domingo, 15 de fevereiro de 2015

Se as eleições fossem hoje, Syriza teria 45,4% dos votos / Bolsa de Atenas ganha 8% desde as eleições e Syriza recolhe 45% de apoio

Se as eleições fossem hoje, Syriza teria 45,4% dos votos
por Susana Salvador / DN online / 15-2-2015

Sondagem para a estação de televisão Alpha revela que 65,2% dos gregos dizem que o novo governo trouxe "esperança em algo melhor". Eurogrupo reúne-se amanhã.
Há três semanas, o Syriza venceu as eleições na Grécia com 36,3% dos votos e Alexis Tsipras foi nomeado primeiro-ministro. Se as eleições fossem agora, o partido da esquerda radical conseguia um resultado ainda melhor. Segundo uma sondagem da empresa Marc para a estação de televisão privada Alpha, o apoio do Syriza subiu para 45,4%, enquanto o da Nova Democracia, do ex-primeiro-ministro Antonis Samaras, caiu de 27,8% na noite eleitoral para 18,4%. Mais: 65,2% dos inquiridos concordam que o novo governo trouxe "esperança em algo melhor", contra 22% que creem que "o pior ainda está para vir".
Mas a popularidade do governo não ajuda a pagar a dívida. Ontem, em Bruxelas, decorreu a última reunião entre as autoridades gregas e os credores europeus, antes do encontro decisivo do Eurogrupo, amanhã. "Não é uma negociação, mas uma troca de pontos de vista para melhor compreender as posições de uns e outros", afirmou à saída um responsável europeu à AFP. Em declarações ao site do jornal grego Real News, Tsipras assegurou que se deu "um passo importante" nas negociações com os sócios europeus, mas acrescentou que "ainda é cedo para falar de um acordo".

Bolsa de Atenas ganha 8% desde as eleições e Syriza recolhe 45% de apoio
O desanuviamento no seio do Eurogrupo entusiasmou os mercados financeiros. A bolsa ateniense animou e os juros da dívida grega desceram. O partido líder da coligação viu o apoio disparar para 45%. O contágio positivo beneficiou sobretudo as Obrigações do Tesouro português.

 Jorge Nascimento Rodrigues |
9:49 Sábado, 14 de fevereiro de 2015 / EXPRESSO online

Os mercados financeiros fecharam em alta na ponta final da semana face ao desanuviamento no seio do Eurogrupo (órgão de reunião dos 19 ministros das Finanças da zona euro) em torno da questão grega.

O otimismo foi reforçado com a divulgação da taxa de crescimento da Grécia em 2014, que foi positiva pela primeira vez desde há seis anos. Depois de uma recessão prolongada, a economia helénica cresceu 0,84% (no caso português, recorde-se que foi de 0,9%), acima da previsão de 0,6% do anterior governo grego. O turismo foi o "motor" da recuperação grega.

O partido líder da coligação governamental recolhe 45,4% do apoio dos inquiridos numa sondagem da MARC para o canal televisivo ALPHA, divulgada na sexta-feira. Nas eleições de 25 de janeiro ganhou com 36,34% dos votos. O apoio à Nova Democracia desceu para 18,4% e os restantes partidos representados no Parlamento viram o apoio diminuir, em particular o Potami (o Rio) e a Aurora Dourada. Uma esmagadora maioria de 85% dos inquiridos manifestou uma opinião positiva a respeito do ministro das Finanças Yanis Varoufakis e 57,7% acharam que a bancarrota do país está fora de questão. Uma percentagem de 65,2% achou que o novo governo trouxe "esperança para algo melhor".

O índice mundial bolsista MSCI fechou no positivo na sexta-feira e os ganhos desde 1 de fevereiro somam 4,25%. O índice da Bolsa de Atenas fechou na sexta-feira a ganhar 5,61%. A principal recuperação registou-se nos bancos. As ações destes valorizaram 19,82%, regressando ao nível pré-eleitoral. Depois de oito sessões a encerrar no vermelho e sete a valorizar desde 25 de janeiro (dia das eleições legislativas antecipadas na Grécia), o índice ateniense apresenta um ganho acumulado de 8,45%. Recorde-se que, desde 25 de janeiro, a maior derrocada registou-se a 28 de janeiro com um crash de 9,24%, e a maior subida, a 3 de fevereiro, com um ganho de 11,27%. Esta semana, o índice acumulou ganhos em duas sessões consecutivas, a 12 e 13 de fevereiro.

Os juros (yields) da dívida grega no prazo de referência, a 10 anos, desceram no final da semana para 9,28%, depois de um pico de 11,08% a 11 de fevereiro. O pico foi motivado pelo pessimismo em torno da reunião extraordinária do Eurogrupo no dia 11 e a descida nos dois dias seguintes foi influenciada pelo regresso do otimismo em torno da possibilidade de obtenção de um compromisso entre a Grécia e os parceiros do euro na reunião da próxima segunda-feira em Bruxelas.

Os juros da dívida grega a 10 anos vinham registando valores acima de 10% desde 28 de janeiro, três dias depois da vitória eleitoral do Syriza nas eleições legislativas antecipadas. Essa trajetória ascendente foi invertida na ponta final desta semana. O risco de default diminuiu com a descida do custo de segurar a dívida grega a 5 anos contra um incumprimento, de um pico próximo de 2300 pontos base na quarta-feira - que colocava a Grécia muito perto da situação da Ucrânia, a segunda pior posição no "clube" da bancarrota, depois da Venezuela - para 1700 no fecho da semana.

Se o contágio negativo da crise grega no mercado secundário da dívida soberana foi muito limitado - com exceção de Espanha, em que os juros da dívida a 10 anos subiram 5 pontos base, de 1,5% a 6 de fevereiro para 1,55% a 13 de fevereiro -, o contágio positivo, derivado do desanuviamento recente no Eurogrupo, beneficiou sobretudo Portugal, com os juros das Obrigações do Tesouro a 10 anos a descerem 6 pontos base, de 2,45% para 2,39% naquele período. Durante a semana, o Tesouro português foi ao mercado obrigacionista e realizou um leilão de dívida a 10 anos em que pagou 2,5%, a taxa mais baixa de sempre.

 Situação volátil, prudência na análise
É claro que a situação é muito instável. Qualquer impasse ou rutura na reunião do Eurogrupo de 16 de fevereiro provocará a reversão abrupta da trajetória.

Hugo Dixon, o fundador das Breakingviews da Reuters, baixou ligeiramente a probabilidade de uma saída da Grécia do euro (Grexit, na designação dos analistas), mas, como nos referiu, mantém-na próxima de 50%, manifestamente acima do consenso dos analistas. Para Manos Giakoumis, analista chefe do site grego Macropolis, é recomendável prudência na análise da situação. "Não penso que a probabilidade de uma Grexit esteja mais ou menos elevada hoje do que ontem. É cedo de mais, por ora, para concluir que um acordo não seja obtido nos próximos dias, ou mesmo semanas", sublinhou ao Expresso.

O panorama bancário grego é preocupante. Desde final de novembro de 2014, quando se agravou a crise política grega que conduziu a eleições presidenciais e legislativas antecipadas, a fuga de depósitos soma 20 mil milhões de euros, estimando-se, no entanto, que só 20% desse montante tenha saído do país sobretudo para Chipre, Reino Unido, Luxemburgo e Malta. O Banco Central Europeu (BCE) autorizou o aumento do teto da linha de emergência de liquidez disponível a que podem recorrer os bancos locais através do banco central grego, que subiu para 65 mil milhões de euros. No dia 18 de fevereiro, o BCE volta a apreciar a situação, dois dias depois da reunião do Eurogrupo.


O porta-voz governamental Gavriil Sakellaridis preparou na sexta-feira à noite a opinião pública grega para um impasse, mas desdramatizou: "Se não se obtiver um acordo na segunda-feira, cremos que há sempre tempo, por isso não haverá problema".

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