O triunfo do híbrido
Enquanto as ideias, os conceitos, os planos e as promessas continuam, a Baixa de Lisboa prossegue a sua curva descendente.
Em toda a Europa, nos centros históricos desta importância, é aplicada uma estratégia de planeamento comercial (urbanismo comercial) que determina as características e a qualidade do comércio a instalar por zonas.
Entre nós, continua a proliferar e a aparecer um novo tipo de loja de quinquilharia pseudoturística, onde o triunfo do híbrido se afirma através de legiões de nossas senhoras de plástico, da forma mais híbrida da utilização dos símbolos nacionais e onde muralhas de camisolas futebolísticas invadem os passeios.
Trata-se de uma expansão natural do comércio grossista concentrado no Martim Moniz, em procura de novos territórios e encontrando-os na "terra de ninguém" que constitui a Baixa, instalando os seus postos avançados de comércio retalhista.
Senhor presidente da Câmara Municipal de Lisboa, desafio-o a percorrer as ruas da Baixa e a contar o número destes estabelecimentos já existentes e a avaliar as percentagens desse número por zonas e ruas.
Quando resolver finalmente o que quer fazer com os seus anunciados dois eixos estratégicos (Vitória e Santa Justa), receio que irá encontrar duas consolidadas avenidas com "estatuária" de plástico e "paramentos" de heráldica futebolística em poliester.
Apesar da última surpresa que nos proporcionou, com a instalação de um "templo" de farturas e churros em frente do Palácio da Independência no Rossio, ainda quero acreditar que é mais de que um contabilista queixoso e estupefacto!
É isto o que queremos para o nosso centro histórico? É esta a imagem que pretendemos desenvolver para o exterior? É este o nosso verdadeiro campeonato?
António Sérgio Rosa de Carvalho, Lisboa
Sem comentários:
Enviar um comentário