domingo, 31 de maio de 2015

Le Pen no Egipto, um país muçulmano “anti-islamista”

Marine Le Pen en Egypte, un « pays arabe anti-islamiste »
Après Moscou, Le Caire. En pleine campagne présidentielle avant l’heure, Marine Le Pen poursuit sa tournée de visites surprises à l’étranger. Depuis jeudi 28 mai, la présidente du Front national (FN) se trouve dans la capitale égyptienne pour un séjour de « plusieurs jours ». Elle a été reçue dans la soirée de jeudi par Ahmed Al-Tayeb, le cheikh de la mosquée d’Al-Azhar, une prestigieuse institution de l’islam sunnite.

Le Pen no Egipto, um país muçulmano “anti-islamista”

A líder do partido de extrema-direita francês disse ter “múltiplas convergências de opiniões” com o imã da Al-Azhar

Clara Barata / 31-5-2015 / PÚBLICO

Marine Le Pen foi ao Egipto, e foi recebida por Ahmed Al-Tayeb, o grande imã da Al-Azhar, uma prestigiada instituição do islão sunita. É um surpreendente encontro para a líder da Frente Nacional (FN), que prega contra os imigrantes muçulmanos, afirmando que fazem com que os franceses “não se sintam em sua casa”. Mas Le Pen apoia o Presidente Abdel Fattah Al-Sissi e a sua política “anti-islamista”.
Para ganhar a aposta das eleições presidenciais de 2017, é preciso tornar o partido mais “normal”. Para isso, seria importante fazer uma deslocação a um país árabe, explicou ao Le Monde um elemento da equipa de Aymeric Chauprade, o especialista em geopolítica de Marine Le Pen que organizou a viagem da líder da FN, e que esta semana já a levou também a Moscovo.
O Egipto encaixou-se neste perfil de país muçulmano, pois o Presidente Sissi, chegado ao poder num golpe militar que afastou o Presidente Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana, não nutre quaisquer simpatias pelos movimentos revolucionários ou jihadistas islâmicos, que persegue como terroristas. “Era importante encontrar um país árabe anti-islamista e com uma visão secular da religião”, explicaram ao diário francês.
A Al-Azhar é uma instituição que se tornou um centro teológico do islão sunita, que supervisiona várias universidades e dá aulas a milhares de alunos de todo o mundo. Tem demonstrado um desejo de moderação e diálogo com o cristianismo —por isso, Marine Le Pen procurou ser recebida pelo imã Ahmed Al-Tayeb. Logo a seguir a esta audiência, que soa a uma importante limpeza de imagem da política de extrema-direita, a FN emitiu um comunicado em que afirmava: “As convergências de opiniões entre a presidente da Frente Nacional e a mais alta autoridade sunita do mundo árabe são múltiplas.”
O encontro, diz o comunicado da FN, “permitiu ao grande imã descobrir o verdadeiro projecto político de Marine Le Pen”. Sem hesitação, diz que contribuirá para “apagar os efeitos infelizes da desinformação mediática no espírito de numerosos muçulmanos em todo o mundo”.
Mas o imã Ahmed Al-Tayeb, através de um porta-voz, não pareceu convencido: sublinhou que as “opiniões da FN devem ser revistas e corrigidas”, lamentando “as suas posições hostis ao islão e aos muçulmanos”, adianta a AFP. Além disso, esclareceu que o encontro tinha sido pedido por Le Pen, para “discutir assuntos relacionados com ideias erradas acerca do islão e ideologias extremistas e racismo que estão a fazer sofrer alguns muçulmanos na Europa.”

Marine Le Pen foi também recebida pelo papa copta Teodoro II, a quem manifestou a sua “muito grande inquietação por causa dos cristãos do Egipto, da Síria e do Iraque”. Este líder religioso ofereceu-lhe uma cruz copta.

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