sábado, 17 de agosto de 2013

Efeitos Colaterais ...


“Vi também um homem de quem gosto e admiro a inteligência, Pedro Lomba, a prestar-se a um papel patético digno de entrar numa comédia burlesca de Monty Python – depois de tantos episódios de Os Homens do Presidente não aprenderam nada?”
Luís Osório in Sol online 16-8-2013

Este país não é para Briefings. Só duraram 44 dias
Por Luís Claro
publicado em 17 Ago 2013 in (jornal) i online

Começaram no início do Verão, mas não resistiram às altas temperaturas. No PSD há quem deseje que não regressem de férias
Um mês e meio foi o tempo que duraram, pelo menos com este formato, os polémicos briefings do governo. A intenção era resolver o problema de comunicação, mas os próprios briefings tornaram-se um problema e não resistiram ao Verão. "O ruído", expressão utilizada por Poiares Maduro para expressar a fragilidade do modelo, foi tanto que o governo já anunciou a intenção de alterar o formato e a regularidade dos encontros.

Foi pela regularidade, ou falta dela, que os briefings começaram a gerar polémica. Se, no início, o governo anunciou que os encontros seriam diários para que o executivo falasse "a uma só voz" não tardou que passassem a ser bissemanais. Como se não chegasse, um dia depois de o governo inaugurar este novo modelo de comunicação, Paulo Portas comunicou ao país que se tinha demitido. No próprio dia em que Portas lançou a bomba ainda houve briefing, como se nada estivesse para acontecer dentro do governo, mas a abertura de uma crise política fez os briefings irem de férias durante quase um mês. Uma "coincidência infeliz", nas palavras do ministro Poiares Maduro ou não tivesse Vítor Gaspar apresentado a demissão no dia em que o governo estreou os briefings.

FOI UM SUSTO Com a crise resolvida, os briefings voltaram, mas nem por isso as coisas correram melhor. Em plena polémica sobre o envolvimento do secretário de Estado do Tesouro no caso dos swaps, Pais Jorge enfrentou as câmaras de televisão, mas não conseguiu disfarçar algum nervosismo, e sobretudo embrulhou-se em contradições. Na semana seguinte, o governante apresentou a demissão. "Foi um susto ver o homem responder", comentou Marcelo Rebelo de Sousa.

O ex-líder do PSD avisou que "ainda não houve um briefing que corresse bem", enquanto Marques Mendes apontou o dedo a quem os dirige, que "não tem jeito para tal". Num artigo na revista "Visão", esta semana, o ex-ministro de Cavaco Silva defende que tentar resolver problemas políticos com operações de comunicação "dá desastre garantido".

Tanto o PSD como o CDS receberam com alívio a notícia do fim dos briefings, perante a confusão que estavam a criar em vez de melhorar a comunicação. "Não foi feliz a ideia", admite ao i o deputado Guilherme Silva. O ex-líder do grupo parlamentar do PSD defende que se "provou" que "este modelo falhou" e "não se justificava". Guilherme Silva, como outros no PSD, defende que "as medidas têm de ser explicadas", mas não assim.

Mais cauteloso, o deputado centrista Raul de Almeida reconhece que "a comunicação não foi bem cuidada e não foi uma prioridade" nos primeiros dois anos do governo, mas julga que isso se justifica com a situação de "emergência nacional". A partir de agora, o centrista considera que existem condições para "afinar o formato dos briefings". "É uma coisa nova. Não quer dizer que no primeiro formato as coisas corram bem."


VAMOS PENSAR MELHOR
 Perante tantas críticas, o governo decidiu pensar noutro formato, mas ainda não revelou qual. O ministro Poiares Maduro disse apenas que o governo irá pensar "como melhor evoluir", mas garantiu que terão uma "regularidade diferente" e "um formato" novo. O que isto quer dizer só saberemos quando os mentores dos briefings regressarem de férias, provavelmente num briefing convocado para o efeito.


Casa Branca.O fim dos briefings pode estar para breve
Por Catarina Falcão
publicado em 17 Ago 2013 in (jornal) i online

Respostas vagas e ambiente de crispação entre o gabinete de imprensa e os jornalistas tem gerado críticas das duas partes

 "O briefing diário tornou-se uma tarefa inútil para os repórteres, um incómodo constrangedor para o pessoal da administração e uma fonte de atrito entre os dois campos", escreveu em Julho deste ano Reid Cherlin, antigo assessor do gabinete de imprensa da Casa Branca sob a administração de Barack Obama, propondo acabar definitivamente com este modelo de comunicação entre o executivo e os jornalistas. A sugestão caiu como uma bomba em Washington, mas a maior parte dos meios de comunicação concorda que algo tem de mudar.
O mais recente "atrito" aconteceu quando o secretário de Imprensa Jay Carney - que entre outras responsabilidades, age nos briefings como porta-voz do executivo -, confrontado com a questão da Associated Press sobre se os incidentes no Egipto estavam a ser considerados pelo governo como um golpe de Estado, levando a que fosse cortada a ajuda que os EUA dão ao país, respondeu que a Casa Branca estava a "analisar a situação" e a "monitorizar os acontecimentos no país". As perguntas seguintes insistiram neste tema e Carney acabou por não dar uma resposta clara às solicitações.
"É como se fôssemos peões num reality show. Prefiro gastar hora e meia a encontrar-me com alguém ou a enviar emails para quem tenha noção do que é importante, ou seja, fazer o meu trabalho de jornalista", apontou Peter Baker do "The New York Times". Também Michael McCurry, antigo secretário de Imprensa de Bill Clinton, escreveu numa crónica que a relação entre a comunicação social e a Casa Branca "está cada vez mais amarga" e o ambiente na sala do briefing é muitas vezes "sulfuroso", não só porque o tom da imprensa "é cínico e sarcástico", mas porque a equipa do secretário de Imprensa "desconsidera" os jornalistas.
Não são só as respostas evasivas dadas pelos sucessivos secretários de imprensa que têm sido alvo de críticas. A própria organização dos jornalistas na sala - a planta que determina quem se senta onde é decidida pela Associação de Correspondentes da Casa Branca - também tem sido contestada, com as grandes cadeias de televisão a conseguirem melhores lugares na sala e a fazerem perguntas primeiro.
UM SÉCULO DE BRIEFINGS As conferências de imprensa na Casa Branca comemoraram este ano o seu 100.o aniversário. Em 1913, Woodrow Wilson convidou 125 jornalistas para uma conversa e a tradição começou, mas foi o seu secretário pessoal, Joseph Tumulty, que iniciou os briefings diários. O cargo de secretário de Imprensa da Casa Branca só foi oficializado durante a administração Roosevelt e durante muito tempo os briefings não eram filmados nem gravados, tratando-se de conversas informais com jornalistas. As câmaras foram introduzidas em 1955 por curtos períodos e foi na presidência de Nixon que foi construída a sala em que hoje os briefings têm lugar - por cima da piscina interior de Franklin Roosevelt.

O briefing começou a ser filmado na íntegra na presidência de Clinton. "A partir do momento em que a televisão passou a transmitir o briefing em directo, tornou-se o equivalente diário de uma novela da noite para os canais noticiosos. Tornou-se um teatro do absurdo em vez de uma troca útil de informações com a imprensa", disse Michael McCurry em entrevista. Como alternativa há quem sugira nos corredores da Casa Branca voltar ao sistema de conversas informais ou pura e simplesmente tornar mais regulares as interacções entre o presidente e os jornalistas.
Respo

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