Ministra da Administração Interna
já recebeu relatório sobre vistos gold
ANA HENRIQUES
07/01/2015 - PÚBLICO
Director da Europol admitiu em Dezembro que sistema pode potenciar
“esquemas de lavagem de dinheiro”.
A nova ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, já tem nas
mãos o relatório que pediu à inspecção do seu ministério sobre a atribuição de
vistos dourados.
Dois dias depois
de substituir Miguel Macedo, que se demitiu em meados de Novembro na sequência
do escândalo dos vistos gold, a governante solicitou à Inspecção-Geral da
Administração Interna que investigasse o funcionamento da atribuição destas
autorizações de residência permanente, atribuídas a pessoas vindas de fora da
União Europeia que invistam no imobiliário português mais de meio milhão de
euros, transfiram pelo menos um milhão em capitais ou criem pelo menos dez
postos de trabalho, num período mínimo de cinco anos.
O Ministério da
Administração Interna confirma que Anabela Rodrigues já tem o documento na sua
posse. Entretanto, continuam detidos preventivamente vários altos dirigentes do
Estado por suspeitas de corrupção, branqueamento de capitais, tráfico de
influências e peculato na atribuição dos vistos. Entre eles estão o director do
Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Manuel Palos, que se encontra em prisão
domiciliária com pulseira electrónica, tal como a secretária-geral do
Ministério da Justiça, Maria Antónia Anes. Já o até Novembro presidente do
Instituto dos Registos e Notariado, António Figueiredo, também indiciado pelas
autoridades neste caso, encontra-se na cadeia, em prisão preventiva, tendo
recorrido desta medida de coacção para o Tribunal da Relação de Lisboa.
Miguel Macedo
negou o seu envolvimento no negócio dos vistos gold, mas alegou, como razão de
demissão, que a sua autoridade como ministro tinha ficado diminuída, até por
causa da sua proximidade com alguns dos suspeitos da chamada Operação
Labirinto.
Numa resposta
enviada em Dezembro à eurodeputada portuguesa Ana Gomes, que sempre foi muito
crítica deste tipo de autorizações de residência, o director da Europol, Rob
Wainwright, revelou que a polícia europeia se mostrou disponível prestar “todo
o apoio necessário” às autoridades portuguesas nas investigações. E admitiu que
o sistema tem, efectivamente, vulnerabilidades, por poder potenciar “esquemas
de lavagem de dinheiro” e “permitir a migração para a Europa de pessoas
suspeitas de terem cometido crimes financeiros”.
“Estes riscos são
bem conhecidos e entendidos pelas autoridades dos vários países e estão a ser
combatidos, com a implementação de medidas anti-corrupção”, observou Rob
Wainwright, elogiando a actuação das autoridades portuguesas na Operação
Labirinto.
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