Quase
a ser desalojado, Lusitano Clube lança petição a apelar à sua
salvação
POR O CORVO • 6
DEZEMBRO, 2016
O prazo dado pelo
senhorio expira a 15 de janeiro próximo. Por isso, sobra pouco mais
de um mês para o centenário Lusitano Clube, nascido em Alfama em
1905, encontrar uma solução viável para assegurar a sobrevivência.
Alguns dias após ter sido lançada uma recolha de assinaturas em
papel, passa agora a ser possível expressar apoio online à
colectividade cultural que se encontra na iminência de ser
despejada.
“Pelo Futuro do
Lusitano Clube” pede à Assembleia Municipal de Lisboa e à Câmara
Municipal de Lisboa que sejam encontradas soluções para a situação
desesperada em que se encontra a agremiação popular, após ter sido
notificada para abandonar o edifício, situado na rés-do-chão do 81
da Rua São João da Praça. A vontade do dono do edifício em criar
um novo bloco de apartamentos poderá ditar o fim de um clube que,
desde 2015, e após anos de marasmo, tem gozado de um muito gabado
período de regeneração.
“Numa altura que
se fala na candidatura dos Bairros Históricos de Lisboa a Património
Cultural da Humanidade, e por vermos frequentemente na imprensa que
esta preservação da autenticidade é igualmente querida para a
Câmara Municipal de Lisboa, queremos acreditar que não se pretende
que se transformem em meros museus, sem vida própria e sem
autenticidade. Colectividades como o Lusitano são âncoras de
autenticidade, elos de ligação entre moradores, turistas e
entidades públicas”, diz a petição, depois de informar que “o
clube está, neste momento, em risco de acabar”. “Não queremos
esmolas, nem pretendemos um tratamento diferenciado. Queremos que nos
oiçam e que exista diálogo no sentido de encontrar soluções.
Temos várias propostas a apresentar”, afirmam, no documento, os
dirigentes da colectividade.
Em declarações ao
Corvo, David Costa, presidente da direcção do Lusitano Clube,
lamenta a falta de soluções para um problema cuja resolução se
assemelha impossível sem uma ajuda por parte de terceiros e,
sobretudo, “a ausência de diálogo por parte das entidades
públicas”. “Ainda não assinámos o documento que vai efetivar a
nossa saída, mas estamos de pés e mãos atados. A Junta de
Freguesia de Santa Maria Maior fechou-se ao diálogo e a Câmara
Municipal de Lisboa continua sem responder aos nossos apelos”,
queixa-se o dirigente associativo, frisando pouco mais ter recebido
que votos de solidariedade – como a demonstrada pelos deputados da
assembleia municipal, em final de Setembro, quando aprovaram por
unanimidade uma recomendação do Bloco de Esquerda, solicitando à
CML que “proceda a diligências com vista à possibilidade da
manutenção do Lusitano Clube no mesmo local onde hoje se encontra”.
Na petição agora
lançada, é salientado o “projecto de revitalização e
recuperação do clube” realizado nos últimos tempos. “O
Lusitano reinventou-se, actualizou-se e criou uma fórmula
sustentável, e, desta forma, provámos que as entidades históricas
podem ter sucesso e integrar de forma muito positiva a necessária,
mas sustentável, evolução da cidade que todos amamos. Criamos e
promovemos cultura para todos, lisboetas e turistas. Lutamos contra a
descaracterização e normalização do bairro de Alfama”, lê-se
no texto que introduz a recolha de assinaturas.
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