terça-feira, 28 de junho de 2016

A "sensatez" da Comissão


EDITORIAL / PÚBLICO
A "sensatez" da Comissão

A ser verdade, os dirigentes comunitários só provam que não aprenderam nada com a tragédia do Brexit e com a inquietante indefinição espanhola. Indiferentes ao clamor dos cidadãos, continuam, impávidos, a demolir o projecto europeu.”
PÚBLICO

28/06/2016


Quando, em meados de Maio, a Comissão Europeia optou por adiar a decisão sobre os défices de Portugal e Espanha, o Presidente da República considerou essa posição “sensata”. Não se percebe o porquê de tanta indulgência, dado que este órgão comunitário de topo não é propriamente conhecido pela sensatez e equidade das suas decisões. Na altura, toda a gente percebeu que o adiamento se deveu ao referendo no Reino Unido e às eleições em Espanha e não a razões de ponderação ou justiça. Aliás, o próprio Jean-Claude Juncker eliminou pouco depois qualquer dúvida sobre os critérios da Comissão ao justificar, curto e grosso, que a França não seria sancionada por défice excessivo apenas “porque é a França”. Ontem soube-se que a Comissão deve mesmo propor a aplicação de sanções aos países ibéricos na reunião do Eurogrupo, em Julho. A ser verdade, os dirigentes comunitários só provam que não aprenderam nada com a tragédia do Brexit e com a inquietante indefinição espanhola. Indiferentes ao clamor dos cidadãos, continuam, impávidos, a demolir o projecto europeu.

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