sábado, 21 de setembro de 2013

Livraria Lello ganhou o "hexa" mas o futuro ainda preocupa



Livraria Lello ganhou o "hexa" mas o futuro ainda preocupa


O dia em que a Livraria Lello e Irmão foi classificada como monumento de interesse público foi igual aos outros, neste edifício da Rua das Carmelitas, no Porto. Foi um dia feito de compradores e visitantes, muitos visitantes. Antero Braga, um dos proprietários, diz-se satisfeito com a distinção, mas não esconde a preocupação com o futuro, e entre mais um grupo de turistas que chega para olhar o interior único da Lello, brinca: "Com este prémio ganhei ao Pinto da Costa [presidente do FC Porto]".
O livreiro e gestor explica: é que o FC Porto chegou ao "penta", vencendo cinco campeonatos entre 1994 e 1999, mas a Lello "já chegou ao "hexa"", uma vez que a classificação, que Antero Braga vê como "um prémio", é a sexta distinção que a livraria recebeu, anualmente, desde 2008. Foram várias, que o livreiro desfia de cor, mas a que lhe deu "maior gozo" foi a de 2010, quando a editora especializada em turismo Lonely Planet elegeu a Lello como a 3.ª livraria mais bela do mundo.
Na portaria publicada ontem em Diário da República afirma-se que o edifício, inaugurado em 1906, no mesmo local onde já existira, desde 1896, a livraria Chardron, é "um dos mais importantes edifícios da arquitectura ecléctica portuguesa, integrando marcenarias e vitrais sem paralelo no país". E fala-se, claro, da fachada neogótica, da fabulosa escadaria interior, dos vitrais e da clarabóia. Estas são as razões pelas quais milhares de turistas invadem a Lello (Antero Braga garante que são mais de dois mil por dia e que a livraria é já "o local mais visitado da cidade"), saindo, às vezes, zangados com o facto de não os deixarem tirar fotografias. "Isso não é verdade. Das 9h às 10h as pessoas podem bater à porta e entrar para tirar fotografias gratuitamente, mas durante o horário de trabalho é impossível", diz Antero Braga.
Para o livreiro a conservação do espaço que adquiriu, com dois sócios, em 1994, numa altura em que a Lello ameaçava encerrar portas, é uma preocupação constante. "Não penso reformar-me já, mas preocupa-me o futuro, porque isto precisa de um livreiro que seja também gestor, para fazer frente aos dois grandes grupos que controlam o mercado, a Leya e a Porto Editora", diz. Inconformado com o encerramento das pequenas livrarias, Antero Braga gostaria de ver os livros escolares feitos na Imprensa Nacional para "tirar a guloseima à Porto Editora" e promete lutar sempre pela Lello.
A funcionar entre as 10h e as 19h30, a Lello continua a maravilhar quem a visita e as distinções não param. Antero Braga já foi avisado que, este ano, ganhou, de novo, o certificado de excelência do site de turismo Trip Adviser. É o "hepta".

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