segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Sem desculpas

 



OPINIÃO

Sem desculpas

 

O PS pode fazer o que quiser. Preparar as suas políticas e designar os seus protagonistas. A nada está obrigado, a não ser à lei e à democracia. À justiça e à honestidade

 

António Barreto

31 de Janeiro de 2022, 0:21

https://www.publico.pt/2022/01/31/opiniao/opiniao/desculpas-1993655

 

A campanha foi medíocre no conteúdo, mas muito interessante no adjectivo e no processo. As condições de governo estiveram no centro dos debates e dos cálculos, o que diminui a carga ideológica e tantas vezes fanática.

 

Estavam em jogo a vida e a morte de três ou quatro partidos. Como se viu

 

Esta campanha, mais do que qualquer outra anteriormente, quase liquidou o papel dos partidos como instituições, dando o primado absoluto aos chefes e à sua organização pessoal. Não é necessariamente um progresso.

 

Foi uma das mais interessantes eleições das últimas décadas. Os argumentos dos partidos foram muitas vezes irrisórios. Ficaram de fora questões essenciais, como a justiça, a defesa e o investimento. A paz na Europa foi ignorada. Dito isto, a abstenção diminuiu, o que traduz bem o interesse suscitado. O que estava em causa era muito sério. À cabeça, a capacidade de governar. Depois, o papel da negociação política. Assim como as condições de estabilidade e de formação de blocos políticos. Além disso, estavam em jogo a vida e a morte de três ou quatro partidos. Como se viu.

 

Por uma vez, não perderam nem ganharam todos. O PCP e o Bloco, que liquidaram o actual Governo, foram derrotados, o que confirma a ideia de que Deus não dorme. Vários outros fenómenos devem ser sublinhados. A manifesta derrota da esquerda não socialista. As colossais derrotas, talvez sem remissão, do PCP, do Bloco, do CDS e dos Verdes. As derrotas do PSD e do PAN. As grandes vitórias do Chega e da Iniciativa Liberal. Finalmente, trata-se de uma grande vitória do PS.

 

A partir de agora e com estes resultados, o PS pode fazer o que quiser. Governar como entender e com quem desejar. Traçar livremente o seu caminho. Elaborar e fazer cumprir o seu programa. Preparar as suas políticas e designar os seus protagonistas. A nada está obrigado, a não ser à lei e à democracia. À justiça e à honestidade. Os socialistas já não têm desculpas.

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