sexta-feira, 6 de março de 2015

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Quase 400 médicos emigraram no ano passado e a Ordem está preocupada
“Desemprego e emigração médica” estiveram ontem em debate num encontro sobre Medicinal Geral

Alexandra Campos / 6 mar 2015 / PÚBLICO

No ano passado, 387 médicos decidiram emigrar, adianta o bastonário da Ordem dos Médicos (OM), José Manuel Silva. Apesar de a saída de médicos para o estrangeiro não ser uma novidade, o aumento do número dos que estão a sair para trabalhar noutro país começou a preocupar a Ordem — que em 2014 fez contas para perceber, com algum rigor, quantos profissionais decidiram fazer as malas e partir para outro país.
“Em 2014 emigraram 387 médicos e cerca de 1100 pediram o certificado à Ordem [documento para poderem exercer a profissão noutro país]”, contabilizou José Manuel Silva. Quando um médico pretende emigrar, necessita de um certificado para apresentar nas instituições, os chamados “good standing certificates”, cujos pedidos têm vindo a aumentar nos últimos anos. Este foi o ano mais expressivo quanto a essa realidade, adiantou.
Este tema esteve ontem em discussão no 32.º Encontro Nacional de Medicina Geral e Familiar, no Estoril, onde o bastonário da OM participou num debate sobre Desemprego e Emigração Médica. “Este será o momento oportuno para abordar muitas das questões que no presente e no futuro exercem influência sobre a saída ou permanência dos médicos portugueses em solo nacional”, antecipavam os organizadores da iniciativa.
Preocupado com as saídas num
O bastonário José Manuel Silva país em que se fala sistematicamente da falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS), José Manuel Silva frisou que os profissionais de saúde saem para o estrangeiro porque vão ganhar substancialmente mais, mas também porque estão desmotivados. “Há jovens especialistas à espera dos concursos [para entrar nas unidades do SNS] a ganhar como internos da especialidade. Há médicos a ganhar oito euros limpos à hora”, lamentou.

À semelhança do que acontece com os enfermeiros, Portugal transformou-se assim num viveiro para o recrutamento de médicos. Há países, como o Reino Unido, por exemplo, que preferem contratar médicos já formados do que formar profissionais. Os vários anúncios de empresas de recrutamento que se encontram no site da OM provam que os salários oferecidos são muito superiores aos praticados no país. No ano passado, vários hospitais da Arábia Saudita vieram a Portugal recrutar médicos e ofereciam salários que oscilavam entre oito e os 11 mil euros por mês.

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