Assembleia-geral da PT pode ser
adiada por falta da auditoria.
O presidente da mesa da assembleia-geral da PT SGPS está em contacto com os
acionistas. Reunião do próximo dia 12 pode ser adiada, já que a auditoria às
relações entre o GES e a PT não é conhecida.
OBSERVADOR / 7-1-2014
A
assembleia-geral de acionistas da PT SGPS agendada para a próxima semana, dia
12 de janeiro, poderá ser adiada, escreve esta quarta-feira o Diário Económico.
O jornal avança que o presidente da mesa, António Menezes Cordeiro, está a
fazer contactos com os principais acionistas para avaliar esta possibilidade,
já que a auditoria da PwC às relações entre a operadora e o Grupo Espírito
Santo (GES) não foi, ainda, divulgada. E, mesmo que o seja nos próximos dias,
já não irá a tempo de ser incluída na documentação essencial para os
participantes no encontro de acionistas.
O Diário
Económico escreve esta quarta-feira, sem especificar fontes, que poderá ser do
entendimento de Menezes Cordeiro, o presidente da mesa, que a auditoria da
consultora PriceWaterhouseCoopers (PwC) é uma informação relevante para os
acionistas e que, já que o documento ainda não foi divulgado, a
assembleia-geral da próxima segunda-feira poderá ser adiada. Ou, em
alternativa, iniciar-se mas sem haver lugar a votação. Em cima da mesa na
assembleia-geral estará a possível venda da PT Portugal aos franceses da
Altice, além da hipótese de estes acionistas ficarem com 20% do capital da PT
Portugal, uma hipótese admitida pela Altice.
A auditoria
encomendada pelo conselho de administração da PT SGPS à PwC, para analisar as
relações entre a operadora de telecomunicações e o GES, deveria ser
parcialmente revelada esta semana, mas isso ainda não aconteceu. Estiveram
relacionadas com este documento as buscas realizadas por elementos da Polícia
Judiciária nas sedes da Portugal Telecom (PT), em Picoas, Lisboa, e da
consultora PwC. Em comunicado, o Ministério Público esclareceu, entretanto, que
“neste inquérito estão em causa suspeitas de participação económica em negócio
e burla qualificada, investigando-se aplicações financeiras realizadas pela
empresa”.
Já saíram,
contudo, algumas informações quanto ao conteúdo da auditoria. A TVI noticiou
terça-feira à noite que a Portugal Telecom SGPS teve de se endividar para
recolher os recursos necessários destinados a subscrever instrumentos de dívida
de empresas do GES. Esta é uma das conclusões daquele documento, em que a
auditora se queixa de não ter tido acesso a toda a informação necessária para
averiguar as relações entre a empresa e as unidades do GES que financiou. E
contraria a tese de que os investimentos feitos em dívida do GES correspondiam
a simples aplicações de excedentes de tesouraria da PT.
Uma história que tem tudo para acabar muito mal.
António Costa / Diário Económico /
Afinal, a menos
de uma semana de uma assembleia-geral da PT SGPS que decidiria a venda da
‘brasileira’ PT Portugal aos franceses de Altice, o pior ainda pode estar para
vir.
As buscas
judiciais à PT por causa dos empréstimos - irresponsáveis - ao Grupo Espírito
Santo (GES) são, no mínimo, um factor de desestabilização que pode obrigar ao
adiamento dessa reunião de accionistas. E depois?
Já se sabia que o
empréstimo de 897 milhões de euros da PT à Rioforte - um reforço de aplicação
de tesouraria de quase 150 milhões de euros numa fase crítica - configura uma
ajuda de amigo ou, pior, a confirmação de que Ricardo Salgado usava a PT como
mais uma empresa do grupo. Também já se sabia que os apoios da PT ao BES foram
decididos por um núcleo restrito de pessoas, entre os quais pontificavam o
próprio Salgado, Morais Pires, Henrique Granadeiro, Zeinal Bava e Pacheco de
Melo, sem conhecimento nem aprovação do conselho de administração desde há
anos. Agora, sabe-se mais, sabe-se que a própria PT terá recorrido a crédito
para emprestar, ela própria, ao GES, coisa impensável e difícil de catalogar. Um
accionista usou a PT para se salvar, à custa de todos os outros. Tudo isto já
se sabia, no meio de um processo de fusão com a Oi que era, já de si, um
mal-menor, depois da venda da Vivo à Telefónica. De Junho de 2010 até hoje, mês
da venda da Vivo no Brasil, foi sempre a cair. E ainda não parou.
As buscas
judiciais de ontem não estão directamente relacionadas com a venda da PT
Portugal, hoje já uma empresa brasileira detida pela Oi e que, por sua vez, tem
na sua estrutura accionista a PT SGPS. A justiça desconfia de negócios
paralelos - e pessoais - aos empréstimos da PT ao GES, particularmente os
feitos à Rioforte a partir de Fevereiro do ano passado. Mesmo assim, poderão
resultar daqui informações relevantes para os accionistas e isso, no mínimo,
poderá obrigar à suspensão da assembleia de dia 12. Qual é o problema?
É o momento de
fazer uma declaração de interesses: o Económico é propriedade de um accionista
da PTSGPS, a Ongoing. Dito isto, a Oi precisa de vender a PT Portugal como de
‘pão para a boca' e, por isso, o caminho é estreito, para não dizer outra
coisa. Aliás, os brasileiros já avisaram os detentores de obrigações que
pretendem renegociar prazos de pagamento. Nas empresas, como nos países, quando
uma entidade falha um pagamento, fica tudo em causa. Se a Oi não conseguir
resistir, se não tiver o fôlego financeiro para cumprir os seus compromissos
com quem lhe emprestou milhares de milhões de reais, vem tudo por arrasto,
leia-se um dos seus accionistas, a PT SGPS, a subsidiária PT Portugal. E não, o
Governo não deve meter o dinheiro dos contribuintes para salvar a PT Portugal,
nem neste caso limite.
Não ficará pedra
sobre pedra, leia-se, sabe-se como começa, já na próxima segunda-feira, ninguém
pode adivinhar como tudo vai acabar. Mas suspeito que
não vai acabar bem.
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