domingo, 15 de setembro de 2013

Portas apela a campanha sem gastos supérfluos para responder à crise. / Menezes excedeu em 70% o orçamento para propaganda de rua.



O líder do CDS-PP, Paulo Portas, apelou este domingo para que se faça uma campanha "humilde" e sem gastos supérfluos de dinheiro.
Menezes excedeu em 70% o orçamento para propaganda de rua.

 SANDRA RODRIGUES 15/09/2013 in Público
No primeiro dos pouco comícios em que participa nesta campanha eleitoral, líder do CDS sublinhou que as eleições não são para primeiro-ministro, mas para presidentes de câmara.
Portas deu arranque à campanha autárquica em Viseu, num encontro que reuniu os candidatos do partido ao distrito, uma das poucas iniciativas eleitorais em que o também vice-primeiro-ministro vai participar. No discurso inaugural, pediu para que os candidatos estejam presentes onde “estão os fregueses das freguesias” e que, em vez de gastar dinheiro em cartazes, “façam o dobro do esforço a calcorrear aldeias”.

“A campanha eleitoral não pode passar ao lado da crise”, sustentou, para logo de seguida deixar a promessa de que fará “de tudo” para que Portugal não volte a viver numa “situação humilhante” como a que actualmente está a atravessar. “Uma nação com nove séculos de história, teve de entregar parte da sua soberania por acumular divida a mais e défice a mais”, sustentou.

Paulo Portas lembrou ainda que o que está em causa no dia 29 de Setembro não é a eleição de um primeiro-ministro ou líder da oposição, mas sim do presidente de câmara que é quem está perto da população.

Já Helder Amaral, candidato do CDS-PP à Câmara de Viseu, deixou o aviso de que está pronto para qualquer combate e que não irá “abandonar” o cargo que o povo lhe der. “Se for presidente de Câmara, lá estarei. Se me derem o lugar de vereador, também lá estarei”, disse.


O candidato apelou ao “combate em conjunto” para que Viseu “possa ter novamente o CDS na Câmara” e assim fazer “justiça” ao passado do partido que já liderou o município. O candidato apelou ao voto útil dos eleitores, frisando que esse voto “mais verdadeiro” é no CDS-PP.
in Público

Menezes excedeu em 70% o orçamento para propaganda de rua


A candidatura do PSD é a mais gastadora do Porto. PS excedeu em 16 mil euros as despesas com materiais de rua e CDU já esgotou esse seu orçamento. BE e independentes têm contas controladas
O Porto tem três tipos de campanhas: as controladas, as mais humildes e a de Luís Filipe Menezes. Oficialmente, a campanha eleitoral começa amanhã, mas há já algum tempo que a candidatura "Porto Forte", protagonizada por Menezes, tem as contas no vermelho.
No terreno há muitos meses, o candidato social-democrata leva vantagem não só no número de cartazes espalhados pela cidade (várias vezes substituídos) mas também é o candidato com mais comícios realizados em pré-campanha. Por estes dias, já passaram por muitos bairros sociais da cidade artistas de renome, como Quim Barreiros, Banda Furacão do Brasil ou Banda Regis, que animam os comícios do candidato.
As previsões feitas pela candidatura para o aluguer de estruturas metálicas para cartazes e telas e produção de outdoors já derraparam em 70%. E as despesas envolvidas com a preparação de comícios e espectáculos, que incluem pelo menos um porco no espeto por cada bairro, excederam três vezes mais a verba cabimentada, que é de 10.757,02 euros.
O candidato socialista, Manuel Pizarro, ultrapassou em 16 mil euros o plafonamento para a propaganda eleitoral de rua, mas as contas em relação à realização de comícios e espectáculos (que dispõe de um orçamento de 32.800 euros) estão em terreno positivo. De acordo com a lei, cada candidatura só pode gastar em estruturas para a colocação de cartazes e telas 25% do valor da previsão da subvenção estatal, que, no caso do candidato do PSD, é de 171.979,65 euros (a segunda mais elevada).
A dois dias da abertura da campanha eleitoral para as eleições autárquicas, o PÚBLICO tirou a radiografia às contas da campanha eleitoral do Porto para saber se os orçamentos que as candidaturas entregaram no Tribunal Constitucional (TC) estão a ser cumpridos, escolhendo aleatoriamente duas rubricas: aluguer de estruturas metálicas para cartazes ou telas e comícios e espectáculos. E como se trata de uma campanha eleitoral, cartazes, desdobráveis, infomails, brochuras, porta-chaves, T-shirts, canetas, guarda-chuvas, sacos à colagem, impressão, pendões e autocolantes tudo tem um preço (por unidade) fixado pelo TC. A opção escolhida pela PÚBLICO teve sempre como referência o valor mais baixo que é definido pelo Tribunal Constitucional.

Fazer as contas
De acordo com informação comunicada à Câmara do Porto e que consta do site da autarquia, Luís Filipe Menezes é o que tem mais cartazes/outdoors espalhados pela cidade (118), o segundo é o socialista Manuel Pizarro, com 87, seguido de perto pelo cabeça de lista da CDU, Pedro Carvalho (86). O independente Rui Moreira e o bloquista José Soeiro têm o mesmo número: 67. E o independente Nuno Cardoso colocou 23 telas. Para além dos outdoors, Pizarro recorreu aos pendões, uma opção bastante mais barata. Ao todo são 208 pendões.
Para além da propaganda eleitoral comunicada à Câmara do Porto, a Direcção Municipal da Via Pública detectou, de acordo com um levantamento feito até 5 de Setembro, que existem outros suportes que não foram comunicados por várias candidaturas: CDU (36), BE (16), PSD (14), PS (8) e Nuno Cardoso (1). O independente Rui Moreira foi o único que não afixou mais nenhum outdoor. Tendo por referência os valores fixados pelo TC, as contas são fáceis de fazer. O preço (por unidade) do aluguer pelo prazo de três meses de estruturas metálicas para cartazes ou telas (de 8x3) varia entre 800 e 975 euros, já o aluguer das telas de 2,40x1,70 euros, que é de 400 euros.
No caso de Luís Filipe Menezes, a candidatura gastou só com o aluguer da colocação dos 118 cartazes que comunicou à Câmara do Porto 62.400 euros. As 38 telas de 8x3 custaram 30.400 euros, tendo por referência o valor mais baixo fixado pelo TC que é de 800 euros. Os restantes 80 outdoors de 2,40x1,70 euros, cujo aluguer é de 400 euros por unidade, custaram aos cofres da candidatura 32 mil euros. A este valor falta acrescentar a produção de cartazes e telas.
Há várias opções, mas o PÚBLICO, uma vez mais, escolheu a mais barata, fazendo as contas ao preço para a impressão digital em papel, que varia entre os 180 e 250 euros. Multiplicando 38 outdoors de 8x3 por 180 dá um total de 6840 euros. O preço desce bastante relativamente à produção dos cartazes de 2,4x1,7, saindo cada um a 50 euros (o valor mínimo, 100 o valor máximo). Os 80 cartazes de Menezes colocados na cidade custaram 10.840 euros.
No conjunto, a candidatura "Porto Forte" gastou 62.400 do aluguer de estruturas metálicas e 10.840 na produção de outdoors, o que dá 73.240 euros, ou seja, 70% a mais em relação ao orçamento da candidatura, que é de 42.994 eurospara propaganda eleitoral. Relativamente aos comícios, porcos no espeto e artistas convidados, a factura disparou para quase três vezes mais do previsto. Sem contar bebidas, custos de palco e de som.
O PÚBLICO foi saber quanto custa um concerto de Quim Barreiros, Banda Lusa, ou Banda Regis e, tendo em conta os valores de referência, a candidatura social-democrata já despendeu mais de 27 mil euros. Neste caso, o orçamento é de 10.757,02 euros. À semelhança do que fez com os outros candidatos, o PÚBLICO contactou a candidatura de Menezes para explicar os valores já gastos na pré-campanha, mas ninguém se mostrou disponível para falar.

Rua, o terreno preferido
Com uma subvenção estatal estimada em 199.717,28 euros, a candidatura de Manuel Pizarro gastou 20 mil euros em 25 outdoors (8x3) e 24.800 euros nos 62 (4x1,5). Acresce a este valor os 208 pendões que têm um custo de cerca de 21 mil euros (para um total e dez mil). Em propaganda eleitoral de rua, a candidatura socialista já gastou 65.800, excedendo em 16 mil euros a verba orçamentada (49.734 euros) no aluguer e produção de cartazes e na colocação de 208 pendões. Quanto à rubrica comícios e espectáculos, as contas estão controladas. "Temos feito uma campanha muito moderada, não temos grandes iniciativas. A nossa principal aposta é no contacto com as pessoas, acreditamos muito mais na eficácia deste tipo de iniciativas do que organizar comício em que se matam porcos e convidam artistas", afirma Manuel Pizarro.
Ao PÚBLICO, o candidato socialista afirma que gastar de mais se trata de "uma forma de humilhar as pessoas, de atingir a sua dignidade": "É quase indigno fazer-se uma campanha de gastos excessivos."
O orçamento da CDU para campanha eleitoral de rua está esgotado. Pedro Carvalho afixou 86 cartazes, 2 (8x3) e 84 (1,75x1,20), que custaram 19.900. A maior fatia foi para o aluguer de estruturas, que contabilizou 14.200 euros, e a produção de cartazes 5700 euros.
Questionado pelo PÚBLICO sobre os gastos da campanha, Belmiro Magalhães, da Organização do PCP na Cidade do Porto, disse que não dispor de informação sistematizada sobre o que já foi despendido pela candidatura e afastou acções de campanha com custos associados. "Há aspectos na agenda da campanha que ainda não estão fechados, nomeadamente o seu encerramento", referiu o responsável, revelando que se houver comícios serão animados com a prata da casa. "Não vamos alugar o Palácio de Cristal ou o Coliseu", garantiu.
Os 67 cartazes afixados pelo Bloco - 58 de 1,75X1,20 e 9 de 8x3 - custaram à candidatura 15.900 euros. A produção foi bem mais barata, estando estimada em 3070. Tudo somado, dá um total de 18.970 euros, o que significa que o BE excedeu os 14.206 euros orçamentados e que correspondem a 25% do valor da subvenção estatal estimada. Mas a candidatura de José Soeiro, para além da verba cabimentada para telas e cartazes (2500 euros), incluiu uma outra no valor de 8471 euros para despesas centrais relacionadas também com a propaganda de rua. "Os nossos cartazes são feitos à mão por artistas da cidade que estão a trabalhar connosco, como José Paiva, Tiago Gomes, Sofia Lomba, João Alexandrino ou Gui Castro Felga", afirmou o candidato ao PÚBLICO, revelando que vão ser colocados cubos em algumas zonas da cidade.
Rui Moreira, líder da candidatura independente "O Nosso Partido É o Porto", tem as contas controladas. A candidatura afixou um total de 67 cartazes, que custaram 33.200 euros. A produção das 51 telas (2,40x1.70) e das 16 (8x3) saldou-se em 5430 euros. O valor total é de 38.630 euros. A verba cabimentada pela candidatura para o aluguer de estruturas e produção de cartazes é superior aos 24.630 que foram gastos até agora.
Nuno Cardoso, o outro candidato independente, também tem as contas em terreno positivo: orçamentou 34 mil euros para telas e outdoors, e só gastou até agora 14.590. "Nós não temos quem nos pague as contas pelo que temos de fazer uma campanha muito contida", declarou Cardoso.

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