Assis
voltou a criticar a solução de Governo e ouviram-se apupos na sala
Margarida Gomes
04/06/2016 – PÚBLICO
Ex-líder
da bancada parlamentar adverte que o “Governo vive em liberdade
muito condicionada
O eurodeputado
Francisco Assis reiterou este sábado perante o congresso do PS, em
Lisboa, a sua oposição ao actual Governo liderado por António
Costa – “uma aliança contranatura” – e disse que o PS
diverge do Bloco de Esquerda (BE) e do PCP em todas as questões
essenciais. E aproveitou para dizer que o “Governo vive em
liberdade muito condicionada”.
As primeiras
críticas de Francisco Assis foram recebidas com uma vaia por parte
de alguns congressistas. O eurodeputado calou-se por alguns
instantes, mas logo retomou a palavra para, de novo, vincar as suas
diferenças. “Assumo uma posição muito crítica relativamente a
este Governo”, reiterou.
Explicou que ia usar
da palavra por “indeclinável dever de lealdade”, não se
escondendo no silêncio “cínico” perante uma solução de
Governo da qual discorda. “Sei bem que esta minha posição me
condena no presente a um elevado grau de isolamento no seio do
partido, realidade que exprimo todos os dias. Não digo que seja uma
circunstância fácil ou agradável para quem confundiu nos últimos
30 anos a sua vida pessoal com a partidária”, declarou,
acrescentando que “a solidão política reveste-se sempre de alguma
dose de crueldade”.
O eurodeputado fez
questão de explicar que a sua posição radica numa convicção
profunda de que “em tudo o que é essencial o PS diverge em quase
tudo do Bloco de Esquerda e do PCP".
Afirmando que a
democracia o compele a demonstrar a oposição “sem disfarces”, o
eurodeputado deixa bem clara a sua opinião muito crítica
relativamente à forma como o partido tem vindo a ser conduzido nos
últimos tempos.
O ex-líder da
bancada parlamentar concede que a solução parlamentar encontrada
por António Costa permitiu ao PS chegar ao poder. Mas ao mesmo
tempo, sublinhou, permitiu a “outros partidos condicionar
decisivamente” a acção governativa do PS.
Insistiu que o
Governo de Costa “está refém do Bloco de Esquerda e do PCP”.
Depois das
divergências no plano da governação, Francisco Assis centrou-se
nas diferenças que existem a nível da Europa para salientar que nem
o PCP nem o BE abandonaram a “sua velha retórica” assente “num
populismo europeu”.
Embora discordando
da linha seguida, o eurodeputado acredita que o seu partido saberá
estar à “altura das suas responsabilidades históricas”.
No final, agradeceu
ao congresso a atenção com que foi ouvido. “Vim com a esperança
legítima de ser ouvido. E fui. O PS é um grande partido!” A sala
aplaudiu.
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