sábado, 10 de janeiro de 2015

Ana Gomes diz que europeus entre terroristas "não acontece por acaso"


Ana Gomes diz que europeus entre terroristas "não acontece por acaso"
“Não podemos fazer o jogo dos terroristas, que querem que ponhamos em causa os nossos valores, as nossas liberdades e a nossa democracia”

Por Jornal i
publicado em 9 Jan 2015 in (jornal) i online

A eurodeputada socialista Ana Gomes considerou hoje que a presença de europeus entre os grupos terroristas “não acontece por acaso” e advertiu para o perigo de a Europa entrar numa “deriva securitária e xenófoba”.

Em declarações à agência Lusa, a eurodeputada alertou que os europeus não podem “embarcar numa deriva securitária e xenófoba contra os muçulmanos, que instigue mais ódio”, porque “eles também são vítimas”.

“Não podemos fazer o jogo dos terroristas, que querem que ponhamos em causa os nossos valores, as nossas liberdades e a nossa democracia”, afirmou a eurodeputada à Lusa a partir do Iraque, lamentando não poder participar na manifestação de domingo marcada para Paris.

A socialista recordou o trabalho que desenvolveu no Parlamento Europeu na área do terrorismo e defendeu que dever ser entendida a presença de europeus no exército do Estado Islâmico.

“Isso não acontece por acaso, tem muito a ver com o que se passa na Europa, com a falta, inclusivamente, de meios para programas de inteligência humana para os serviços de informação e de segurança, para programas de desradicalização para os jovens e programas de inserção social para os jovens”, argumentou à Lusa.

A eurodeputada voltou a condenar os ataques terroristas em França e rejeitou “interpretações perversas e abusivas” do que escreveu há dois dias na rede social da Internet Twitter.

“Procuraram dar uma versão de que desculpo os actos terroristas”, considerou a responsável, ao justificar a mensagem escrita na Internet: “Charlie Hebdo. Horror! O resultado das políticas anti- europeias de austeridade: Desemprego, xenofobia, injustiça, extremismo, terrorismo.”

Apesar das limitações na divulgação de informações devido a questões de segurança, Ana Gomes revelou haver planos terroristas para a Península Ibérica.

“Mostraram-me um mapa do chamado califado do Estado Islâmico, que tem desígnios, claramente, para a Europa e, nomeadamente, para a Península Ibérica, que eles chamam Al Andaluz”, relatou.

A França registou, desde quarta-feira, quatro incidentes violentos, que começaram com um atentado à sede do jornal Charlie Hebdo, em Paris, provocando 12 mortos (10 jornalistas e cartoonistas e dois polícias) e 11 feridos.

Os dois suspeitos, os irmãos Said Kouachi e Cherif Kouachi, de 32 e 34 anos, foram mortos hoje na sequência do ataque de forças de elite francesas à gráfica, em Dammartin-en-Goële, nos arredores da cidade, onde se barricaram.

Na quinta-feira, foi morta uma agente da polícia municipal, a sul de Paris, e fontes policiais estabeleceram já “uma conexão” entre os dois ‘jihadistas’ suspeitos do atentado ao Charlie Hebdo e o presumível assassino.

Também hoje, ao fim da manhã, pelo menos quatro pessoas foram mortas numa loja 'kosher' (judaica) do leste de Paris, numa tomada de reféns, incluindo o autor do sequestro, que foi igualmente morto durante a operação policial.

Fontes policiais citadas pelos ‘media’ franceses dizem que este homem é provavelmente o mesmo que matou a polícia municipal.


Com Lusa

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