sexta-feira, 12 de julho de 2013

Paulo Portas, o homem que se considerava Talleyrand e que ambicionava ser Colbert ... à procura de morada digna do seu cargo.


Decisão de Cavaco Silva apanhou Paulo Portas com o gabinete já esvaziado


Por Nuno Sá Lourenço
12/07/2013 in Público

A surpresa que representou para o presidente do CDS a solução anunciada por Cavaco Silva é a melhor medida na reconstituição dos passos de Paulo Portas nos dias anteriores. O líder centrista era, até anteontem à noite, um político que preparava a sua logística para uma nova aventura. No início da semana, Paulo Portas era uma figura mais ausente do que presente no Palácio das Necessidades. De acordo com relatos chegados ao PÚBLICO, o centrista tinha passado estes dias a preparar a sua saída dos Negócios Estrangeiros.
Perante a recusa de Passos em aceitar a sua saída, o "irrevogável" da demissão de Portas transformava-se apenas no abandono do cargo de MNE e não a permanência no Governo.
A audição de Portas no Parlamento foi, aliás, a melhor imagem de quem estava de saída. Nos bastidores, os sinais eram ainda mais visíveis. A verdade é que antes da comunicação feita pelo chefe de Estado, o líder do CDS já se tinha dado ao trabalho de empacotar tudo no seu gabinete ministerial. E, ao mesmo tempo, foi fazendo as despedidas da praxe para quem estava de saída, para embaixadores e outro pessoal do ministério.
As noites do antigo jornalista eram, entretanto, passadas em viagens semiclandestinas por Lisboa. Aventuras nocturnas pelo património do Estado na capital. Acompanhado por alguns dos seus colaboradores de confiança, Portas visitou inúmeros edifícios em busca do lugar ideal para uma sede digna de vice-primeiro-ministro.
Os ventos de mudança sopravam tão forte naquele ministério que a pressa em arrumar se estendeu também aos subordinados. O secretário de Estado Morais Leitão - seu braço direito no MNE - tinha também o seu gabinete já arrumado e não era visto nele desde o início da semana. Altura em que preparou até os dossiers de transição para entregar o sucessor que viesse a ser nomeado.
O desnorte com a decisão de Cavaco era tal que foi precisamente Morais Leitão o colaborador chamado por Paulo Portas para o substituir no Conselho de Ministros que se realizou ontem. E, ao longo destes dias, as decisões para despacho foram-se acumulando na mesa de Paulo Portas perante as incógnitas que surgiram em relação ao seu futuro.




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