quinta-feira, 30 de março de 2023

19 Março 2021: "Estamos em cima de um barril de pólvora que um dia vai explodir"/ "We're on top of a powder keg that will one day explode"

 


"Estamos em cima de um barril de pólvora que um dia vai explodir"

 

Engenheiro especializado em sismos e professor no Instituto Superior Técnico Mário Lopes defende que falta fiscalização das normas relativas à resistência sísmica. E que a prevenção devia começar pelos cidadãos que, desde logo, deviam exigir essas condições quando vão habitar uma casa.

 


Céu Neves

19 Março 2021 — 00:00

https://www.dn.pt/edicao-do-dia/19-mar-2021/estamos-em-cma-de-um-barril-de-polvora-que-um-dia-vai-explodir-13475414.html

 

Esta semana houve dois sismos no país, o que é que significam?

Os sismos têm origem em zonas de falha na crosta terrestre. O primeiro grupo de falhas que afetam Portugal fica a sul do Algarve, que separa as grandes massas continentais europeia e africana. O segundo, é no vale inferior do Tejo, se fizer uma linha entre o Entroncamento e Setúbal ao longo do rio, tem várias falhas que podem originar sismos, que não têm tanta magnitude como o de 1755, mas para quem estiver perto do epicentro podem ser muito destrutivos. Dentro do território português, há numerosas outras falhas que separam bocados das crosta mais pequenos e, portanto, não podem originar sismos tão fortes, não há possibilidade de acumularem tanta energia.

 

 

"Estamos em cima de um barril de pólvora que um dia vai explodir"

 

O último foi de magnitude 3,4, a 10 km a noroeste de Alcochete...

É um sismo muito fraco, não tem significado especial e não é motivo de alarme. Há uma coisa positiva: lembrar que estamos numa zona sísmica e que, em qualquer momento pode haver um sismo mais forte que cause muitos estragos e matar muita gente. É uma forma de nos lembrar que estamos em cima de um barril de pólvora e que um dia vai explodir.

 

O que é se pode fazer para evitar a explosão seja muito destrutiva?

É uma coisa que eu, e muitos colegas, andamos a dizer há 20 anos e a que, infelizmente, ligam pouco. Temos de construir edifícios e infraestruturas para resistir a esses sismos. Não é quando acontecer que vamos pensar, é antes, quando compramos a nossa casa, exigir garantias que tem resistência sísmica. Em Portugal desde 1958 que é obrigatório preparar os edifícios, as pontes e as estruturas de engenharia civil, para resistirem aos sismos. O problema é que o cumprimento da legislação não é fiscalizado.

 

Está a falar das construções novas ou das obras de requalificação?

Em ambas. Essa é outra questão que alertamos há muitos anos. Nas obras de reabilitação dos edifícios, ninguém se preocupava com a resistência física porque não era obrigatório, só se tornou obrigatório em 2019. Há décadas que devíamos ter feito isso. Mas há muito mais para fazer, principalmente a fiscalização dos projetos e das construções para garantir que tenham a resistência física de acordo com a legislação técnica.

 

Devo concluir que praticamente não há edifícios preparados para resistir a grandes sismos?

Também não sejamos tão negativos. Existe legislação desde 1958 e a experiência indica que a legislação aumenta o grau de exigência no dimensionamento dos projetos e conduz a uma melhoria. Um engenheiro fez essa avaliação e concluiu que em países que obrigam ao cálculo sísmico das construções isso reduz em dez vezes o número de vítimas e danos materiais do sismos do futuro. E, se o cumprimento da lei for fiscalizado, diminui mais dez vezes. Portugal está na situação intermédia, temos a lei, falta a fiscalização. Tenho a perceção que o facto de as universidades ensinarem os futuros engenheiros a calcularem a resistência dos edifícios a sismos, o que acontece na maior parte dos cursos, as coisas tendem para uma melhoria. No IST, há 30 anos que ensinamos isso aos nossos alunos, isso terá algum impacto. A legislação é de 1958, foi atualizada em 1983 e houve melhorias no ensino.

 

 

Terá também a ver com uma questão económica?

Representa dinheiro, mas na prática não tem significado. Se for uma construção nova, o acréscimo do custo para a resistência física anda nos 2 a 3 %, há outros fatores que influenciam muito mais o valor de de uma casa, como a localização, os acabamentos, as áreas. Para efeitos do mercado imobiliário, o custo é mínimo, não tem significado.

 

E nos edifícios antigos?

Quando se trata de obras de reabilitação, o custo já terá algum significado, mas é muito inferior ao que se pensa. O custo existe, é variável, mas não é excessivamente elevado.

 

Em 1755, o rio Tejo entrou pelo Terreiro do Paço, que recentemente teve obras de requalificação, a questão foi salvaguardada?

Teoricamente, as obras que vão sendo feitas têm esses fatores em conta - o metro, parques subterrâneos, etc. -, só que o facto de os terrenos serem maus, situarem-se em zonas ribeirinhas, exige mais conhecimento técnico e mais custos. Trabalhei no projeto da estação do Terreiro do Paço e uma das razões pelas quais o custo subiu deveu-se ao aumento da segurança sísmica.

 

Onde é que Lisboa se situa a nível de risco sísmico em relação a outras cidades europeias?

Só há uma cidade que é pior, que é Istambul (Turquia). Há cidades na Itália, na Grécia, que estão mais sujeitas a ocorrência de sismos, no entanto, em Lisboa podem ser mais fortes. Temos um problema, os sismos são raros e fortes e isso tem um efeito negativo, desincentiva à prevenção. As pessoas não têm memória do último sismo. Há muita gente que acha que o sismo de 1755 é uma coisa da história, não é da história, é o futuro.

 

Mas os investigadores estão sempre a dizer "que vai acontecer, vai acontecer", cada vez estamos mais perto desse momento?

Isso é garantido, à medida que o tempo passa, o intervalo para o próximo é mais pequeno.

 

Daqui a 100, 200, 300 anos, não há probabilidades temporais?

Não, só Deus ou um charlatão é que diz a data do próximo sismo, a ciência nem na década consegue acertar. Estou a falar de sismos fortes, destruidores, não é de brincadeira como o que agora tivemos. A única forma de nos protegermos, e o desenvolvimento económico do país, é estar preparado sem saber quando vai acontecer. É possível, desde que haja vontade política.

 

A partir de escala podemos falar num sismo forte?

Há duas escalas: a de magnitude que mede a energia libertada pelo sismo, a escala de Richter; e há a escala de intensidade que tem a ver com os danos que os sismos causam. Se tivermos um sismo de magnitude 7 na escala de Richter no vale inferior do Tejo vai causar a morte a milhares de pessoas e imensos danos e prejuízos nesta zona. Já não deve ser sentido de forma relevante no Algarve ou no meio do Alentejo. Se for um sismo como o de 1755, com magnitude 8,5/9, a umas dezenas de quilómetros a sudoeste de Sagres, pode ter uma abrangência geográfica maior e com danos piores porque afeta zonas maiores. Para Lisboa, não sei exatamente qual das situações seria pior. Um sismo pode ter uma magnitude grande, mas se o epicentro for muito longe, as ondas atenuam-se antes de chegar ao pé de nós e já não têm grandes efeitos.

 

Mas não se consegue prever momentos antes a probabilidade de ocorrer um sismo?

Não, as únicas coisas que se podem fazer são sistemas de aviso prévio, mas estamos a falar de segundos, dez a 30 segundos. Eu e um colega estamos a trabalhar nesse sistema para Portugal. Alguns segundos servem para cortar a energia, para seccionar a rede de gás, para travar os comboios que andam a velocidades elevadas, parar as elevadores nos andares, interromper uma cirurgia, permitir que num estaleiro os trabalhadores saiam debaixo das gruas, etc. Conseguem-se pondo sensores perto de onde os sismos ocorrem e, pelas primeiras horas, percebe-se a gravidade do sismo que ai vem e com alguns segundos de antecedência, dependendo dos sítios e do epicentro. Há monitorização via satélite de distância entre Portugal e Marrocos, uma vez que as principais falhas são no meio. Se, de repente, começar a haver movimentos muito rápidos nessas falhas é preocupante. Isso está a ser monitorizado, mas só por sorte é que vai conseguir saber qual é o dia do sismo.

 

Pensou nessas questões quando escolheu a casa onde habita?

Claro, o problema é que não tive dinheiro suficiente para comprar uma casa em primeira mão. A antes de comprar, via as características do edifício e que se podem ver a olho nu, como a data de construção, o que dá para ver o tipo de materiais utilizados.

 

Qual é o ano limite?

Para garantir mais segurança, diria 1985. A casa onde vivo é de 1970, foi feita depois da legislação de 1958, que foi quando isto começou. É uma construção em média melhor que a maioria na cidade de Lisboa, mas é uma questão estatística. Eliminei logo todos os edifícios que tinham sido construídos antes de 1960, embora alguns, possam não ser maus, mas estatisticamente, em média, são piores que os posteriores. Outra coisa que afeta muito do ponto vista sísmico são as irregularidades na construção, por exemplo, um pilar que vem de cima para baixo, está cortado e em cima de uma viga, são coisas a evitar.

 

Como é que o cidadão comum tem acesso a esse tipo de informação?

Fizemos um trabalho para a Câmara Municipal de Lisboa para tentar dar toda esta informação de edifício a edifício, que é a mesma informação que vi quando comprei a minha casa, para a pôr ao dispor de todos os cidadãos de Lisboa. Até porque o mercado começava a valorizar as melhores e começa a haver a tendência para melhorar a qualidade de construção , o que se reflete no mercado imobiliário.

 

Quando é que essa informação está disponível.

Espero que a Câmara a torne pública em breve. Está tudo feito mas para pôr na praça pública é preciso que os engenheiros vão vistoriar os edifícios, são precisos dezenas de engenheiros e durante meia dúzia de anos. O importante é começarmos este processo.

 

Há zonas interditas?

Não. O sismo de 1755, a nível da rocha é semelhante em toda a cidade de Lisboa e arredores, agora, as vibrações espalham-se pela rocha desde o epicentro e sobem pelo solo para a superfície e, quanto mais mole for o solo, tem tendência para amplificar. Vai tender a ser mais forte nas zonas baixas que foram ribeiras e têm solos moles.

 

O que é que evita no dia a dia?

Há uma série de precauções para reduzir o risco em casa, mesmo que as construções estejam bem feitas. Evitar que objetos pesados nos possam cair em cima, por exemplo, o armário da roupa e se tiver em frente a uma cama, o que se deve fazer é prendê-lo à parede; nas cozinhas, devíamos ter armários que só abrissem com intervenção humana para que os pratos não comecem a cair.

 

Outro tipo de precauções?

Fugas de gás vão originar incêndios, se seccionássemos a rede de gás, podíamos evitar que os incêndios se propagassem. Há um aparelho que se pode pôr nas tubagens de gás à entrada de casa que bloqueia automaticamente a entrada de gás em casa e reduz o risco de incêndio. Deviam saber que não devem utilizar os elevadores, devem desligar a energia elétrica, há muita coisa que se pode fazer, Só que a população portuguesa vive no desconhecimento.

 

Sismos em Portugal

26 de janeiro de 1531 Calcula-se que tenha atingido os 7,5 na escala de Richter e foi considerado o segundo terramoto mais destrutivo a atingir a capital, onde terão sido destruídas cerca de duas mil casas. Atingiu ainda Santarém, Almeirim, Azambuja e Vila Franca de Xira. A informação da época é escassa, mas terá ocorrido entre as 04.00 e as 06.00, levando a que muitas pessoas saíssem de Lisboa.

 

1 de novembro de 1755 Terá atingido entre 8,7 e 9 na escala de Richter e foi o maior sismo registado em Portugal, destruindo a sua capital. Também provocou danos no Algarve e em Setúbal. Entre as 09.30 e 09.40, a terra tremeu durante vários minutos, a que se seguiu um maremoto. O rio Tejo invadiu a Baixa da cidade e, quando se retirou, ficaram os incêndios.

 

23 de abril de 1909 Atingiu os 6,1 na escala de Richter, afetando a região do Ribatejo, em especial os concelhos de Benavente e de Salvaterra de Matos. É considerado o mais devastador em Portugal continental no século XX. Ocorreu às 17.05 e, segundo relatos de época, terá demorado 22 segundos. O terramoto foi também sentido com intensidade nas cidades espanholas de Cáceres e Ciudad Real.

 

28 de fevereiro de 1969. Neste último dia do mês de fevereiro, os habitantes de Lisboa e do Algarve acordaram às (03.41) com um terramoto de magnitude 7,9 na escala de Richter que se sentiu em Lisboa e no Algarve. Mas foi a região algarvia a mais afetada, já que era a que estava mais próxima do epicentro, 180 km a sudoeste de Sagres. Foi ainda sentido em Marrocos, Bordéus e nas Canárias.

 

1 de janeiro de 1980. Atingiu os Açores com uma magnitude de 7,2 na escala de Richter e atingiu as ilhas Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico e Faial. Os danos não foram maiores porque o epicentro se localizou no oceano Atlântico. O terramoto de maior gravidade nas ilhas portuguesas foi em 1522, também nos Açores, particularmente destrutivo em Vila Franca do Campo, ilha de São Miguel.


"We're on top of a powder keg that will one day explode"

 

Engineer specialized in earthquakes and professor at the Instituto Superior Técnico Mário Lopes argues that there is a lack of supervision of the standards related to seismic resistance. And that prevention should begin with citizens who should demand these conditions when they are going to live in a house.

 

Céu Neves

19 March 2021 - 00:00

https://www.dn.pt/edicao-do-dia/19-mar-2021/estamos-em-cma-de-um-barril-de-polvora-que-um-dia-vai-explodir-13475414.html

 

This week there were two earthquakes in the country, what do they mean?

Earthquakes originate from fault zones in the earth's crust. The first group of faults affecting Portugal lies south of the Algarve, which is part of the large Continental European and African masses. The second, is in the lower valley of the Tagus, if you make a line between the Junction and Setúbal along the river, it has several faults that can cause earthquakes, which do not have as much magnitude as that of 1755, but for those near the epicenter can be very destructive. Within the Portuguese, there are numerous other faults that part bits of the smaller crusts and therefore cannot lead to earthquakes so strong, there is no possibility of accumulating so much energy.

 

 "We're on top of a powder keg that will one day explode"

 

The last one was magnitude 3.4, 10 km northwest of Alcochete...

It's a very weak earthquake, it has no special meaning and is not a cause for alarm. There is one positive thing: to remember that we are in a seismic zone and that at any moment there may be a stronger earthquake that causes a lot of damage and kills a lot of people. It's a way of reminding us that we're on top of a powder keg and that one day it's going to explode.

 

What can you do to prevent the explosion from being too destructive?

It's something that I, and many colleagues, have been saying for 20 years and which, unfortunately, they don't care about. We have to build buildings and infrastructure to withstand these earthquakes. It's not when we're going to think, it's about when we buy our house, demand guarantees that it has seismic resistance. In Portugal since 1958 it is mandatory to prepare buildings, bridges and civil engineering structures to withstand earthquakes. The problem is that compliance with the legislation is not over-supervised.

 

Are you talking about the new buildings or the requalification works?

In both. This is another issue we have warned about for many years. In the rehabilitation works of the buildings, no one cared about physical endurance because it was not mandatory, it only became mandatory in 2019. We should have done that for decades. But there is much more to do, especially the supervision of projects and constructions to ensure that they have physical resistance according to technical legislation.

 

Should I conclude that there are virtually no buildings prepared to withstand major earthquakes?

Let's not be so negative either. There has been legislation since 1958 and experience indicates that the legislation increases the degree of demand in the design of projects and leads to an improvement. An engineer made this assessment and concluded that in countries that require the seismic calculation of buildings this reduces by ten times the number of victims and material damage of the earthquakes of the future. And if compliance with the law is over-endeared, it decreases ten more times. Portugal is in the middle situation, we have the law, lack scans. I have a perception that the fact that universities teach future engineers how to calculate the resistance of buildings to earthquakes, which happens in most courses, things tend towards an improvement. At IST, we've been teaching our students about this for 30 years, it's going to have some impact. The legislation is from 1958, was updated in 1983 and there were improvements in teaching.

 

 

Does it also have to do with an economic issue?

It represents money, but in practice it has no meaning. If it is a new construction, the increase in the cost for physical endurance walks in the 2 to 3 %, there are other factors that greatly influence the value of a house, such as the location, the finishes, the areas. For the purposes of the real estate market, the cost is minimal, has no meaning.

 

What about the old buildings?

When it comes to rehabilitation works, the cost will already have some meaning, but it is much lower than you think. The cost exists, it is variable, but it is not excessively high.

 

In 1755, the Tagus River entered the Terreiro do Paço, which recently had requalification works, the question was safeguarded?

Theoretically, the works that are being done have these factors in mind - the metro, underground parks, etc. - but the fact that the land is bad, is located in riverside areas, requires more technical knowledge and more costs. I worked on the terreiro do Paço station project and one of the reasons the cost went up was due to increased seismic security.

 

Where is Lisbon at the level of seismic risk compared to other European cities?

There is only one city that is worse, which is Istanbul (Turkey). There are cities in Italy, Greece, which are more prone to earthquakes, however, in Lisbon they may be stronger. We have a problem, earthquakes are rare and strong and this has a negative effect, discourages prevention. People have no memory of the last earthquake. There are a lot of people who think the 1755 earthquake is a thing of history, it's not history, it's the future.

 

But the investigators keep saying "what's going to happen, it's going to happen," are we getting closer and closer to that moment?

This is guaranteed, as time passes, the interval to the next is smaller.

 

In 100, 200, 300 years, there's no time odds?

No, only God or a charlatan says the date of the next earthquake, science can't even get it right. I'm talking about strong earthquakes, destroyers, it's not a joke like we've had now. The only way to protect ourselves, and the economic development of the country, is to be prepared without knowing when it will happen. It is possible, as long as there is political will.

 

From scale can we talk about a strong earthquake?

There are two scales: the magnitude that mediates the energy released by the earthquake, the Richter scale; and there's the scale of intensity that has to do with the damage that earthquakes cause. If we have a magnitude 7 earthquake on the Richter scale in the lower Tagus valley it will cause death to thousands of people and immense damage and damage in this area. It should no longer be felt in a relevant way in the Algarve or in the middle of the Alentejo. If it's an earthquake like the 1755 earthquake, with magnitude 8.5/9, a few tens of kilometers southwest of Sagres, it could have a larger geographical range and worse damage because it affects larger areas. For Lisbon, I don't know exactly which of the situations would be worse. An earthquake can have a large magnitude, but if the epicenter goes too far, the waves subside before reaching us and no longer have great effects.

 

But can't you predict moments before the probability of an earthquake occurring?

No, the only things you can do are early warning systems, but we're talking seconds, ten to 30 seconds. A colleague and I are working on this system for Portugal. A few seconds are used to cut off the power, to section the gas network, to stop trains that run at high speeds, to stop the elevators on the floors, to interrupt an surgery, to allow workers to leave under the cranes, etc. Sensors can be put close to where earthquakes occur and, for the first few hours, one can see the severity of the earthquake that comes and a few seconds in advance, depending on the sites and the epicenter. There is satellite monitoring of distance between Portugal and Morocco, since the main faults are in the middle. If, all of a sudden, there are very rapid movements in these failures, it is worrying. That's being monitored, but it's only luckily that you'll be able to find out what earthquake day is.

 

Did you think about these questions when you chose the house you live in?

Of course, the problem is, I didn't have enough money to buy a house firsthand. Before buying, saw the characteristics of the building and that can be seen with the naked eye, such as the date of construction, which can see the type of materials used.

 

What's the year limit?

To ensure more security, I'd say 1985. The house where I live is from 1970, was made after the legislation of 1958, which was when this began. It is a construction on average better than most in the city of Lisbon, but it is a statistical issue. I soon eliminated all the buildings that had been built before 1960, although some may not be bad, but statistically, on average, they are worse than later ones. Another thing that affects a lot from a seismic point of view are irregularities in construction, for example, a pillar that comes from top to bottom, is cut and on top of a beam, are things to avoid.

 

How does the average citizen have access to this kind of information?

We did a job for the City Council of Lisbon to try to give all this information from building to building, which is the same information I saw when I bought my house, to make it available to all the citizens of Lisbon. Also because the market began to value the best and there is a tendency to improve the quality of construction, which is reflected in the real estate market.

 

When is that information available?

I hope the House will make it public soon. It's all done but to put in the public square it is necessary that the engineers will inspect the buildings, it takes dozens of engineers and for half a dozen years. The important thing is to start this process.

 

Are there no no-go zones?

No. The earthquake of 1755 at rock level is similar throughout the city of Lisbon and surrounding areas, now the vibrations spread through the rock from the epicenter and rise through the ground to the surface and, the softer the soil, it tends to amplify. It will tend to be stronger in the low-lying areas that have been streams and have soft soils.

 

What do you avoid in your day-to-day life?

There are a number of precautions to reduce the risk at home, even if the buildings are well done. Prevent heavy objects from falling on top of us, for example, the clothes cabinet and if you have in front of a bed, what you should do is attach it to the wall; in the kitchens, we should have cabinets that only open with human intervention so that the dishes do not begin to fall.

 

Another kind of precautions?

Gas leaks will cause fires, if we sectioned the gas network, we could prevent the fires from spreading. There is a device that can be put in the gas pipes at the entrance of the house that automatically blocks the entry of gas into the house and reduces the risk of fire. They should know that they should not use the elevators, they should turn off the electricity, there is much that can be done, only that the Portuguese population lives in ignorance.

 

Earthquakes in Portugal

January 26, 1531 It is estimated to have reached 7.5 on the Richter scale and was considered the second most destructive earthquake to hit the capital, where some 2,000 homes have been destroyed. It also hit Santarém, Almeirim, Azambuja and Vila Franca de Xira. The information of the time is scarce, but it will have occurred between 04.00 and 06.00, leading to many people leaving Lisbon.

 

November 1, 1755 It will have reached between 8.7 and 9 on the Richter scale and was the largest earthquake recorded in Portugal, destroying its capital. It also caused damage in the Algarve and Setúbal. Between 09.30 and 09.40, the earth trembled for several minutes, followed by a tsunami. The Tagus River invaded downtown and, when it retired, the fires were left.

 

April 23, 1909 It reached 6.1 on the Richter scale, affecting the Ribatejo region, especially the municipalities of Benavente and Salvaterra de Matos. It is considered the most devastating in mainland Portugal in the 20th century. The earthquake was also felt with intensity in the Spanish cities of Cáceres and Ciudad Real.

 

February 28, 1969. On this last day of February, the inhabitants of Lisbon and the Algarve woke up at (03.41) with an earthquake of magnitude 7.9 on the Richter scale that was felt in Lisbon and the Algarve. But it was the Algarve region most affected, as it was the closest to the epicenter, 180 km southwest of Sagres. It was also felt in Morocco, Bordeaux and the Canary Islands.

 

January 1, 1980. It reached the Azores with a magnitude of 7.2 on the Richter scale and reached the islands Of Terceira, Graciosa, São Jorge, Pico and Faial. The damage was not greater because the epicenter was located in the Atlantic Ocean. The most severe earthquake in the Portuguese islands was in 1522, also in the Azores, particularly destructive in Vila Franca do Campo, são Miguel island.


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