"Estamos em cima de um barril de pólvora que um dia
vai explodir"
Engenheiro especializado em sismos e professor no
Instituto Superior Técnico Mário Lopes defende que falta fiscalização das
normas relativas à resistência sísmica. E que a prevenção devia começar pelos
cidadãos que, desde logo, deviam exigir essas condições quando vão habitar uma
casa.
Céu Neves
19 Março 2021 —
00:00
Esta semana houve
dois sismos no país, o que é que significam?
Os sismos têm
origem em zonas de falha na crosta terrestre. O primeiro grupo de falhas que
afetam Portugal fica a sul do Algarve, que separa as grandes massas
continentais europeia e africana. O segundo, é no vale inferior do Tejo, se
fizer uma linha entre o Entroncamento e Setúbal ao longo do rio, tem várias
falhas que podem originar sismos, que não têm tanta magnitude como o de 1755,
mas para quem estiver perto do epicentro podem ser muito destrutivos. Dentro do
território português, há numerosas outras falhas que separam bocados das crosta
mais pequenos e, portanto, não podem originar sismos tão fortes, não há
possibilidade de acumularem tanta energia.
"Estamos em cima de um barril de pólvora que um dia
vai explodir"
O último foi de
magnitude 3,4, a 10 km a noroeste de Alcochete...
É um sismo muito
fraco, não tem significado especial e não é motivo de alarme. Há uma coisa
positiva: lembrar que estamos numa zona sísmica e que, em qualquer momento pode
haver um sismo mais forte que cause muitos estragos e matar muita gente. É uma
forma de nos lembrar que estamos em cima de um barril de pólvora e que um dia
vai explodir.
O que é se pode
fazer para evitar a explosão seja muito destrutiva?
É uma coisa que
eu, e muitos colegas, andamos a dizer há 20 anos e a que, infelizmente, ligam
pouco. Temos de construir edifícios e infraestruturas para resistir a esses
sismos. Não é quando acontecer que vamos pensar, é antes, quando compramos a
nossa casa, exigir garantias que tem resistência sísmica. Em Portugal desde
1958 que é obrigatório preparar os edifícios, as pontes e as estruturas de
engenharia civil, para resistirem aos sismos. O problema é que o cumprimento da
legislação não é fiscalizado.
Está a falar das
construções novas ou das obras de requalificação?
Em ambas. Essa é
outra questão que alertamos há muitos anos. Nas obras de reabilitação dos
edifícios, ninguém se preocupava com a resistência física porque não era
obrigatório, só se tornou obrigatório em 2019. Há décadas que devíamos ter
feito isso. Mas há muito mais para fazer, principalmente a fiscalização dos
projetos e das construções para garantir que tenham a resistência física de
acordo com a legislação técnica.
Devo concluir que
praticamente não há edifícios preparados para resistir a grandes sismos?
Também não
sejamos tão negativos. Existe legislação desde 1958 e a experiência indica que
a legislação aumenta o grau de exigência no dimensionamento dos projetos e
conduz a uma melhoria. Um engenheiro fez essa avaliação e concluiu que em
países que obrigam ao cálculo sísmico das construções isso reduz em dez vezes o
número de vítimas e danos materiais do sismos do futuro. E, se o cumprimento da
lei for fiscalizado, diminui mais dez vezes. Portugal está na situação
intermédia, temos a lei, falta a fiscalização. Tenho a perceção que o facto de
as universidades ensinarem os futuros engenheiros a calcularem a resistência
dos edifícios a sismos, o que acontece na maior parte dos cursos, as coisas
tendem para uma melhoria. No IST, há 30 anos que ensinamos isso aos nossos
alunos, isso terá algum impacto. A legislação é de 1958, foi atualizada em 1983
e houve melhorias no ensino.
Terá também a ver
com uma questão económica?
Representa
dinheiro, mas na prática não tem significado. Se for uma construção nova, o
acréscimo do custo para a resistência física anda nos 2 a 3 %, há outros
fatores que influenciam muito mais o valor de de uma casa, como a localização,
os acabamentos, as áreas. Para efeitos do mercado imobiliário, o custo é
mínimo, não tem significado.
E nos edifícios
antigos?
Quando se trata
de obras de reabilitação, o custo já terá algum significado, mas é muito
inferior ao que se pensa. O custo existe, é variável, mas não é excessivamente
elevado.
Em 1755, o rio
Tejo entrou pelo Terreiro do Paço, que recentemente teve obras de
requalificação, a questão foi salvaguardada?
Teoricamente, as
obras que vão sendo feitas têm esses fatores em conta - o metro, parques
subterrâneos, etc. -, só que o facto de os terrenos serem maus, situarem-se em
zonas ribeirinhas, exige mais conhecimento técnico e mais custos. Trabalhei no
projeto da estação do Terreiro do Paço e uma das razões pelas quais o custo
subiu deveu-se ao aumento da segurança sísmica.
Onde é que Lisboa
se situa a nível de risco sísmico em relação a outras cidades europeias?
Só há uma cidade
que é pior, que é Istambul (Turquia). Há cidades na Itália, na Grécia, que
estão mais sujeitas a ocorrência de sismos, no entanto, em Lisboa podem ser
mais fortes. Temos um problema, os sismos são raros e fortes e isso tem um
efeito negativo, desincentiva à prevenção. As pessoas não têm memória do último
sismo. Há muita gente que acha que o sismo de 1755 é uma coisa da história, não
é da história, é o futuro.
Mas os
investigadores estão sempre a dizer "que vai acontecer, vai
acontecer", cada vez estamos mais perto desse momento?
Isso é garantido,
à medida que o tempo passa, o intervalo para o próximo é mais pequeno.
Daqui a 100, 200,
300 anos, não há probabilidades temporais?
Não, só Deus ou
um charlatão é que diz a data do próximo sismo, a ciência nem na década
consegue acertar. Estou a falar de sismos fortes, destruidores, não é de
brincadeira como o que agora tivemos. A única forma de nos protegermos, e o desenvolvimento
económico do país, é estar preparado sem saber quando vai acontecer. É
possível, desde que haja vontade política.
A partir de
escala podemos falar num sismo forte?
Há duas escalas:
a de magnitude que mede a energia libertada pelo sismo, a escala de Richter; e
há a escala de intensidade que tem a ver com os danos que os sismos causam. Se
tivermos um sismo de magnitude 7 na escala de Richter no vale inferior do Tejo
vai causar a morte a milhares de pessoas e imensos danos e prejuízos nesta zona.
Já não deve ser sentido de forma relevante no Algarve ou no meio do Alentejo.
Se for um sismo como o de 1755, com magnitude 8,5/9, a umas dezenas de
quilómetros a sudoeste de Sagres, pode ter uma abrangência geográfica maior e
com danos piores porque afeta zonas maiores. Para Lisboa, não sei exatamente
qual das situações seria pior. Um sismo pode ter uma magnitude grande, mas se o
epicentro for muito longe, as ondas atenuam-se antes de chegar ao pé de nós e
já não têm grandes efeitos.
Mas não se
consegue prever momentos antes a probabilidade de ocorrer um sismo?
Não, as únicas
coisas que se podem fazer são sistemas de aviso prévio, mas estamos a falar de
segundos, dez a 30 segundos. Eu e um colega estamos a trabalhar nesse sistema
para Portugal. Alguns segundos servem para cortar a energia, para seccionar a
rede de gás, para travar os comboios que andam a velocidades elevadas, parar as
elevadores nos andares, interromper uma cirurgia, permitir que num estaleiro os
trabalhadores saiam debaixo das gruas, etc. Conseguem-se pondo sensores perto
de onde os sismos ocorrem e, pelas primeiras horas, percebe-se a gravidade do
sismo que ai vem e com alguns segundos de antecedência, dependendo dos sítios e
do epicentro. Há monitorização via satélite de distância entre Portugal e
Marrocos, uma vez que as principais falhas são no meio. Se, de repente, começar
a haver movimentos muito rápidos nessas falhas é preocupante. Isso está a ser
monitorizado, mas só por sorte é que vai conseguir saber qual é o dia do sismo.
Pensou nessas
questões quando escolheu a casa onde habita?
Claro, o problema
é que não tive dinheiro suficiente para comprar uma casa em primeira mão. A
antes de comprar, via as características do edifício e que se podem ver a olho
nu, como a data de construção, o que dá para ver o tipo de materiais
utilizados.
Qual é o ano
limite?
Para garantir
mais segurança, diria 1985. A casa onde vivo é de 1970, foi feita depois da
legislação de 1958, que foi quando isto começou. É uma construção em média
melhor que a maioria na cidade de Lisboa, mas é uma questão estatística.
Eliminei logo todos os edifícios que tinham sido construídos antes de 1960,
embora alguns, possam não ser maus, mas estatisticamente, em média, são piores
que os posteriores. Outra coisa que afeta muito do ponto vista sísmico são as
irregularidades na construção, por exemplo, um pilar que vem de cima para
baixo, está cortado e em cima de uma viga, são coisas a evitar.
Como é que o
cidadão comum tem acesso a esse tipo de informação?
Fizemos um
trabalho para a Câmara Municipal de Lisboa para tentar dar toda esta informação
de edifício a edifício, que é a mesma informação que vi quando comprei a minha
casa, para a pôr ao dispor de todos os cidadãos de Lisboa. Até porque o mercado
começava a valorizar as melhores e começa a haver a tendência para melhorar a
qualidade de construção , o que se reflete no mercado imobiliário.
Quando é que essa
informação está disponível.
Espero que a
Câmara a torne pública em breve. Está tudo feito mas para pôr na praça pública
é preciso que os engenheiros vão vistoriar os edifícios, são precisos dezenas
de engenheiros e durante meia dúzia de anos. O importante é começarmos este
processo.
Há zonas
interditas?
Não. O sismo de
1755, a nível da rocha é semelhante em toda a cidade de Lisboa e arredores,
agora, as vibrações espalham-se pela rocha desde o epicentro e sobem pelo solo
para a superfície e, quanto mais mole for o solo, tem tendência para
amplificar. Vai tender a ser mais forte nas zonas baixas que foram ribeiras e
têm solos moles.
O que é que evita
no dia a dia?
Há uma série de
precauções para reduzir o risco em casa, mesmo que as construções estejam bem
feitas. Evitar que objetos pesados nos possam cair em cima, por exemplo, o
armário da roupa e se tiver em frente a uma cama, o que se deve fazer é
prendê-lo à parede; nas cozinhas, devíamos ter armários que só abrissem com
intervenção humana para que os pratos não comecem a cair.
Outro tipo de
precauções?
Fugas de gás vão
originar incêndios, se seccionássemos a rede de gás, podíamos evitar que os
incêndios se propagassem. Há um aparelho que se pode pôr nas tubagens de gás à
entrada de casa que bloqueia automaticamente a entrada de gás em casa e reduz o
risco de incêndio. Deviam saber que não devem utilizar os elevadores, devem
desligar a energia elétrica, há muita coisa que se pode fazer, Só que a
população portuguesa vive no desconhecimento.
Sismos em
Portugal
26 de janeiro de
1531 Calcula-se que tenha atingido os 7,5 na escala de Richter e foi
considerado o segundo terramoto mais destrutivo a atingir a capital, onde terão
sido destruídas cerca de duas mil casas. Atingiu ainda Santarém, Almeirim,
Azambuja e Vila Franca de Xira. A informação da época é escassa, mas terá
ocorrido entre as 04.00 e as 06.00, levando a que muitas pessoas saíssem de
Lisboa.
1 de novembro de
1755 Terá atingido entre 8,7 e 9 na escala de Richter e foi o maior sismo
registado em Portugal, destruindo a sua capital. Também provocou danos no
Algarve e em Setúbal. Entre as 09.30 e 09.40, a terra tremeu durante vários
minutos, a que se seguiu um maremoto. O rio Tejo invadiu a Baixa da cidade e,
quando se retirou, ficaram os incêndios.
23 de abril de
1909 Atingiu os 6,1 na escala de Richter, afetando a região do Ribatejo, em
especial os concelhos de Benavente e de Salvaterra de Matos. É considerado o
mais devastador em Portugal continental no século XX. Ocorreu às 17.05 e,
segundo relatos de época, terá demorado 22 segundos. O terramoto foi também
sentido com intensidade nas cidades espanholas de Cáceres e Ciudad Real.
28 de fevereiro
de 1969. Neste último dia do mês de fevereiro, os habitantes de Lisboa e do
Algarve acordaram às (03.41) com um terramoto de magnitude 7,9 na escala de
Richter que se sentiu em Lisboa e no Algarve. Mas foi a região algarvia a mais
afetada, já que era a que estava mais próxima do epicentro, 180 km a sudoeste
de Sagres. Foi ainda sentido em Marrocos, Bordéus e nas Canárias.
1 de janeiro de
1980. Atingiu os Açores com uma magnitude de 7,2 na escala de Richter e atingiu
as ilhas Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial. Os danos não foram
maiores porque o epicentro se localizou no oceano Atlântico. O terramoto de
maior gravidade nas ilhas portuguesas foi em 1522, também nos Açores,
particularmente destrutivo em Vila Franca do Campo, ilha de São Miguel.
"We're on
top of a powder keg that will one day explode"
Engineer specialized in earthquakes and professor at the
Instituto Superior Técnico Mário Lopes argues that there is a lack of
supervision of the standards related to seismic resistance. And that prevention
should begin with citizens who should demand these conditions when they are
going to live in a house.
Céu Neves
19 March 2021 -
00:00
This week there
were two earthquakes in the country, what do they mean?
Earthquakes
originate from fault zones in the earth's crust. The first group of faults
affecting Portugal lies south of the Algarve, which is part of the large
Continental European and African masses. The second, is in the lower valley of
the Tagus, if you make a line between the Junction and Setúbal along the river,
it has several faults that can cause earthquakes, which do not have as much
magnitude as that of 1755, but for those near the epicenter can be very
destructive. Within the Portuguese, there are numerous other faults that part
bits of the smaller crusts and therefore cannot lead to earthquakes so strong,
there is no possibility of accumulating so much energy.
The last one was
magnitude 3.4, 10 km northwest of Alcochete...
It's a very weak
earthquake, it has no special meaning and is not a cause for alarm. There is
one positive thing: to remember that we are in a seismic zone and that at any
moment there may be a stronger earthquake that causes a lot of damage and kills
a lot of people. It's a way of reminding us that we're on top of a powder keg
and that one day it's going to explode.
What can you do
to prevent the explosion from being too destructive?
It's something
that I, and many colleagues, have been saying for 20 years and which,
unfortunately, they don't care about. We have to build buildings and
infrastructure to withstand these earthquakes. It's not when we're going to
think, it's about when we buy our house, demand guarantees that it has seismic
resistance. In Portugal since 1958 it is mandatory to prepare buildings,
bridges and civil engineering structures to withstand earthquakes. The problem
is that compliance with the legislation is not over-supervised.
Are you talking
about the new buildings or the requalification works?
In both. This is
another issue we have warned about for many years. In the rehabilitation works
of the buildings, no one cared about physical endurance because it was not
mandatory, it only became mandatory in 2019. We should have done that for
decades. But there is much more to do, especially the supervision of projects
and constructions to ensure that they have physical resistance according to
technical legislation.
Should I conclude
that there are virtually no buildings prepared to withstand major earthquakes?
Let's not be so
negative either. There has been legislation since 1958 and experience indicates
that the legislation increases the degree of demand in the design of projects
and leads to an improvement. An engineer made this assessment and concluded
that in countries that require the seismic calculation of buildings this
reduces by ten times the number of victims and material damage of the
earthquakes of the future. And if compliance with the law is over-endeared, it
decreases ten more times. Portugal is in the middle situation, we have the law,
lack scans. I have a perception that the fact that universities teach future
engineers how to calculate the resistance of buildings to earthquakes, which
happens in most courses, things tend towards an improvement. At IST, we've been
teaching our students about this for 30 years, it's going to have some impact.
The legislation is from 1958, was updated in 1983 and there were improvements
in teaching.
Does it also have
to do with an economic issue?
It represents
money, but in practice it has no meaning. If it is a new construction, the
increase in the cost for physical endurance walks in the 2 to 3 %, there are
other factors that greatly influence the value of a house, such as the
location, the finishes, the areas. For the purposes of the real estate market,
the cost is minimal, has no meaning.
What about the
old buildings?
When it comes to
rehabilitation works, the cost will already have some meaning, but it is much
lower than you think. The cost exists, it is variable, but it is not
excessively high.
In 1755, the
Tagus River entered the Terreiro do Paço, which recently had requalification
works, the question was safeguarded?
Theoretically,
the works that are being done have these factors in mind - the metro,
underground parks, etc. - but the fact that the land is bad, is located in
riverside areas, requires more technical knowledge and more costs. I worked on
the terreiro do Paço station project and one of the reasons the cost went up
was due to increased seismic security.
Where is Lisbon
at the level of seismic risk compared to other European cities?
There is only one
city that is worse, which is Istanbul (Turkey). There are cities in Italy,
Greece, which are more prone to earthquakes, however, in Lisbon they may be
stronger. We have a problem, earthquakes are rare and strong and this has a
negative effect, discourages prevention. People have no memory of the last
earthquake. There are a lot of people who think the 1755 earthquake is a thing
of history, it's not history, it's the future.
But the
investigators keep saying "what's going to happen, it's going to
happen," are we getting closer and closer to that moment?
This is
guaranteed, as time passes, the interval to the next is smaller.
In 100, 200, 300
years, there's no time odds?
No, only God or a
charlatan says the date of the next earthquake, science can't even get it right.
I'm talking about strong earthquakes, destroyers, it's not a joke like we've
had now. The only way to protect ourselves, and the economic development of the
country, is to be prepared without knowing when it will happen. It is possible,
as long as there is political will.
From scale can we
talk about a strong earthquake?
There are two
scales: the magnitude that mediates the energy released by the earthquake, the
Richter scale; and there's the scale of intensity that has to do with the
damage that earthquakes cause. If we have a magnitude 7 earthquake on the
Richter scale in the lower Tagus valley it will cause death to thousands of
people and immense damage and damage in this area. It should no longer be felt
in a relevant way in the Algarve or in the middle of the Alentejo. If it's an
earthquake like the 1755 earthquake, with magnitude 8.5/9, a few tens of
kilometers southwest of Sagres, it could have a larger geographical range and
worse damage because it affects larger areas. For Lisbon, I don't know exactly
which of the situations would be worse. An earthquake can have a large
magnitude, but if the epicenter goes too far, the waves subside before reaching
us and no longer have great effects.
But can't you
predict moments before the probability of an earthquake occurring?
No, the only
things you can do are early warning systems, but we're talking seconds, ten to
30 seconds. A colleague and I are working on this system for Portugal. A few
seconds are used to cut off the power, to section the gas network, to stop
trains that run at high speeds, to stop the elevators on the floors, to
interrupt an surgery, to allow workers to leave under the cranes, etc. Sensors
can be put close to where earthquakes occur and, for the first few hours, one
can see the severity of the earthquake that comes and a few seconds in advance,
depending on the sites and the epicenter. There is satellite monitoring of
distance between Portugal and Morocco, since the main faults are in the middle.
If, all of a sudden, there are very rapid movements in these failures, it is
worrying. That's being monitored, but it's only luckily that you'll be able to
find out what earthquake day is.
Did you think
about these questions when you chose the house you live in?
Of course, the
problem is, I didn't have enough money to buy a house firsthand. Before buying,
saw the characteristics of the building and that can be seen with the naked
eye, such as the date of construction, which can see the type of materials
used.
What's the year
limit?
To ensure more
security, I'd say 1985. The house where I live is from 1970, was made after the
legislation of 1958, which was when this began. It is a construction on average
better than most in the city of Lisbon, but it is a statistical issue. I soon
eliminated all the buildings that had been built before 1960, although some may
not be bad, but statistically, on average, they are worse than later ones.
Another thing that affects a lot from a seismic point of view are
irregularities in construction, for example, a pillar that comes from top to
bottom, is cut and on top of a beam, are things to avoid.
How does the
average citizen have access to this kind of information?
We did a job for
the City Council of Lisbon to try to give all this information from building to
building, which is the same information I saw when I bought my house, to make
it available to all the citizens of Lisbon. Also because the market began to value
the best and there is a tendency to improve the quality of construction, which
is reflected in the real estate market.
When is that
information available?
I hope the House
will make it public soon. It's all done but to put in the public square it is
necessary that the engineers will inspect the buildings, it takes dozens of
engineers and for half a dozen years. The important thing is to start this
process.
Are there no
no-go zones?
No. The
earthquake of 1755 at rock level is similar throughout the city of Lisbon and
surrounding areas, now the vibrations spread through the rock from the
epicenter and rise through the ground to the surface and, the softer the soil,
it tends to amplify. It will tend to be stronger in the low-lying areas that
have been streams and have soft soils.
What do you avoid
in your day-to-day life?
There are a
number of precautions to reduce the risk at home, even if the buildings are
well done. Prevent heavy objects from falling on top of us, for example, the
clothes cabinet and if you have in front of a bed, what you should do is attach
it to the wall; in the kitchens, we should have cabinets that only open with
human intervention so that the dishes do not begin to fall.
Another kind of
precautions?
Gas leaks will
cause fires, if we sectioned the gas network, we could prevent the fires from
spreading. There is a device that can be put in the gas pipes at the entrance
of the house that automatically blocks the entry of gas into the house and
reduces the risk of fire. They should know that they should not use the
elevators, they should turn off the electricity, there is much that can be
done, only that the Portuguese population lives in ignorance.
Earthquakes in
Portugal
January 26, 1531
It is estimated to have reached 7.5 on the Richter scale and was considered the
second most destructive earthquake to hit the capital, where some 2,000 homes
have been destroyed. It also
hit Santarém, Almeirim, Azambuja and Vila Franca de Xira. The information of the time is scarce, but it will
have occurred between 04.00 and 06.00, leading to many people leaving Lisbon.
November 1, 1755
It will have reached between 8.7 and 9 on the Richter scale and was the largest
earthquake recorded in Portugal, destroying its capital. It also caused damage
in the Algarve and Setúbal. Between 09.30 and 09.40, the earth trembled for
several minutes, followed by a tsunami. The Tagus River invaded downtown and,
when it retired, the fires were left.
April 23, 1909 It
reached 6.1 on the Richter scale, affecting the Ribatejo region, especially the
municipalities of Benavente and Salvaterra de Matos. It is considered the most
devastating in mainland Portugal in the 20th century. The earthquake was also
felt with intensity in the Spanish cities of Cáceres and Ciudad Real.
February 28,
1969. On this last day of February, the inhabitants of Lisbon and the Algarve
woke up at (03.41) with an earthquake of magnitude 7.9 on the Richter scale
that was felt in Lisbon and the Algarve. But it was the Algarve region most
affected, as it was the closest to the epicenter, 180 km southwest of Sagres.
It was also felt in Morocco, Bordeaux and the Canary Islands.
January 1, 1980.
It reached the Azores with a magnitude of 7.2 on the Richter scale and reached
the islands Of Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico and Faial. The damage was
not greater because the epicenter was located in the Atlantic Ocean. The most
severe earthquake in the Portuguese islands was in 1522, also in the Azores,
particularly destructive in Vila Franca do Campo, são Miguel island.
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