PS isolado.
Decisão sobre reunião de urgência nas mãos de Ferro
Ferro Rodrigues
terá de decidir se Parlamento se reúne ainda esta semana. Os socialistas são os
únicos a opor-se a uma reunião da comissão permanente.
Liliana Valente
Liliana Valente
30 de Setembro de 2019, 19:38
Ferro Rodrigues
marcou conferência de líderes para dia 2 de Outubro
O PSD pediu, o
CDS apoia, o PCP não se opõe e o BE também não. Em tempos de campanha, a
“geringonça” deixou de funcionar e apenas o PS se opôs categoricamente a que o
Parlamento servisse de palco ao debate do caso de Tancos a dias das eleições
legislativas. A decisão fica nas mãos de Ferro Rodrigues, mas a margem
aritmética é curta para rejeitar a realização da reunião de urgência, uma vez
que, por norma, estas decisões são tomadas por maioria.
Os únicos
argumentos na posse do presidente da Assembleia da República para não aceitar o
encontro da comissão permanente, a comissão que se reúne em caso de urgência
quando o Parlamento está fechado, têm a ver com as circunstâncias de o pedido
ser feito em plena campanha eleitoral e de nunca tal ter acontecido na história
da democracia. Foram ambos apontados pelos socialistas que, numa nota a meio da
tarde, defenderam que o Parlamento não deve ser usado e “instrumentalizado” a
“menos de uma semana da data da ida às urnas”. Os socialistas argumentam com a
“prática constitucional dos últimos 40 anos” para se oporem à realização da
reunião, mas acrescentavam que aceitariam o que Ferro Rodrigues decidisse sobre
o caso
Tancos: Major
Vasco Brazão vai pedir abertura de instrução
Do lado do PCP e
do BE a resposta é curta. Os dois partidos que seguraram o Governo de António
Costa dizem agora que não se opõem à realização nem da reunião da comissão
permanente nem da comissão de inquérito pedida pelo CDS. Catarina Martins
disse-o esta segunda-feira à tarde: “O Bloco de Esquerda não se vai opor à
realização da reunião”, respondeu. “O pedido foi feito pelo PSD, mas, pela
nossa parte, nunca nos opusemos a que o Parlamento se reúna sempre que algum
partido o propõe e sempre que há um tema que o justifique”, acrescentou.
Já no PCP, a
resposta surgiu logo na sexta-feira, quando os comunistas referiram que não se
iriam opôr a essas iniciativas partidárias.
O caso de Tancos
continua a não largar a campanha eleitoral a seis dias do sufrágio e não é do
agrado dos socialistas que o tema continue a prejudicar a sua mensagem. O PS
ainda colocou Mário Centeno no terreno para mudar o rumo dos assuntos
mediáticos do dia, mas acabou por se ver de novo enredado no assunto.
Durante uma
arruada em Cacilhas, António Costa, questionado sobre a possibilidade real de
realização da reunião, recusou comentar as decisões que saírem do Parlamento e
recusou ainda mais falar sobre se a sua relação com o Presidente da República
tinha ficado chamuscadas por causa deste assunto. “Nunca o Presidente o deixou
pendurado ao telefone”, perguntou um repórter. “Olhe, ofereço-lhe uma rosa”,
respondeu. E seguiu caminho. Em causa estava o facto de o Expresso ter
noticiado esta semana que Marcelo tinha evitado falar com Costa, suspeitando
que as notícias a implicar o Presidente tinham origem entre os socialistas.
A este episódio,
Costa não se quis referir, mas garantiu que, para o Governo, “nada mudou” na
relação com o Presidente. “Do ponto de vista do Governo nada mudou. A última
coisa que os portugueses desejam é um conflito institucional”, disse. “As
relações institucionais deste Governo são sempre correctas, positivas,
construtivas com todos os órgãos de soberania, seja com a justiça, seja com a
Assembleia da República, seja com a Presidência da República. Foi o
Governo que mais pontes conseguiu estabelecer”, respondeu.
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