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David Pontes
EDITORIAL
A batalha das
nossas vidas
São precisos
compromissos políticos urgentes para alterações profundas na maneira como
produzimos energia, como nos movemos, como nos alimentamos, como lidamos com a
Natureza.
16 de Setembro de
2019, 6:15
Aos poucos, as
alterações climáticas vão passando dos alertas científicos para o dia-a-dia. Os
mosquitos já quase não aparecem, apesar das noites cada vez mais quentes, os
frutos e as flores trocam estações, o termómetro sobe, sobe, mas não sabemos
quando o céu pode abrir as comportas...
São sinais
quotidianos das mudanças profundas, com consequências devastadoras, que está a
sofrer o planeta devido ao aquecimento global provocado pelas emissões de
carbono. A desertificação, a ferocidade dos incêndios florestais, os fenómenos
meteorológicos extremos, a subida do nível da água dos mares, são a face mais
grave de um problema global que vai alterar significativamente as nossas vidas
nos próximos anos.
Que parte do
mundo ainda negue a evidência científica da acção humana no aquecimento global
só serve para aumentar o sentido de urgência com que decorrerá dentro de uma
semana a Cimeira da Acção Climática, convocada pelo secretário-geral da ONU,
António Guterres. São precisos compromissos políticos urgentes para alterações
profundas na maneira como produzimos energia, como nos movemos, como nos
alimentamos, como lidamos com a Natureza. O que cada um possa fazer no seu
dia-a-dia para minorar o impacto no ambiente é um excelente princípio, mas para
fazer mesmo a diferença são imperiosas mudanças a uma escala muito maior e é
isso que é necessário exigir a quem nos representa e nos governa.
“Esta é a batalha
das nossas vidas”, disse António Guterres, uma afirmação que este jornal
subscreve, com a noção de que muitos de nós dificilmente verão a vitória. A
dificuldade da empreitada, o ritmo das alterações e a consciência de que serão
precisos muitos anos para inverter o desarranjo a que chegámos dá-nos a
consciência de que este é um problema que ficará para as gerações mais novas
enfrentarem e imporem soluções.
Este sentimento
de injustiça em relação às gerações a quem deveríamos entregar um mundo melhor
tem de reflectir-se na necessária urgência de convocar todos para a procura de
respostas. Consciente das obrigações próprias da imprensa, o PÚBLICO, que há
muito se empenha no noticiário sobre ambiente, junta-se hoje a 250 órgãos de
comunicação social de todo o mundo, entre jornais, rádios, televisões, blogues
e podcasts, reforçando durante uma semana a cobertura noticiosa sobre a crise
climática na iniciativa “Covering Climate Now”. Porque já não há dúvida de que
esta é a batalha para que todos estamos convocados.
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