OPINIÃO
Sem desculpas
O PS pode fazer o que quiser. Preparar as suas políticas
e designar os seus protagonistas. A nada está obrigado, a não ser à lei e à
democracia. À justiça e à honestidade
António Barreto
31 de Janeiro de
2022, 0:21
https://www.publico.pt/2022/01/31/opiniao/opiniao/desculpas-1993655
A campanha foi
medíocre no conteúdo, mas muito interessante no adjectivo e no processo. As
condições de governo estiveram no centro dos debates e dos cálculos, o que
diminui a carga ideológica e tantas vezes fanática.
Estavam em jogo a vida e a morte de três ou quatro
partidos. Como se viu
Esta campanha,
mais do que qualquer outra anteriormente, quase liquidou o papel dos partidos
como instituições, dando o primado absoluto aos chefes e à sua organização
pessoal. Não é necessariamente um progresso.
Foi uma das mais
interessantes eleições das últimas décadas. Os argumentos dos partidos foram
muitas vezes irrisórios. Ficaram de fora questões essenciais, como a justiça, a
defesa e o investimento. A paz na Europa foi ignorada. Dito isto, a abstenção
diminuiu, o que traduz bem o interesse suscitado. O que estava em causa era
muito sério. À cabeça, a capacidade de governar. Depois, o papel da negociação
política. Assim como as condições de estabilidade e de formação de blocos
políticos. Além disso, estavam em jogo a vida e a morte de três ou quatro
partidos. Como se viu.
Por uma vez, não
perderam nem ganharam todos. O PCP e o Bloco, que liquidaram o actual Governo,
foram derrotados, o que confirma a ideia de que Deus não dorme. Vários outros
fenómenos devem ser sublinhados. A manifesta derrota da esquerda não
socialista. As colossais derrotas, talvez sem remissão, do PCP, do Bloco, do
CDS e dos Verdes. As derrotas do PSD e do PAN. As grandes vitórias do Chega e
da Iniciativa Liberal. Finalmente, trata-se de uma grande vitória do PS.
A partir de agora
e com estes resultados, o PS pode fazer o que quiser. Governar como entender e
com quem desejar. Traçar livremente o seu caminho. Elaborar e fazer cumprir o
seu programa. Preparar as suas políticas e designar os seus protagonistas. A nada
está obrigado, a não ser à lei e à democracia. À justiça e à honestidade. Os
socialistas já não têm desculpas.
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