![]() |
| O ex-presidente da PT assume responsabilidades, mas sente-se injustiçado. Foi o BES que fez cair a PT. A Pergunta evidente e fundamental é : Como se sentirá o Contribuinte ? OVOODOCORVO |
Inquérito ao BES. Para Henrique
Granadeiro, Bava sabia dos empréstimos à Rioforte
ANA SUSPIRO 4/3/2015,
OBSERVADOR
Henrique Granadeiro está convencido de que Zeinal Bava sabia dos
empréstimos feitos à Rioforte. O ex-presidente da PT assume responsabilidades,
mas sente-se injustiçado. Foi o BES que fez cair a PT.
“Fui eu próprio
que autorizei o investimento de 200 milhões de euros [da PT SGPS] na Rioforte”,
tendo por base a opinião do administrador financeiro da Portugal Telecom, Luís
Pacheco de Melo, afirmou Henrique Granadeiro, antigo presidente executivo da
empresa, que é ouvido nesta quarta-feira na comissão parlamentar de inquérito
ao Banco Espírito Santo (BES). O gestor adiantou que o incumprimento da
Rioforte “resulta de facto imputável ao BES”. A PT tentou tudo para negociar
condições de reembolso, acrescentou, o que ficou reconhecido na revisão do
acordo de fusão com a operadora brasileira Oi.
Sobre a
aplicação, que cresceu para perto de 900 milhões de euros pouco tempo antes do
colapso do Grupo Espírito Santo (GES) e do BES, em julho de 2014, Granadeiro
acredita que Zeinal Bava sabia das operações de financiamento à Rioforte e
forma esta convicção a partir das declarações de Luís Pacheco de Melo numa
reunião da comissão executiva da PT realizada a 10 de julho de 2014. Nesta
reunião o CFO foi questionado com insistência pelos administradores (Rafael
Mora e Paulo Varela) sobre o conhecimento de Bava. Pacheco de Melo não responde
diretamente, mas lembra a prática da empresa em matéria de investimentos no
BES/GES e revela que poucas semanas antes do investimento na Rioforte esteve
num roadshow com o presidente da Oi (Bava) e o administrador financeiro da
empresa brasileira. Para Granadeiro, a resposta de Pacheco de Melo, apesar de
“cabalística”, quer dizer que sim. Bava sabia e o CFO da Oi sabia da aplicação
na Rioforte.
O ex-presidente
da PT revelou ainda que aconselhou Salgado a informar Zeinal Bava do
investimento feito em fevereiro na Rioforte e que o então presidente do BES lhe
disse que o tinha feito.
O gestor adiantou
que os investimentos foram autorizados com base na informação prestada pelos
responsáveis financeiros da PT e pelo intermediário financeiro, o BES, e
adiantou que as contas da Rioforte só foram reveladas em junho. No relatório,
os auditores faziam reservas sobre a situação financeira da holding do GES para
a área não financeira.
As reservas dos
auditores contrastavam com a informação dada pelos responsáveis do BES,
prosseguiu o gestor, enquanto recordou que, quando foi tomada a decisão de
renovação final, em abril de 2014, Zeinal Bava era o presidente da PT Portugal.
“A história de que vi o Dr. Salgado a afogar-se e lhe mandei uma boia de 900
milhões é romântica e infantil, mas não tem nada de verdade”, disse Henrique
Granadeiro, garantindo que o antigo presidente do BES nunca lhe falou da
necessidade de liquidez do GES.
O gestor está
convencido que uma parte do investimento de 897 milhões, foi decidido pela PT
Portugal. “Eu não intervim. A responsabilidade terá de ser encontrada em outros
responsáveis”, entre os quais se encontra Zeinal Bava que liderava a PT
Portugal. Granadeiro recusa ainda a tese de que negociou a operação com Amílcar
Morais Pires ou com qualquer outra pessoa. “Limitei-me a falar com o CFO [chief
finance officer da PT, Luís Pacheco de Melo] para ele falar com o CFO do BES
[Amílcar Morais Pires]” para acertar a operação, que, “no meu espírito, era de
200 milhões de euros”, declarou o gestor, desmentido a afirmação de Morais
Pires, na comissão, de que Granadeiro estaria a par de tudo. “Se soubesse das
contas da Rioforte, nunca teria autorizado”, acrescentou o antigo presidente da
PT.
Sem lapsos de
memória de maior (Granadeiro trouxe uma pesada lista de documentos), o
ex-presidente da Portugal Telecom reconhece que está magoado. “Isto que
aconteceu foi o pior que me podia ter acontecido. Destruiu a minha carreira,
Sinto que fui injustiçado. Alguém devia ter-me dado sinais. Não foi a PT que
fez cair o BES, foi o BES que fez cair a PT”. Granadeiro lamenta que não tenha
havido a lealdade devida pelos administradores do BES na PT, Joaquim Goes e
Morais Pires.
E que tipo de gestor é Zeinal? “Não me faça essa
maldade”
Henrique
Granadeiro hoje reconhece que ter partilhado a responsabilidade de uma comissão
executiva com outro presidente (Bava) foi o maior erro estratégico que cometeu
na sua vida. Mas quando no final da audição Fernando Negrão lhe pergunta que
tipo de gestor era Zeinal Bava, Granadeiro desabafa: “Não me faça essa
maldade”, mas descreve o sucessor e antecessor, como um homem com uma grande
capacidade de trabalho, que tem “sempre a mão em cima das coisas”, uma imagem
que contrasta com o gestor com falta de memória e aparentemente mal preparado
que vimos na comissão de inquérito na semana passada.
O antigo
presidente da PT assume também ter mudado de ideias sobre a fusão entre a PT e
a Oi quando questionado porque não travou a revisão do acordo depois de ficar
convencido de que Bava e a empresa brasileira tinham conhecimento do
investimento na Rioforte. Granadeiro justifica que acreditava no projeto de
criação de um operador luso-brasileiro e qualifica a venda da PT Portugal pelos
brasileiros de uma “traição”.
As últimas
palavras emocionadas de Granadeiro foram para os milhares de acionistas que
foram prejudicados por uma decisão estratégica “que tinha tudo para dar certo,
mas não deu”, por causa do efeito colateral do BES. E recorda os quatro
pequenos acionistas que em setembro votaram contra a fusão. Diz que quando
chegou a casa nessa noite pensou. “E se eles têm razão?”.
Granadeiro: "O BES fez cair
a PT". E a confissão: "Destruiu a minha carreira"
Henrique Granadeiro, ouvido na comissão parlamentar de inquérito ao colapso
do BES, afirma ainda que "não havia lá [conselho de administração da PT]
pessoas que mandam e outras que abanavam a cabeça".
Anabela Campos |
19:14 Quarta feira,
4 de março de 2015 / EXPRESSO
"O que
aconteceu foi o pior que podia ter acontecido à minha carreira. Destruiu a
minha carreira", afirmou esta quarta-feira Henrique Granadeiro, a
propósito do investimento de 897 milhões da PT em dívida do GES - valor que
nunca foi reembolsado. "No fim, não foi a PT que fez cair o BES, foi o BES
que fez cair a PT", sublinhou.
Mais tarde,
Granadeiro, acrescentou: "O maior erro estratégico que cometi na vida foi
ter partilhado a responsabilidade numa comissão executiva que também dependia
em pleno de outro presidente (Zeinal Bava".
O ex-presidente
da PT SGPS admite que só deu conta que o grupo Espírito Santo poderia ter
problemas quando no âmbito do aumento de capital do BES, em junho de 2014, leu
os riscos que estavam no prospecto da operação. Nessa altura, o deputado do PS,
Pedro Nuno Santos, pergunta-lhe se, tal como Zeinal Bava, também não lia
jornais e não se não li o Expresso. Granadeiro responde que havia nessa altura
muitos rumores. "Eu não só leio os jornais, como sei como se fazem os
jornais", disse. E acrescentou: "O Expresso, o Sol e o I traziam
notícias sobre o BES (...) Prefiro dar mais valor a quem governa o país do que
ao que vem nos jornais", diz Granadeiro.
O BES era muito
activo
"O papel do
BES era o de um acionista de referência, muito activo no acompanhamento da
gestão, e que se envolvia imenso. Qualquer um dos dois administradores do BES
na PT [Amílcar Morais Pires e Joaquim Goes] são grandes gestores", diz
Henrique Granadeiro, ex-presidente da PT SGPS, em resposta ao deputado do PS. Mas
acrescenta: "Não havia lá pessoas que mandam e outras que abanavam a cabeça".
"A ideia que
o conselho de administração era uma marioneta é errada", diz Henrique
Granadeiro, que foi presidente do conselho de administração da PT entre 2008 e
2013. O gestor respondia assim à insinuação de que o BES mandava no conselho de
administração.
Granadeiro diz
que a Ongoing, um dos grandes acionistas da PT, "era igualmente
ativo", mas, dado o relacionamento histórico, o BES era mais ativo.
Henrique
Granadeiro esclareceu ainda que em junho de 2014 não disse que a Oi estaria a
par da aplicação de 897 milhões de euros da Rioforte, porque acreditava que a
fusão era o melhor projeto para a PT e que se o dissesse iria entrar num
processo de litigância com os acionistas brasileiros e isso seria prejudicial
para a operadora portuguesa. Depois, quando percebeu que a PT Portugal iria ser
vendida, decidiu dizer.
A decisão da PT
SGSP e a Oi venderem a PT Portugal à Altice foi "uma traição",
considerou Henrique Granadeiro.

Sem comentários:
Enviar um comentário