segunda-feira, 2 de março de 2015

O homem que sabia de menos

O homem que sabia de menos
 ( ... ) “Falar de “banalidade do mal” a propósito do BES será excessivo, mas aquilo a que temos assistido na comissão de inquérito é a uma variação soft dessa lógica. É a banalidade do amoral: um desfile de burocratas sem princípios que para salvarem o pescoço não se importam de se ridicularizar e menorizar a si próprios, garantindo que não sabiam de nada, que não viram nada, e que se limitaram a cumprir ordens. Que essa tenha sido igualmente a postura do brilhante Bava, que não se importou em pleno Parlamento de repetir e agravar a atitude de 2010, aquando do caso Face Oculta, apenas aumenta o desespero de quem olha para aquela gente e pensa: é desta massa que são feitos os homens mais poderosos do país?

Basta olhar para a criação da Meo para percebermos que Zeinal Bava é um génio da gestão que mereceu cada um dos prémios citados no início deste texto. Mas, para chegar ao lugar mais elevado da PT, ele teve de vender a sua alma ao diabo numa esquina do Fórum Picoas. Ver um homem com o seu talento, que já foi admirado por milhares de trabalhadores, fazer aquela figura brutesca é apenas fonte de um único consolo: há humilhações que nenhuma pilha de dinheiro justifica, nódoas no carácter que nenhum prémio algum dia poderá apagar.”
JOÃO MIGUEL TAVARES 03/03/2015 PÚBLICO

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