segunda-feira, 20 de junho de 2016

Fenprof pede à PSP confirmação de números sobre a manifestação dados ao PÚBLICO

 Já ao Expresso, recusou ter sugerido o despedimento da jornalista e, questionada sobre se mantém tudo o que disse, acrescentou que “teria colocado emojis”. A deputada do PS apagou entretanto o polémico post publicado na sua conta naquela rede social.
PÚBLICO / 21-6-2016

Fenprof pede à PSP confirmação de números sobre a manifestação dados ao PÚBLICO

PEDRO SALES DIAS 20/06/2016 – PÚBLICO

Federação quer que a polícia esclareça se disse que apenas estiveram 15 mil manifestantes no sábado em Lisboa. Direcção do PÚBLICO reafirma que "não tomou partido sobre a polémica".

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) pediu à PSP que confirme se forneceu ao PÚBLICO o número de pessoas que estiveram presentes na manifestação em defesa da escola pública, em Lisboa, no sábado. Durante a manifestação, o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, apontou terem participado 80 mil pessoas no protesto, enquanto o comando da PSP de Lisboa indicou terem estado presentes 15 mil. “Procurando apurar a verdade, a Fenprof já dirigiu um ofício ao comando da PSP de Lisboa para saber se foi ou não prestada qualquer informação à comunicação social em geral e, em particular, ao jornal PÚBLICO”, refere a federação num comunicado divulgado nesta segunda-feira. Ao PÚBLICO a PSP remeteu esclarecimentos para esta terça-feira.

A Fenprof considera “estranho” que a PSP tenha fornecido os números ao jornal. “Também a organização da marcha tentou obter o número calculado pela PSP, tendo-se dirigido ao chefe do destacamento policial presente, tendo este informado que, por decisão superior, não divulgavam números”, alega. Após uma polémica de números relacionada com uma manifestação também da Fenprof, em Maio de 2009, em Lisboa — em que a federação apontava 80 mil pessoas e a PSP entre 50 a 55 mil —, a polícia decidiu deixar de revelar as estimativas de manifestantes que calcula com base na área urbana ocupada. Nos últimos anos, porém, alguns oficiais da PSP voltaram a fazê-lo pontualmente.

No comunicado, a Fenprof diz já ter apresentado um “protesto junto da direcção do PÚBLICO pela forma como tratou a marcha em defesa da escola pública: antes, silenciando a iniciativa, durante e depois, não conseguindo disfarçar a irritação pelo êxito da mesma, o que teve a expressão nas abordagens que fez”.

As explicações do PÚBLICO
A directora do PÚBLICO, Bárbara Reis, rebate a acusação. “O PÚBLICO não tomou partido sobre a polémica. Tem ouvido todas as partes e abriu as suas páginas ao debate livre sobre o tema”, salienta. Bárbara Reis também explica como foram recolhidos os dados. “No sábado, o PÚBLICO falou com o oficial de dia do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, Filipe Silva, que nos deu as estimativas da manifestação da Fenprof. Pelo menos mais dois jornais, o Jornal de Notícias e o Observador, contactaram a PSP e publicaram números semelhantes. Do mesmo modo que, no dia seguinte, o PÚBLICO falou com o subcomissário Hélder Andrade, do Comando Metropolitano da PSP do Porto, responsável pela preparação e acompanhamento da manifestação do movimento Defesa da Escola Ponto. Foram estes dois membros da PSP que forneceram os dados que publicámos: 15 mil (Lisboa) e ‘menos de sete mil’ (Porto)”, esclarece.

A Fenprof critica ainda o jornal por ter referido que a manifestação começou com duas mil pessoas, “número inferior a quantos viajaram só nos comboios que partiram do Norte”. Ainda no âmbito da manifestação de sábado, a federação volta a lamentar a referência no artigo à presença de Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, e Jerónimo de Sousa, do PCP, no palco ao lado de Mário Nogueira. Quanto a esse “erro”, Bárbara Reis sublinha que “foi identificado e corrigido”.

Além de acusar o PÚBLICO de não ter sido “neutro” no que “concerne ao debate sobre a escola pública e os contratos de associação com privados”, a Fenprof considera que o jornal usou “dois pesos e duas medidas” por, no mesmo artigo, se ter referido “a duas manifestações: a da escola pública, pondo em causa a informação divulgada pelos promotores”, e a “dos colégios privados, dando como certa a informação dos promotores”.


Numa carta enviada nesta segunda-feira ao PÚBLICO, a deputada do PS Gabriela Canavilhas — que sugeriu, no domingo, no Twitter, o despedimento da jornalista Clara Viana, que acompanhou a manifestação de sábado em Lisboa — insiste na “discrepância absurda entre as 15.000 pessoas” indicadas pela PSP e as 80.000 apontadas pela Fenprof. Já ao Expresso, recusou ter sugerido o despedimento da jornalista e, questionada sobre se mantém tudo o que disse, acrescentou que “teria colocado emojis”. A deputada do PS apagou entretanto o polémico post publicado na sua conta naquela rede social.  

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