Câmara de Setúbal retira funcionária russa do acolhimento
de refugiados da Ucrânia
Ucranianos foram recebidos por russos alegadamente
pró-Kremlin na Câmara de Setúbal.
Lusa
29 de Abril de
2022, 13:55
A Câmara de
Setúbal retirou do acolhimento de cidadãos ucranianos a técnica superior de
origem russa Yulia Khashin e vai pedir ao Ministério da Administração Interna
que proceda a uma averiguação sobre a recepção de refugiados por russos
alegadamente pró-Putin.
“A Câmara
Municipal de Setúbal irá solicitar ao Ministério da Administração Interna que
adopte, de imediato, os necessários procedimentos no sentido de averiguar a
veracidade das suspeitas veiculadas pelo jornal Expresso, manifestando total
disponibilidade para prestar toda a informação necessária”, refere, em
comunicado, o município sadino, liderado por André Martins (eleito pela CDU).
“Face à situação
criada, a Câmara Municipal retirou do acolhimento de cidadãos ucranianos a
técnica superior citada na notícia até ao total e inequívoco esclarecimento
desta situação”, acrescenta o comunicado, salientando que, depois de tomar
conhecimento de afirmações proferidas, há duas semanas, pela embaixadora da
Ucrânia em Portugal relativamente à Associação dos Emigrantes de Leste
(Edintsvo), questionou formalmente o próprio primeiro-ministro, António Costa.
O pedido, indica
a autarquia, foi feito “no próprio dia, por ofício”, pedindo que o chefe do
Governo se pronunciasse sobre as declarações e “esclarecesse com a maior
brevidade possível se o Alto Comissariado para as Migrações mantinha a
confiança nesta associação, não tendo obtido resposta até ao momento”.
A tomada de
posição da liderança do município surge na sequência da notícia divulgada pelo
Expresso de que refugiados ucranianos estão a ser recebidos na autarquia por
russos pró-Putin.
Segundo o jornal,
pelo menos 160 refugiados ucranianos terão sido recebidos por Igor Khashin, da
Associação dos Emigrantes de Leste (Edintsvo), e pela mulher, Yulia Khashin,
funcionária do município, que terão, alegadamente, fotocopiado documentos de
identificação dos refugiados ucranianos, no âmbito da Linha de Apoio aos
Refugiados da Câmara de Setúbal.
A autarquia
reconhece que “Igor Khashin colabora, regularmente, há vários anos, com várias
entidades da administração central, entre as quais o Instituto de Emprego e Formação
Profissional, o Alto Comissariado para as Migrações e o Serviço de Estrangeiros
e Fronteiras, tendo prestado esta colaboração já este ano em instalações de
alguns destes serviços em Setúbal, no contexto do acolhimento de refugiados da
guerra da Ucrânia”.
A Câmara de
Setúbal afirma ainda que “são cumpridos todos os requisitos técnicos inerentes
a um atendimento social” e que a “recolha de informação só é feita com
autorização expressa por escrito dos próprios”, tratando-se de “um procedimento
reconhecido e utilizado pelas entidades que, em Portugal, fazem este tipo de
trabalho”.
A autarquia
refere ainda que “repudia com a veemência toda e qualquer insinuação de quebra
de sigilo no tratamento de dados de cidadãos ucranianos acolhidos nos seus
serviços”.
De acordo com o
Expresso, a Edintsvo foi subsidiada desde 2005 até março passado pela Câmara de
Setúbal, e Igor Kashin Yulia Khashin terão também questionado os refugiados
sobre os familiares que ficaram na Ucrânia.
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