PS – a alternativa?
MIGUEL FÉLIX
ANTÓNIO 04/01/2015 - PÚBLICO
Tenho dúvidas que o que aí vem seja uma alternativa substantiva; parece-me
mais uma disputa semelhante à que recentemente ocorreu dentro do próprio PS…
uma peleja entre personalidades.
António Costa terá
alguma probabilidade em suceder a Pedro Passos Coelho na chefia do Governo de
Portugal em 2015.
Todavia, tenho
dúvidas que o que aí vem seja uma alternativa substantiva; parece-me mais uma
disputa semelhante à que recentemente ocorreu dentro do próprio PS… uma peleja
entre personalidades.
Pertencendo à
mesma geração (que é aliás também a minha), um e outro têm um percurso similar
igual a tantos outros que se formaram politicamente no caldo que se foi
produzindo logo a seguir à revolução de 1974/1975.
Políticos
profissionais que ainda adolescentes começaram as suas atividades partidárias,
as mantiveram praticamente de forma ininterrupta até à atualidade, ambos com
reduzidíssima experiência de funções fora da órbita do Estado, o que não é uma
mácula, mas uma marca que também os aproxima.
Nos próximos
meses procurarão o melhor que sabem e podem tentar evidenciar diferenças: de
estilo, de método, de substância e de forma.
É certo que num
aspeto importante estão em desacordo: relativamente a quem deverá ser o próximo
Chefe do Estado. Se o primeiro tem um candidato putativo, António Guterres, o
segundo ainda não manifestou qualquer preferência, pelo menos, pela positiva. Com
razoável dose de probabilidade, será a escolha do primeiro que fará vencimento.
Já no que
respeita a outros temas, apesar das aparências (e bem sabemos quanto elas
iludem…), talvez não haja assim tantas divergências, a não ser a substituição
do pessoal político.
No que concerne à
política económica, não vejo que a pretensa alternativa o seja na substância,
já que o euro não deverá ser posto em causa, os impostos altíssimos, mais coisa
menos coisa, deverão permanecer, e os vencimentos dos servidores do Estado e as
pensões não deverão ter grande subida, pelo menos em comparação com os valores
em que estavam antes das reduções.
O Serviço
Nacional de Saúde não terá seguramente grandes modificações, a Escola pública
tampouco e o sistema de Segurança Social não acredito seja alterado, de modo a
pagar mais aos reformados e outros beneficiários.
Não vislumbro
também que um governo liderado por António Costa empreenda uma profunda reforma
da administração do Estado, designadamente, ao nível municipal, fundindo municípios
ou desativando freguesias e diminuindo o número de eleitos, deputados ou
autarcas.
Custa-me muito a
crer que com António Costa como primeiro-ministro se proceda à reorganização de
serviços públicos, se cortem dotações para fundações e outras associações e se
faça a tão propalada reforma do Estado.
É por isso que
não consigo compaginar as duríssimas críticas que o PS vem fazendo ao atual
Governo, em particular às políticas de austeridade representadas essencialmente
nas reduções dos vencimentos dos funcionários públicos e nas pensões de
reforma, e no brutal aumento de impostos, com a promessa de que, em princípio,
não haverá novo incremento de carga fiscal.
O que seria de
esperar era que o PS explicasse qual a receita milagrosa de que dispõe para
que, sem redução da despesa, como diariamente reclama, consegue diminuir
impostos e elevar vencimentos, uma vez que sendo esse um tema no qual centrou e
mantém o seu combate político, seria de admitir que, uma vez chegado ao
Governo, alteraria o rumo seguido.
Jurista/Gestor
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