Paulo Pereira Cristóvão e líder
da Juve Leo detidos pela PJ
MARIANA OLIVEIRA
03/03/2015 - 11:40 (actualizado às 21:03) / PÚBLICO
Ex-inspector da PJ e antigo
dirigente do Sporting estará envolvido numa rede que assaltava casas e terá
roubado várias centenas de milhares de euros.
O ex-inspector da
Polícia Judiciária (PJ) e antigo vice-presidente do Sporting Paulo Pereira
Cristóvão foi detido esta terça-feira por elementos da Unidade Nacional de
Contra Terrorismo (UNCT) daquela polícia, por suspeitas de envolvimento numa
rede que se dedicava ao assalto de residências. O grupo terá roubado perto de
uma dezena de habitações, causando prejuízos que somados atingem várias
centenas de milhares de euros.
A operação desta
terça-feira resultou na detenção de três pessoas, incluindo um dos líderes da
Juve Leo, que, como Pereira Cristóvão, seria responsável pela sinalização de
potenciais vítimas dos roubos. Tudo era minuciosamente planeado, com os alvos a
serem escolhidos por terem objectos de valor em casa. Alguns eram conhecidos de
elementos do grupo que, para afastarem a possibilidade de serem reconhecidos,
não iam para o terreno nesse assalto. Era, aliás, habitual os suspeitos
alternarem a sua presença nos roubos.
Nem Pereira
Cristóvão – que foi vice-presidente do Sporting no mandato de Godinho Lopes,
após ter sido candidato a presidente do clube - nem os outros dois homens
detidos esta terça-feira (com idades entre os 37 e os 49 anos) terão tido
intervenção directa nos assaltos. Os três arguidos serão ouvidos esta
quarta-feira à tarde no Tribunal Central de Instrução Criminal, pelo juiz
Carlos Alexandre, que aplicará as respectivas medidas de coacção.
Este grupo, que
integrará três agentes da PSP, actuava de uma forma peculiar já que mascarava
os seus assaltos de buscas policiais. Falsificariam mandados e, por vezes, os
assaltantes apresentar-se-iam fardados para credibilizar as falsas operações. “Os
agora detidos, juntamento com outros doze suspeitos, (…) integravam uma
organização criminosa dedicada ao roubo no interior de residências, que
simulavam tratar-se de verdadeiras acções policiais para cumprimento de buscas
domiciliárias judicialmente ordenadas”, escreve a PJ num comunicado.
Esta é a segunda
operação da UNCT no âmbito desta investigação, dirigida pelo Departamento
Central de Investigação e Acção Penal, a estrutura do Ministério Público
dedicada à criminalidade violenta e altamente organizada. A primeira teve lugar
em Julho do ano passado e levou à detenção de 12 pessoas - onze homens e uma
mulher, com idades entre os 31 e os 43 anos - presumíveis autores da prática
dos crimes de associação criminosa, sequestro, roubo qualificado, usurpação de
funções, abuso de poderes e detenção de armas proibidas. Entre eles estão os
três agentes da PSP que ficaram em prisão preventiva com mais cinco elementos
do grupo.
Os crimes
investigados ocorreram nos distritos de Lisboa e Setúbal, tendo em alguns dos
casos sido utilizada a violência e coacção para que as vítimas fornecessem
informação sobre os locais onde se encontravam escondidas quantias monetárias e
objectos com elevado valor.
Na operação desta terça-feira foram cumpridas
oito buscas domiciliárias e não domiciliárias, sublinhando a UNCT que foram
“apreendidos relevantes elementos de prova”. O mesmo ocorrera na primeira
operação onde foram realizadas 28 buscas.
O líder da Juve
Leo detido é conhecido na claque sportinguista como “Mustafá” e já foi suspeito
noutros processos judiciais, tendo estado no Estabelecimento Prisional do
Linhó, em Sintra. Isso mesmo é referido num vídeo dedicado a si, publicado há
menos de um mês no Facebook e no Youtube. A acompanhar as imagens uma música
onde se repete que “a minha vida é o Sporting”, que é referido ainda como
vício, paixão e família. A letra diz ainda, num tom elogioso, que “Mustafá” é
“fanático pelo que faz” e “já deu sangue pelo sporting”. “Há 20 anos que dedica
o seu amor à Juve Leo”, resume a música.
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