Tribunal defende que há
“indícios” de Carrilho ter sido alvo de violência doméstica
MARIA JOÃO LOPES
02/01/2015 - PÚBLICO
Decisão instrutória surge depois de Carrilho ter requerido a abertura da
instrução.
O Tribunal de
Instrução Criminal de Lisboa considerou “haver indícios de que a arguida
Bárbara Guimarães cometeu o crime de violência doméstica”. Em causa poderá
estar, segundo a decisão instrutória, “uma conduta de maus-tratos psicológicos”
por parte da apresentadora televisiva contra o ex-marido Manuel Maria Carrilho.
No documento,
datado de 23 de Dezembro de 2014, pode ler-se que, quando o ex-ministro da
Cultura se ausentou do país, entre 15 e 18 de Outubro, Bárbara Guimarães “de
uma forma fria e calculista trocou a fechadura da porta” e empacotou “10 mil
livros em 107 caixotes”. Além disso, “contratou uma empresa de segurança
privada para impedir o assistente de entrar em casa e incumbiu um estranho de
entregar ao assistente as chaves” do carro.
O tribunal
entende ainda que Carrilho “ficou privado de quaisquer contactos com os
filhos”, incluindo telefónicos, durante três semanas. “Não se pode desvalorizar
o que o assistente terá sentido e o que sofreu com o facto de não ver os
filhos, de estar impedido de entrar em casa e ter acesso aos seus bens pessoais
e de cariz profissional”, pode ler-se. A conduta da apresentadora
“consubstancia actos de grande violência psicológica, o que terá provocado” no
ex-marido “danos na sua saúde psíquica e física, fazendo-o sofrer e
perturbando-o na sua liberdade de decisão por ter estado impedido de ver os
filhos menores”, não ter acesso ao local de trabalho e “ter falhado” certos
compromissos profissionais, “apresentando um quadro de depressão”, como referiu
um psiquiatra ouvido em sede de instrução.
O documento
refere ainda “as condutas da arguida visavam atingir a dignidade do assistente,
humilhando-o, o que configura maus-tratos psicológicos, emocionais e sociais
que ofenderam a dignidade pessoal e a integridade psíquica e física do
assistente”.
Carrilho, também
acusado de violência contra a ex-mulher, já tinha apresentado queixa contra a
apresentadora por vários motivos, entre os quais não ter conseguido entrar em
casa, quando regressou da viagem a Paris. Apesar de, já na altura, entender que
se tratava de violência doméstica, o Ministério Público acabou por não acusar a
apresentadora. Inconformado com este despacho de arquivamento, requereu a
abertura de instrução. Nesse requerimento alega que se sentiu “profundamente
perturbado, ansioso, esgotado emocionalmente, tendo, por via da somatização da
situação de extremo sofrimento psicológico a que foi sujeito, apresentado
queixas como privação do sono durante várias noites seguidas e perda de peso
até aos 56,5 Kg
que exigiram acompanhamento e tratamento médico.”
Em sede de
instrução, foi ouvido um psiquiatra que fez o acompanhamento clínico de
Carrilho e defendeu que este apresentava “um quadro de depressão do sono,
dificuldade de concentração, ansiedade, irritabilidade reactiva, perturbação
com crises emocionais e perda de peso”.
Contactada,
Bárbara Guimarães preferiu não comentar esta decisão instrutória que, a
tornar-se definitiva, pode conduzir a julgamento.
Sem comentários:
Enviar um comentário