25 euros por metro quadrado, valor que representa um aumento de 8,3% face ao mesmo período de 2020.

 

Nesse período, a renda mediana aumentou em 21 das 25 sub-regiões analisadas pelo INE, com destaque para as regiões dos Açores e da Beira Baixa, onde os preços subiram mais de 12% em ambos os casos, e ainda para o Alentejo Litoral, onde se registou um aumento de 10%.

 

Em sentido contrário, as rendas caíram no Baixo Alentejo, Alto Alentejo e Alto Tâmega, mantendo-se inalteradas no Douro.

 

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