O que mudariam os jovens no país? Tectos para rendas e
fim das propinas
Estudo da Católica inquiriu 900 jovens sobre modos de
participação sociais e cívicos. Renovar os quadros, apoiar o empreendedorismo e
acabar com os recibos verdes são algumas das sugestões.
Ana Bacelar
Begonha
30 de Janeiro de
2023, 13:22
https://www.publico.pt/2023/01/30/p3/noticia/mudariam-jovens-pais-tectos-rendas-fim-propinas-2036921
Além de aferir a
participação política dos jovens, concluindo que os jovens são activos
politicamente, um novo estudo da Universidade Católica para o Conselho Nacional
de Juventude (CNJ) elabora um retrato sobre a capacidade de emancipação dos
mais novos que, à primeira vista, parece positivo. Do universo de mais de 900
jovens inquiridos, entre os 18 e os 30 anos, 48,2% estão empregados e 46,5%
dizem “viver razoavelmente”, existindo apenas 19,9% que consideram “ser difícil
viver com o rendimento que auferem”.
Estas
percentagens podem, contudo, estar relacionadas com o facto de o grosso dos
jovens serem estudantes (58,8%) e ainda viverem com a família (83%) ou numa
casa da família (72,8%). Especialmente, se tivermos em conta que a maioria dos
jovens que “dizem ser muito difícil viver com os seus rendimentos” vivem numa
casa arrendada (46,7%).
O estudo
O "Estudo
sobre a participação política juvenil em Portugal: resultados de um inquérito
online e de grupos de discussão com jovens" foi realizado no âmbito do
projecto "Politicamente desperto: mais informação, melhor
participação", por Raquel Matos, Mónica Soares, Joana Torres e Rui Leandro
Maia. Os autores realizaram um inquérito online a 931 jovens entre os 18 e os
30 anos de idade, entre 23 de Fevereiro e 31 de Maio de 2022, e entrevistas a
12 grupos de foco de jovens.
Na verdade, 67,3%
“admite viver numa situação precária” devido aos baixos salários, ao vínculo
laboral, à falta de progressão na carreira ou à dificuldade de conciliar a vida
profissional com a familiar.
O estudo sugere,
por isso, que os jovens passam por “múltiplas dificuldades de emancipação”,
sendo as suas maiores preocupações “a falta de oportunidades laborais”, a
“precariedade”, os “baixos salários” e “o acesso a habitação” — uma realidade
que se torna mais clara pelo facto de 63,1% dos inquiridos se sentir
“dependente financeiramente da sua família”.
Estes
constrangimentos têm múltiplas consequências, nomeadamente, a nível da
participação política, mas também da capacidade de os jovens terem filhos. Não
chegam a 7% os participantes do estudo que já têm filhos, embora 75,8%
demonstrem essa intenção.
Quanto às
expectativas para o futuro das gerações mais novas, os inquiridos sinalizam a
contratação de jovens, a renovação das carreiras da função pública, a segurança
e a aposta em iniciativas comunitárias e populares. Por outro lado, os jovens
são críticos dos valores praticados no mercado habitacional, da justiça, do
sistema de impostos ou do sistema de ensino.
E têm soluções
para os problemas que os afectam: renovar os quadros, apoiar o
empreendedorismo, criar quotas para a contratação de jovens ou acabar com os
recibos verdes.
Especificamente
na área da habitação, propõem regular o mercado com tectos máximos para as
rendas, bolsas de apoio à habitação e ajudas do Estado para o pagamento da
entrada na compra de casa.
No ensino, querem
mais estágios nas licenciaturas (que defendem que "devem ser remunerados
sem excepções"), acabar com as propinas e criar melhores condições de
acesso às bolsas de estudo.
Na saúde, o foco
está em aumentar a oferta de consultas de saúde mental e o número de psicólogos
ou ainda "o reforço geral do SNS [Serviço Nacional de Saúde]".
Já sobre
mobilidade, pedem mais transportes públicos no interior e passes sociais até
aos 30 anos.
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