Viagens,
contactos e medalhas: o Oliveira da Figueira, de Tintim
Maria João Lopes /
8-6-2016 / PÚBLICO
Imagens de OVOODOCORVO
Foi Paulo Portas
que, enquanto vice- primeiro- ministro, se comparou a Oliveira da
Figueira, a personagem de Tintim, conhecida por conseguir vender
tudo. As tiradas humorísticas são conhecidas do número dois do
anterior Governo que fez muitas viagens, quando era ainda o revogável
ministro dos Negócios Estrangeiros. Contactos da Ásia à América
Latina.
As notícias das
viagens estão espalhadas pelos jornais, como estão agora as de que
Portas vai precisamente promover a criação de um Conselho
Estratégico para a América Latina e apoio à internacionalização
para encontrar oportunidades e estratégias em mercados de regiões
onde a Mota-Engil ainda não tenha presença. Em Outubro de 2014 o
grupo Mota-Engil assinou um contrato para a construção de um
projecto turístico e imobiliário no México. O acordo foi feito
durante a missão portuguesa àquele país liderada pelo então
viceprimeiro-ministro. Em 2013, já lá tinha estado na inauguração
de uma obra da empresa.
Em Setembro de 2014,
na publicação Sinergia da Mota-Engil também se conta como os
negócios vão de vento em popa. O texto relata que Oportunidades de
Negócio MéxicoPortugal foi o tema de um seminário em Lisboa, no
fim do qual se celebrou um protocolo de investimento do grupo com
empresas mexicanas para um projecto de turismo. O presidente da
Mota-Engil e os Presidentes de ambos os países estiveram presentes.
E, claro, Portas: “Queremos mais para Portugal no México, mas
também mais México em Portugal.”
Em 2013, em Luanda,
Portas visitou as instalações da Mota-Engil. Em Novembro seguinte,
o Económico destacava que a Mota-Engil fora dada como exemplo de
sucesso no que toca à internacionalização — na abertura do
Portugal Exportador, Portas insistiu nas exportações e enalteceu o
“imenso orgulho” que tinha nas empresas portuguesas. Protagonista
da diplomacia económica, foi ministro dos Negócios Estrangeiros e,
depois, vice-primeiro-ministro com a tutela das exportações.
Numa viagem aos EUA
em Abril de 2015, ecoou pela imprensa o mote da viagem: “Vender,
vender, vender.” O espírito da personagem de Hergé, Oliveira da
Figueira — comerciante português que consegue vender o mais inútil
dos objectos — e os contactos feitos em viagens não serão alheios
à escolha de Portas para o novo lugar. O que vai agora, no novo
cargo, conseguir Oliveira da Figueira vender em qualquer floresta
tropical?
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