Ana Gomes diz que europeus entre
terroristas "não acontece por acaso"
“Não podemos fazer o jogo dos terroristas, que querem que ponhamos em causa
os nossos valores, as nossas liberdades e a nossa democracia”
Por Jornal i
publicado em 9 Jan
2015 in
(jornal) i online
A eurodeputada
socialista Ana Gomes considerou hoje que a presença de europeus entre os grupos
terroristas “não acontece por acaso” e advertiu para o perigo de a Europa
entrar numa “deriva securitária e xenófoba”.
Em declarações à
agência Lusa, a eurodeputada alertou que os europeus não podem “embarcar numa
deriva securitária e xenófoba contra os muçulmanos, que instigue mais ódio”,
porque “eles também são vítimas”.
“Não podemos
fazer o jogo dos terroristas, que querem que ponhamos em causa os nossos valores,
as nossas liberdades e a nossa democracia”, afirmou a eurodeputada à Lusa a
partir do Iraque, lamentando não poder participar na manifestação de domingo
marcada para Paris.
A socialista
recordou o trabalho que desenvolveu no Parlamento Europeu na área do terrorismo
e defendeu que dever ser entendida a presença de europeus no exército do Estado
Islâmico.
“Isso não
acontece por acaso, tem muito a ver com o que se passa na Europa, com a falta,
inclusivamente, de meios para programas de inteligência humana para os serviços
de informação e de segurança, para programas de desradicalização para os jovens
e programas de inserção social para os jovens”, argumentou à Lusa.
A eurodeputada
voltou a condenar os ataques terroristas em França e rejeitou “interpretações
perversas e abusivas” do que escreveu há dois dias na rede social da Internet
Twitter.
“Procuraram dar
uma versão de que desculpo os actos terroristas”, considerou a responsável, ao
justificar a mensagem escrita na Internet: “Charlie Hebdo. Horror! O resultado
das políticas anti- europeias de austeridade: Desemprego, xenofobia, injustiça,
extremismo, terrorismo.”
Apesar das
limitações na divulgação de informações devido a questões de segurança, Ana
Gomes revelou haver planos terroristas para a Península Ibérica.
“Mostraram-me um
mapa do chamado califado do Estado Islâmico, que tem desígnios, claramente,
para a Europa e, nomeadamente, para a Península Ibérica, que eles chamam Al
Andaluz”, relatou.
A França
registou, desde quarta-feira, quatro incidentes violentos, que começaram com um
atentado à sede do jornal Charlie Hebdo, em Paris, provocando 12 mortos (10
jornalistas e cartoonistas e dois polícias) e 11 feridos.
Os dois
suspeitos, os irmãos Said Kouachi e Cherif Kouachi, de 32 e 34 anos, foram mortos
hoje na sequência do ataque de forças de elite francesas à gráfica, em
Dammartin-en-Goële, nos arredores da cidade, onde se barricaram.
Na quinta-feira,
foi morta uma agente da polícia municipal, a sul de Paris, e fontes policiais
estabeleceram já “uma conexão” entre os dois ‘jihadistas’ suspeitos do atentado
ao Charlie Hebdo e o presumível assassino.
Também hoje, ao
fim da manhã, pelo menos quatro pessoas foram mortas numa loja 'kosher'
(judaica) do leste de Paris, numa tomada de reféns, incluindo o autor do
sequestro, que foi igualmente morto durante a operação policial.
Fontes policiais
citadas pelos ‘media’ franceses dizem que este homem é provavelmente o mesmo
que matou a polícia municipal.
Com Lusa
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