Presidenciais: PSD não se vai
deixar condicionar pelas estratégias tácticas de Marcelo e Santana
MARGARIDA GOMES
07/01/2015 - PÚBLICO
PSD está concentrado na governação para ganhar as legislativas e afasta, para
já, qualquer debate sobre a corrida a Belém em 2016.
Marcelo Rebelo de
Sousa e Pedro Santana Lopes trouxeram as eleições presidenciais do próximo ano
para a agenda política, mas a direcção do PSD “não se vai deixar condicionar
pelas estratégias e tácticas de cada um dos protocandidatos” à Presidência da
República.
“Neste momento
seria um erro o PSD deixar-se condicionar pelas estratégias e tácticas dos
protocandidatos que pretendem recrutar o apoio da sua família política”, disse
ao PÚBLICO uma fonte da direcção social-democrata, revelando o partido “nestes
primeiros três quatro meses vai estar focado na governação com vista a vencer
as legislativas e tudo que seja criar confusão é mau”.
“As presidenciais
não são uma preocupação para o partido, são apenas uma preocupação para os
apoiantes de Marcelo e de Santana que estão a tentar ocupar terreno” a um ano
das eleições para Belém, acrescentou a mesma fonte.
Neste medir de
forças à direita, Santana Lopes tem sido mais contundente e ainda anteontem à
noite, no seu espaço semanal de comentário na SIC Notícias – que divide com o socialista António
Vitorino -, defendeu que pode haver “vários candidatos à direita” e que estes
não devem ficar à espera de decisões das direcções partidárias.
O provedor da
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa disse que “deve de haver vários candidatos
à direita e à esquerda” e não é por haver uma eventual pulverização de
candidatos que a direita não ganha. O ex-líder social-democrata considera que
esta concepção das eleições presidenciais é “um bocadinho autocrática”. “Porque
eu admito ser candidato, não pode ir mais ninguém”, questiona, acrescentando:
“Isto não é assim, é contra a República, é contra o próprio conceito de
República, é contra a essência da liberdade. As presidenciais não são
legislativas, nem se pode esperar por decisões partidárias. Isso é ver na
função presidencial uma emanação das direcções dos partidos”.
Na SIC-Notícias,
Santana admitiu já ter falado com Marcelo sobre a quantidade de candidatos à
direita, que na sua opinião “podem ser cinco ou seis″.
O PÚBLICO tentou
confirmar esta quarta-feira junto do comentador político esta informação
avançada por Santana de que os dois já teriam conversado sobre a estratégia
para as presidenciais. Apanhado em pleno aeroporto de partir para Madrid, o
professor disse apenas que o assunto foi muito comentado nos últimos dias. “Já
falei tudo sobre as presidenciais, por isso não vou voltar a falar sobre esse
assunto de novo”.
Na terça-feira,
em Vila do Conde, Marcelo declarou ser “um bocadinho suicida” PSD e CDS
começarem já a falar de presidenciais
num momento em que a esquerda, calmamente – e a esquerda é o PS -, vai
fazendo o seu caminho para São Bento e António Guterres, calmante , vai fazendo
o seu caminho para Belém”. “O centro-direita, em matéria de legislativas, tem
de decidir o que tem fazer”, ou seja, “se vai em coligação ou não”, mais tarde,
em termos de presidenciais, “também tem de se definir”, defendeu.
O dossiê das
presidenciais ainda não foi discutido internamente no partido e Pedro Passos
Coelho está totalmente concentrado na acção do Governo. No entanto, nesta
quarta-feira, no PSD admitia-se que as legislativas e também as presidenciais
seriam assuntos incontornáveis no jantar que o presidente do partido e
primeiro-ministro tinha agendado para esta noite, com os presidentes das
distritais laranja.
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