IMIGRAÇÃO
Moedas reage a Marcelo e diz que não aceita lições “de
ninguém” sobre imigração
“Fui emigrante, sou casado com uma imigrante, o meu sogro
é marroquino, a minha sogra é tunisina”, disse Carlos Moedas, presidente da
autarquia lisboeta.
Lusa e PÚBLICO
14 de Fevereiro
de 2023, 19:46
O presidente da
Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), afirmou esta terça-feira que
não aceita lições "de ninguém" sobre emigração e imigração, realçando
a experiência pessoal nesta matéria, e reiterou que Portugal precisa de uma
política de imigração digna.
"Eu fui
emigrante, sou casado com uma imigrante, o meu sogro é marroquino, a minha
sogra é tunisina, por isso, há algo que gostaria de deixar muito claro: não
aceito lições de ninguém nesta matéria, de ninguém", declarou Carlos
Moedas, na reunião da Assembleia Municipal de Lisboa.
A afirmação de
Carlos Moedas parace ser uma resposta a Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da
República, que esta terça-feira, após ser questionando sobre os testemunhos de
Moedas e Luís Montenegro (presidente do PSD) relativos à imigração, considerou
que "declarações muito emocionais feitas em cima de casos correm o risco
de ser irracionais". Pediu-lhes, ainda "bom senso" quanto a um
"tema tão sensível" como os imigrantes. Reagindo, Montenegro levantou
dúvidas sobre se o recado de Marcelo seria para si.
Na apresentação
da actividade do executivo municipal nos últimos três meses, entre Novembro e
Janeiro, o autarca social-democrata disse que Portugal "precisa de
imigrantes", começando por deixar "uma palavra muito sentida, muito
profunda, de pesar pelo trágico falecimento de duas pessoas" num incêndio
num prédio no bairro da Mouraria, na freguesia de Santa Maria Maior, que
ocorreu em 4 de Fevereiro.
"Apesar de a
investigação ainda estar a decorrer, sabemos, infelizmente, que estes dramas
acontecem e têm acontecido na nossa cidade. Todos nos lembramos de vários
destes tipos de dramas e ainda bem que nos lembramos, [...] porque temos de
mudar as coisas. Lembro-me, perfeitamente, ainda em Julho de 2021, também na
Rua Morais Soares, quando duas pessoas perderam a vida", indicou Carlos
Moedas.
O presidente da
câmara reforçou que conhece "a emigração e a imigração na primeira pessoa,
como poucos em Portugal", e defendeu que "o país precisa de uma
política de imigração digna".
"Aquilo que
nós temos em Portugal hoje não é digno e é isso por aquilo que irei lutar. Irei
lutar exactamente como político por essa dignidade da nossa imigração,
exactamente porque conheço, exactamente porque quero que isso mude e porque é
um desafio para todos", declarou.
Nesse âmbito, o
autarca pediu aos vereadores da Habitação, Filipa Roseta (PSD), dos Direitos
Humanos e Sociais, Sofia Athayde (CDS-PP), e da Protecção Civil, Ângelo Pereira
(PSD), "que [se] reunissem o mais rápido possível com o SEF [Serviço de
Estrangeiros e Fronteiras]", para se trabalhar em conjunto, para se
encontrarem "soluções entre todos".
Carlos Moedas
deixou, ainda, um apelo a todos os presidentes de juntas de freguesia para
colaborarem na resposta necessária, uma vez que estes autarcas "são
essenciais no papel que têm de proximidade junto de todas estas
comunidades". O social-democrata frisou que as comunidades de imigrantes
"são bem-vindas, são lisboetas" e que o município lutará "por
elas, mas com dignidade".
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