EM ACTUALIZAÇÃO
HABITAÇÃO
Confrontos com a polícia marcam final da manifestação
pela habitação em Lisboa
Milhares de manifestantes foram para a rua de várias
cidades do país a lutar contra as políticas de habitação que estão a
estrangular jovens e famílias. Vários protagonistas políticos juntaram-se.
Marta Sofia
Ribeiro e Karla Pequenino
1 de Abril de
2023, 15:08 actualizada às 19:53
Onde é que consigo arrendar uma casa com o meu salário?
A Polícia de
Segurança Pública interveio com bastões e gás pimenta sobre manifestantes a
protestar a crise da habitação em Lisboa depois de a marcha, largamente
pacífica, ter culminado em alguns confrontos por volta das 19h35 depois de duas
jovens serem detidas na Praça Martim Moniz. Às 20h20 a situação já tinha
acalmado, avança a RTP.
Milhares de
pessoas por todo o país responderam ao apelo das associações que subscrevem o
manifesto que reivindica "uma casa digna para todas as pessoas". Além
da capital, milhares marcharam no Porto, Viseu, Aveiro, Coimbra e Braga para
pedir o direito a viver, com dignidade, nas cidades. "Queremos casas para
viver" e "Casa é um direito" foram alguns dos slogans exibidos
durante a tarde.
“Tanta gente sem
casa, tanta casa sem gente”, lia-se num cartaz cor-de-rosa em Lisboa. A marcha
saiu da Alameda, mas nos jardins também se juntavam multidões, com os
participantes a cantar e a dançar enquanto reivindicam o “direito à cidade”.
Várias
organizações marcaram presença. A associação de moradores dos bairros 6 de
Maio, Santa Filomena e Estrela d’África chegou cedo, perto do meio-dia. Pediam
o fim dos despejos e “o realojamento de todos”.
A líder do Bloco
de Esquerda, Catarina Martins, é uma dos líderes partidários que marcou
presença na manifestação em Lisboa. "Temos dos salários mais baixos da
Europa e das casas mais caras do mundo", afirmou, pedindo o fim de
"benesses e benefícios fiscais" aos fundos imobiliários que
"ganham mais com as casas vazias do que com gente lá dentro".
"É uma causa
justa", defendeu, por seu lado, o líder do PCP, Paulo Raimundo, também em
Lisboa, considerando que o pacote aprovado pelo Governo não "ataca a banca
e os fundos imobiliários" e "não responde aos problemas das
pessoas".
Confrontos com polícia
A marcha de
Lisboa culminou na Praça Martim Moniz por volta das 19h10 onde foi montado um
palco para ouvir testemunhos sobre as dificuldades de viver na capital. Os
manifestantes começaram a dispersar por volta das 19h35, mas o Corpo de
Intervenção da PSP foi chamado a intervir depois de confrontos entre os
manifestantes perto do centro comercial do Martim Moniz. Segundo avança a RTP,
as autoridades carregaram com bastões sobre os manifestantes. Em causa, esteve
a detenção de pelo menos duas jovens. Várias motas da PSP foram vandalizadas.
Às 20h20 a situação já tinha acalmado, embora as autoridades continuem no
local.
Os protestos
ocorrem na mesma semana em que o Governo apresentou um pacote de medidas para a
habitação. Entre as várias propostas que fazem parte do pacote apresentado pelo
executivo destaca-se o maior investimento em arrendamento acessível, o reforço
de cooperativas de habitação e a descidas nos impostos para quem tem casa
arrendada.
Medidas que não
convencem os signatários deste manifesto. "As medidas anunciadas pelo
Governo não nos convencem. Contra a loucura das rendas e a falta de acesso à
habitação, vamos lutar até que toda a gente tenha Casa Para Viver", pode
ler-se online.
Já em Fevereiro,
o movimento Vida Justa fez, no mesmo dia da manifestação dos professores
organizada pelo STOP, uma marcha de protesto em defesa da habitação a preços
acessíveis. Estimativas da organização indicaram que passaram na manifestação
cerca de 10 mil pessoas, disse ao PÚBLICO Nuno Ramos de Almeida da organização.
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