Cerco a Tsipras: Acordo não será
sujeito a votação no parlamento
EDGAR CAETANO 2/3/2015,
OBSERVADOR
Está decidido. Acordo de extensão
concluído na terça-feira irá ser debatido no parlamento de Atenas, mas não irá
haver lugar a votação. Cresce a oposição a Alexis Tsipras dentro do partido
Syriza.
Está decidido.
Alexis Tsipras não irá submeter o acordo atingido com o Eurogrupo a votação no
parlamento de Atenas, apesar de liderar um governo de coligação com maioria
absoluta. As “objeções fortes” que, segundo fontes citadas pela imprensa grega,
Tsipras está a enfrentar nas últimas reuniões do Comité Central do partido
levam a que o primeiro-ministro grego prefira proteger-se de uma votação que,
na prática, funcionaria como uma moção de confiança.
Porta-voz do
governo grego, Gabriel Sakellaridis, afirmou esta segunda-feira que a extensão
por quatro meses do acordo com o Eurogrupo será discutida mas não votada pelos
300 deputados gregos. A informação foi dada à Capital.gr. Além dos dois
deputados dos Gregos Independentes, com quem o Syriza está em coligação, o
partido de Alexis Tsipras conta com 149 deputados, perfazendo uma maioria de
151 deputados. No entanto, mesmo dentro do Syriza tem havido dissidências que,
em alguns casos, poderiam transformar-se em votos desfavoráveis que deitassem o
acordo por terra.
Assim, o trabalho
legislativo com vista à extensão do acordo será feito sem plebiscito
parlamentar. Na quarta-feira, dia em que houve uma reunião de 11 horas do grupo
parlamentar do Syriza, Tsipras insistiu numa votação informal do acordo: dos
149 deputados do Syriza, cerca de 30 votaram contra o acordo com o Eurogrupo ou
abstiveram-se. Estes votos poderiam não se traduzir em votos numa eventual
consulta ao Parlamento, mas chegam para evidenciar as divergências dentro do
Syriza quanto a um acordo que é visto como uma concessão em praticamente toda a
linha de Tsipras aos parceiros europeus.
Esta manhã, uma
fonte do Syriza chegou a sugerir que o governo pode cair e serem marcadas novas
eleições. “Se for decidido que não iremos recuar [no acordo obtido com a Europa]
e levar [a assistência externa] até ao fim, então uma reafirmação do mandato
popular será necessária”, disse um parlamentar do Syriza ao Capital.gr. “O que
acordámos com os nossos credores nunca será implementado. E todos sabemos que
assim é”, afirmou um colega de Alexis Tsipras no governo grego, ao cabo de mais
uma reunião tensa da Comissão Central do partido para discutir o acordo com o
Eurogrupo – uma reunião em que se notaram “objeções graves” ao acordo por parte
de alguns parlamentares.
O porta-voz do
governo grego garantiu, também, esta segunda-feira, que o governo tem condições
para suportar os pagamentos necessários em março, um mês em que só ao FMI a
Grécia tem de pagar um total de 1.590 milhões. O governo está a ser pressionado
a começar a aplicar algumas reformas já, tendo Jeroen Dijsselbloem, o
presidente do Eurogrupo, admitido um “primeiro desembolso” da tranche de 7.200
milhões de euros que está pendente com a derradeira avaliação do programa de
assistência externa.
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