As “poupanças de
uma vida”. Teresa Guilherme perdeu 2,35 milhões no BES e Salgado será julgado
Depois de ter
perdido em primeira instância, a apresentadora recorreu para o Tribunal da
Relação de Lisboa que lhe deu razão. O processo voltou ao tribunal de primeira
instância e o julgamento começa esta quarta-feira.
Sónia Trigueirão
11 de Setembro de 2019, 7:00
Ricardo Salgado
começa a ser julgado esta quarta-feira num processo da apresentadora Teresa
Guilherme LUSA/PAULO CUNHA
Ricardo Salgado,
antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES), começa a ser julgado esta
quarta-feira num processo interposto pela apresentadora Teresa Guilherme. Em
causa está o facto de Teresa Guilherme ter perdido 2,35 milhões de euros que
foram investidos em papel comercial do BES. “As poupanças de uma vida”, diz.
Em Junho de 2018,
o tribunal de primeira instância tinha julgado improcedente a acção por crime
de burla qualificada, mas a apresentadora de televisão não desistiu e recorreu
para o Tribunal da Relação de Lisboa, que lhe deu razão e o processo regressou
à primeira instância.
Além de Ricardo
Salgado, o processo visa o Novo Banco, o Haitong Bank, e a Gnb - Sociedade Gestora de Fundos de
Investimento.
Na acção cível a
apresentadora alegava que “os réus praticaram factos que configuram o crime de
burla qualificada” e são responsáveis por “um enriquecimento ilegítimo através
de um esquema fraudulento de financiamento [do Grupo Espírito Santo]”.
Ao PÚBLICO,
Teresa Guilherme disse que já não espera recuperar todo o dinheiro, mas “espera
justiça”. “São as poupanças de uma vida inteira de trabalho”, disse,
acrescentando que pensou “várias vezes em desistir do processo”.
“Estas coisas
demoram tanto que às vezes sentimo-nos cansados. Pensei várias vezes em
desistir do processo, mas não me sentiria bem comigo própria. É uma questão de
princípio. São poupanças de uma vida inteira de trabalho”, confessou,
acrescentando que há uma lição a retirar: “Quando entregamos uma coisa nossa
devemos perceber bem o que vão fazer com ela”.
Teresa Guilherme
seguiu os conselhos do seu gestor bancário. “Num dia o dinheiro estava lá, no
outro tinha desaparecido, não valia nada”, disse, sublinhando que o seu
dinheiro foi aplicado no “tal papel comercial”.
“Ricardo Salgado
e outros passeiam, passam férias como se nada fosse. Parece que nada aconteceu.
Isso não é justo para quem entregou as poupanças, o dinheiro de anos e anos de
trabalho”, disse sublinhando que ainda acredita na justiça.
A apresentadora
lembrou ainda que quando entregou o seu dinheiro no BES acreditava que “os
bancos eram amigos”. “Foi numa altura em que acreditávamos nos bancos. Hoje já
ninguém acredita nos bancos”, afirmou, sublinhando que não irá à primeira
sessão do julgamento e que será representada pelo seu advogado.
O PÚBLICO
contactou também Francisco Proença de Carvalho, que representa Ricardo Salgado,
mas este preferiu não prestar declarações sobre este assunto.
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