quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Tribunal defende que há “indícios” de Carrilho ter sido alvo de violência doméstica



Tribunal defende que há “indícios” de Carrilho ter sido alvo de violência doméstica
MARIA JOÃO LOPES 02/01/2015 - PÚBLICO
Decisão instrutória surge depois de Carrilho ter requerido a abertura da instrução.

O Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa considerou “haver indícios de que a arguida Bárbara Guimarães cometeu o crime de violência doméstica”. Em causa poderá estar, segundo a decisão instrutória, “uma conduta de maus-tratos psicológicos” por parte da apresentadora televisiva contra o ex-marido Manuel Maria Carrilho.

No documento, datado de 23 de Dezembro de 2014, pode ler-se que, quando o ex-ministro da Cultura se ausentou do país, entre 15 e 18 de Outubro, Bárbara Guimarães “de uma forma fria e calculista trocou a fechadura da porta” e empacotou “10 mil livros em 107 caixotes”. Além disso, “contratou uma empresa de segurança privada para impedir o assistente de entrar em casa e incumbiu um estranho de entregar ao assistente as chaves” do carro.

O tribunal entende ainda que Carrilho “ficou privado de quaisquer contactos com os filhos”, incluindo telefónicos, durante três semanas. “Não se pode desvalorizar o que o assistente terá sentido e o que sofreu com o facto de não ver os filhos, de estar impedido de entrar em casa e ter acesso aos seus bens pessoais e de cariz profissional”, pode ler-se. A conduta da apresentadora “consubstancia actos de grande violência psicológica, o que terá provocado” no ex-marido “danos na sua saúde psíquica e física, fazendo-o sofrer e perturbando-o na sua liberdade de decisão por ter estado impedido de ver os filhos menores”, não ter acesso ao local de trabalho e “ter falhado” certos compromissos profissionais, “apresentando um quadro de depressão”, como referiu um psiquiatra ouvido em sede de instrução.

O documento refere ainda “as condutas da arguida visavam atingir a dignidade do assistente, humilhando-o, o que configura maus-tratos psicológicos, emocionais e sociais que ofenderam a dignidade pessoal e a integridade psíquica e física do assistente”.

Carrilho, também acusado de violência contra a ex-mulher, já tinha apresentado queixa contra a apresentadora por vários motivos, entre os quais não ter conseguido entrar em casa, quando regressou da viagem a Paris. Apesar de, já na altura, entender que se tratava de violência doméstica, o Ministério Público acabou por não acusar a apresentadora. Inconformado com este despacho de arquivamento, requereu a abertura de instrução. Nesse requerimento alega que se sentiu “profundamente perturbado, ansioso, esgotado emocionalmente, tendo, por via da somatização da situação de extremo sofrimento psicológico a que foi sujeito, apresentado queixas como privação do sono durante várias noites seguidas e perda de peso até aos 56,5 Kg que exigiram acompanhamento e tratamento médico.”

Em sede de instrução, foi ouvido um psiquiatra que fez o acompanhamento clínico de Carrilho e defendeu que este apresentava “um quadro de depressão do sono, dificuldade de concentração, ansiedade, irritabilidade reactiva, perturbação com crises emocionais e perda de peso”.


Contactada, Bárbara Guimarães preferiu não comentar esta decisão instrutória que, a tornar-se definitiva, pode conduzir a julgamento.

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