quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Sá da Costa já fechou. Futuro do espaço depende dos compradores.

Sá da Costa já fechou e o administrador judicial está a tentar vender o espaço


A histórica livraria do Chiado fechou definitivamente as portas. Futuro do espaço depende dos compradores
A Livraria Sá da Costa, em Lisboa, declarada insolvente, foi encerrada para liquidação e a administradora judicial está a receber propostas de compra, disse à Lusa um dos ex-funcionários. "Recebemos os papéis para ter acesso ao subsídio de desemprego e, quanto a indemnizações, se houver, só depois de tudo vendido", disse Susana Pires, ex-funcionária da livraria.
A liquidação concretizar-se-á com a venda de todo o património da Sá da Costa, para pagamento aos credores, e com a extinção da empresa. O imóvel que é posto à venda é o espaço da livraria, na Rua Garrett, fazendo esquina com a Rua Serpa Pinto, e o primeiro piso do edifício.
"Nesta altura estamos a trabalhar, sem auferir salário, para entregar aos editores os livros que, para mantermos a livraria aberta, nos foram entregues à consignação", realçou. A livraria foi declarada insolvente pelo Tribunal de Comércio de Lisboa, em Julho, depois de a assembleia de credores ter "chumbado" o plano de viabilização da empresa.
A Sá da Costa existe desde 1913, ligada à editora com o mesmo nome, tendo aberto inicialmente no Largo Dr. António de Sousa Macedo, ao Poço dos Negros, mudando-se em 1943 para o actual espaço. Num manifesto publicado no dia 20 de Julho, os trabalhadores apontaram o dedo aos negócios imobiliários e ao "absoluto vazio gerado pela ditadura financeira", que responsabilizaram pelo encerramento da livraria.
No mesmo manifesto, os trabalhadores chamaram à atenção para a "destruição dos espaços culturais emblemáticos, por fatal "mudança de ramo", vítimas da especulação dos arrendamentos, expulsos pela investida tornada "natural" das lojas de luxo, [que] encerram portas num abrir e fechar de olhos".
No dia 24 de Julho, a Câmara de Lisboa aprovou por unanimidade uma moção apresentada pela vereadora da Cultura, para a classificação da Livraria Sá da Costa como imóvel de interesse público. "A Câmara de Lisboa entende que a livraria tem um alto valor patrimonial e cultural, pelas memórias e pelas manifestações culturais que lá se realizaram, e insere-se numa zona classificada de interesse público. O que pretendemos é pedir à Direcção-Geral do Património para iniciar o processo de classificação da livraria, não obstante todo o conjunto já estar classificado", explicou na altura a vereadora Catarina Vaz Pinto.
Por seu lado, o vice-presidente da câmara, Manuel Salgado, disse que o "ideal era conseguir que a actividade de livraria fosse assegurada no espaço", mas afirmou que a autarquia não tem "instrumentos que permitam garantir que o uso não seja alterado".

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