O homem que sabia de menos
( ... ) “Falar de “banalidade do mal” a
propósito do BES será excessivo, mas aquilo a que temos assistido na comissão
de inquérito é a uma variação soft dessa lógica. É a banalidade do amoral: um
desfile de burocratas sem princípios que para salvarem o pescoço não se
importam de se ridicularizar e menorizar a si próprios, garantindo que não
sabiam de nada, que não viram nada, e que se limitaram a cumprir ordens. Que
essa tenha sido igualmente a postura do brilhante Bava, que não se importou em
pleno Parlamento de repetir e agravar a atitude de 2010, aquando do caso Face
Oculta, apenas aumenta o desespero de quem olha para aquela gente e pensa: é
desta massa que são feitos os homens mais poderosos do país?
Basta olhar para
a criação da Meo para percebermos que Zeinal Bava é um génio da gestão que
mereceu cada um dos prémios citados no início deste texto. Mas, para chegar ao
lugar mais elevado da PT, ele teve de vender a sua alma ao diabo numa esquina
do Fórum Picoas. Ver um homem com o seu talento, que já foi admirado por
milhares de trabalhadores, fazer aquela figura brutesca é apenas fonte de um
único consolo: há humilhações que nenhuma pilha de dinheiro justifica, nódoas
no carácter que nenhum prémio algum dia poderá apagar.”
JOÃO MIGUEL
TAVARES 03/03/2015 PÚBLICO
|
Sem comentários:
Enviar um comentário