E ... a polémica
e o ataque cerrado a Raquel Varela continua ...
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Raquel Varela: Da “piroseira” de
Dolores Aveiro às críticas a Passos
Miguel Santos/ 5/1/2015,
OBSERVADOR / http://observador.pt/2015/01/05/raquel-varela-da-piroseira-de-dolores-aveiro-criticas-passos/
A historiadora e comentadora da "Barca dos Infernos" envolveu-se
em polémica por ter ridicularizado Dolores Aveiro. Mas ataca todos Passos,
Cavaco e Cunhal. E sugeriu "guilhotinar" os traidores da UGT
“Depois da
estátua patética – que associa força e sexualidade a um falo desmesurado (…)
temos a mãe ‘carcacinha’ e a Casa dos Segredos a ser vista da sala VIP como
sinónimo de uma noite de glamour. É uma vergonha, uma piroseira, uma
monstruosidade que deforma o povo deformando os seus heróis (…)”. Foram estas
as palavras escolhidas por Raquel Varela para descrever a passagem de ano de
Dolores Aveiro (mãe de Cristiano Ronaldo) e que a colocaram no centro da
polémica.
Raquel Varela é
historiadora de formação, com especialização na história dos movimentos sociais
na Península Ibérica e em questões relacionadas com a evolução do movimento
operário português e do Estado Social. Além de investigadora do Instituto de
História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, coordena, ainda, o
projeto internacional In the Same Boat? Shipbuilding and ship repair workers
around the World (1950-2010). É, também, presidente da International
Association Strikes and Social Conflicts e vice-coordenadora da Rede de Estudos
do Trabalho, do Movimento Operário e dos Movimentos Sociais em Portugal.
Cronista ocasional no jornal Público, a investigadora é uma das principais
colaboradoras da revista Rubra, de que já se apresentou como diretora – uma
publicação de influência assumidamente marxista e radical, revolucionária.
Com várias obras
publicadas, como “Quem paga o Estado Social em Portugal?” (coordenadora)”,
“História da Política do PCP na Revolução dos Cravos” (autora), entre outras,
tornou-se uma cara conhecida dos portugueses quando, a 20 de maio de 2013, no
Programa “Prós & Contras”, confrontou Martim Neves, um jovem de 16 anos
anos que acabara de lançar a sua própria marca de roupa, sobre as condições em
que eram feitas as camisolas que produzia – alegando que seriam produzidas em
países emergentes, mais precisamente na China – e questionando-o sobre as
condições salariais dos funcionários.
A resposta de
Martim Neves a Raquel Varela tornou-se rapidamente viral: “Ao menos os
trabalhadores que ganham o salário mínimo não estão no desemprego”.
De então para cá,
Raquel Varela tem conseguido um maior espaço mediático, tornando-se, desde 6 de
outubro, uma das comentadoras do programa da RTP Informação, “Barca do
Inferno”, espaço que divide com Isabel Moreira, Manuela Moura Guedes e Sofia
Vala Rocha. Defensora da suspensão unilateral do pagamento da dívida pública e
crítica feroz dos cortes no Estado Social e do Governo de Pedro Passos Coelho,
a historiadora tem somado algumas declarações polémicas que suscitaram
discussão nas redes sociais, em blogues e em espaços de comentário político.
A 22 de dezembro,
a historiadora foi alvo de críticas depois de ter publicado na sua página do
Facebook, imagens do jantar com Isabel Moreira. Entre os principais reparos
dirigidos a Raquel Varela estava o facto de, aparentemente, o jantar ter tido
um custo que não seria suportável para a maioria dos portugueses. A
investigadora, então, respondeu assim:
“[As críticas
refletem] o espírito de Passos Coelho, com o seu fato de alfaiate de segunda,
morador suburbano, que caiu sobre algumas almas, convencidas mesmo que ‘andaram
a viver acima das possibilidades'”.
Estas palavras e
os comentários tecidos sobre Ronaldo e Dolores Aveiro, pouco tempo depois, valeram-lhe
críticas. Mais uma vez, a reação de Raquel Varela não se fez esperar.
Começando por
esclarecer que a sua crítica não incidia sobre Dolores Aveiro “enquanto
indivíduo”, mas era antes um reflexão sobre o estado da programação televisiva
em Portugal, designadamente a falta de preocupação com o plano cultural, Raquel
Varela assegurou que a sua intenção era “dar uma opinião sincera sobre o que
vemos e refletimos, deixando que, como em tudo na vida, as pessoas possam
escolher, mas possam escolher depois de ouvir o contraditório”.
“Seria
paternalismo impor aos outros as nossas escolhas, mas é totalitarismo cultural
não os confrontar com outras alternativas”, pode ler-se no artigo publicado no
seu blog, intitulado “O Bom e o Mau Povo Português”.
No entanto,
Raquel Varela aproveitou para voltar à carga e dirigiu novas críticas a Pedro
Passos Coelho, comparando-o, desta vez, ao atual Presidente da República,
Aníbal Cavaco Silva, e a António Oliveira Salazar.
“Passos Coelho
cultiva, como Cavaco Silva, um estilo austero e humilde, na roupa, nos lugares
onde moram, o mesmo Passos Coelho que criou, segundo o INE, um milhão de
pobres, nos mesmos anos, segundo o CreditSuisse, que criou 28% de novos
milionários (…). Como Cavaco Silva, de porte humilde e até meio déclassé, mas
que iniciou com as privatizações o processo de destruição das empresas públicas
(…)”.
A comparação vai
mais longe: Raquel Varela estende-a Salazar, líder do Estado Novo.
“Salazar foi quem
começou o estilo, é verdade. Criou os maiores grupos económicos da história do
país com condicionamento industrial e disciplinarização da força de trabalho,
proibição de partidos e sindicatos, e trabalho forçado nas colónias. Sempre
discreto, com um ar de pobre, ‘pobrezinho mas com fartura de carinho’. Ele sacrificava-se
pelo povo, como Passos Coelho e Cavaco Silva“.
“Álvaro Cunhal
nunca quis fazer uma revolução socialista em Portugal”
A 25 de abril de
2011, em entrevista ao Público, foi a vez do PCP e de Álvaro Cunhal estarem no
centro das declarações de Raquel Varela.
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