Assustador!
OVOODOCORVO
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Carlos Moedas.
“Gostava de ver muito mais Ubers e Airbnbs. Sou a favor”
Ana Pimentel
/9/6/2016, OBSERVADOR
http://observador.pt/2016/06/09/carlos-moedas-gostava-de-ver-muito-mais-ubers-e-airbnbs-sou-a-favor/
O Comissário
europeu afirmou ao Observador que "as leis do futuro já não
podem ser feitas só pelos políticos". E que, para quem lança
startups, "a paixão é mais forte do que o retorno económico".
“Já o disse e
repeti. Gostava de ver muito mais Ubers e Airbnbs. Até digo as
marcas para saberem que sou a favor”, afirmou Carlos Moedas ao
Observador, à margem do Lisbon Investment summit, evento que a
Beta-i organiza todos os anos para promover o investimento em
startups portuguesas. Para o comissário europeu com o pelouro da
Inovação, é preciso que “o empreendedor do futuro” saiba
trabalhar com os governos e com a União Europeia num trabalho
conjunto.
As leis do futuro já
não podem ser feitas só por políticos. Têm de ser feitas em
conjunto com todos aqueles que estão a produzir e têm de ser muito
mais flexíveis do que agora. Porque as leis são, por definição,
muito estáticas. Podemos estar a regulamentar um negócio que foi
aqui apresentado, mas esse negócio vai desaparecer e depois vai
aparecer outro que é muito diferente”, afirmou.
Carlos Moeda
explicou que tem trabalhado no programa “Innovation Deals” com o
vice-presidente da Comissão Europeia, Frans Tiemmermanns, para
ajudar empreendedores a resolver problemas de regulamentação que
colidam com os negócios que operam. “[Quando há] um empreendedor
que chega à Comissão e diz: ‘não consigo fazer o meu negócio
porque a vossa lei ou regulamentação não deixa’, nós
sentamo-nos à mesa, chamamos o regulador, as autoridades nacionais e
começamos a ver se é mesmo a regulamentação ou se é a
interpretação da lei que o leva a pensar que não pode mas que
afinal pode”, explicou.
Para o comissário
europeu, os empreendedores “da terceira vaga da internet” – que
inclui os negócios da economia colaborativa como Uber ou Airbnb –
sabem que para puderem operar dependem muito dos decisores políticos.
E que “isso tem muito a ver com a Europa, às vezes mais do que com
os governos nacionais”.
Acho que [estes
problemas] nunca vão estar resolvidos, porque isto é uma corrida de
fundo. Vamos tendo uns que se resolvem, outros que não, e há
cidades que resolvem melhor do que outras”, afirmou ao Observador.
“A paixão é mais
forte do que o retorno económico”
À margem do Lisbon
Investment Summit, Carlos Moedas explicou que Lisboa mudou muito nos
últimos 20 anos, tendo-se tornado numa escolha para muitos
estrangeiros que querem lançar empresas.
[Há] um grande
movimento de mudança na própria maneira como as pessoas saem das
universidades. Hoje, querem montar empresas e não andam à procura
de emprego. Procuram montar uma empresa, ter uma ideia”, afirmou.
Essa mudança
deve-se ao facto de os empreendedores trabalharem “com paixão
total, com amor à camisola. [Neste meio] a paixão é mais forte do
que o retorno económico”, acrescentou o comissário, que comparou
ainda um ecossistema empreendedor funcional a um “puzzle”, no
qual não podem faltar peças.
O ecossistema de
inovação tem de ter sempre uma universidade no centro, e aí
Portugal tem “N” universidades, tem de ter capital humano que sai
dessas universidades, tem de ter empresas à volta dessas
universidades, tem de ter financiamento e ainda a parte da regulação,
ou seja, tudo o que é a capacidade de deixar os empreendedores criar
sem lhes pormos problemas, sem lhes criarmos barreiras.
Para que os
resultados sejam bons, “tem de funcionar tudo ao mesmo tempo” no
ecossistema. Em Portugal, “é esse o caminho” que o país tem de
continuar fazer, ao nível “das reformas do mercado de trabalho, do
mercado do produto e do sistema judicial. Isso cria confiança para o
investimento. O resto Portugal já tem”, defendeu.
O país, diz o
Comissário, tem mudado também em termos de mentalidade, e tem
evoluído graças aos “jovens” empreendedores: “Nós em geral
somos muito humildes, não nos vendemos o suficiente. Isto é o novo
Portugal, que é muito mais agressivo na maneira como se vende.”
Isto apesar de, hoje em dia, a concorrência entre economias já não
se fazer entre diferentes países, mas entre diferentes cidades.
Aquilo que estamos a
ver é que basicamente este já não é um mundo de países, é um
mundo de cidades. Hoje mais de 60, 70 por cento do PIB do mundo é
nas cidades que é produzido. Estamos a falar de uma concorrência
global de cidades, e nessa concorrência temos que conseguir vender
as nossas cidades e os nossos polos de empreendedorismo”, explicou.
Entre esses polos
está o lisboeta. A cidade, diz Carlos Moedas, “está
extraordinária” ao nível da inovação. Mas a concorrência é
forte e os desafios são grandes. “Lisboa tem que se posicionar
nesse jogo global que são as cidades. Quando as pessoas pensam em
Boston, Berlim, Londres, Paris, têm de pensar em Lisboa”, explica
o comissário.
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