segunda-feira, 30 de setembro de 2019

PS isolado. Decisão sobre reunião de urgência nas mãos de Ferro



PS isolado. Decisão sobre reunião de urgência nas mãos de Ferro

Ferro Rodrigues terá de decidir se Parlamento se reúne ainda esta semana. Os socialistas são os únicos a opor-se a uma reunião da comissão permanente.

Liliana Valente
Liliana Valente 30 de Setembro de 2019, 19:38

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O PSD pediu, o CDS apoia, o PCP não se opõe e o BE também não. Em tempos de campanha, a “geringonça” deixou de funcionar e apenas o PS se opôs categoricamente a que o Parlamento servisse de palco ao debate do caso de Tancos a dias das eleições legislativas. A decisão fica nas mãos de Ferro Rodrigues, mas a margem aritmética é curta para rejeitar a realização da reunião de urgência, uma vez que, por norma, estas decisões são tomadas por maioria.

Os únicos argumentos na posse do presidente da Assembleia da República para não aceitar o encontro da comissão permanente, a comissão que se reúne em caso de urgência quando o Parlamento está fechado, têm a ver com as circunstâncias de o pedido ser feito em plena campanha eleitoral e de nunca tal ter acontecido na história da democracia. Foram ambos apontados pelos socialistas que, numa nota a meio da tarde, defenderam que o Parlamento não deve ser usado e “instrumentalizado” a “menos de uma semana da data da ida às urnas”. Os socialistas argumentam com a “prática constitucional dos últimos 40 anos” para se oporem à realização da reunião, mas acrescentavam que aceitariam o que Ferro Rodrigues decidisse sobre o caso

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Do lado do PCP e do BE a resposta é curta. Os dois partidos que seguraram o Governo de António Costa dizem agora que não se opõem à realização nem da reunião da comissão permanente nem da comissão de inquérito pedida pelo CDS. Catarina Martins disse-o esta segunda-feira à tarde: “O Bloco de Esquerda não se vai opor à realização da reunião”, respondeu. “O pedido foi feito pelo PSD, mas, pela nossa parte, nunca nos opusemos a que o Parlamento se reúna sempre que algum partido o propõe e sempre que há um tema que o justifique”, acrescentou.

Já no PCP, a resposta surgiu logo na sexta-feira, quando os comunistas referiram que não se iriam opôr a essas iniciativas partidárias.

O caso de Tancos continua a não largar a campanha eleitoral a seis dias do sufrágio e não é do agrado dos socialistas que o tema continue a prejudicar a sua mensagem. O PS ainda colocou Mário Centeno no terreno para mudar o rumo dos assuntos mediáticos do dia, mas acabou por se ver de novo enredado no assunto.


Durante uma arruada em Cacilhas, António Costa, questionado sobre a possibilidade real de realização da reunião, recusou comentar as decisões que saírem do Parlamento e recusou ainda mais falar sobre se a sua relação com o Presidente da República tinha ficado chamuscadas por causa deste assunto. “Nunca o Presidente o deixou pendurado ao telefone”, perguntou um repórter. “Olhe, ofereço-lhe uma rosa”, respondeu. E seguiu caminho. Em causa estava o facto de o Expresso ter noticiado esta semana que Marcelo tinha evitado falar com Costa, suspeitando que as notícias a implicar o Presidente tinham origem entre os socialistas.

A este episódio, Costa não se quis referir, mas garantiu que, para o Governo, “nada mudou” na relação com o Presidente. “Do ponto de vista do Governo nada mudou. A última coisa que os portugueses desejam é um conflito institucional”, disse. “As relações institucionais deste Governo são sempre correctas, positivas, construtivas com todos os órgãos de soberania, seja com a justiça, seja com a Assembleia da República, seja com a Presidência da República. Foi o Governo que mais pontes conseguiu estabelecer”, respondeu.

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