A noite torna-se num dos principais focos de transmissão de covid-19
Algumas regiões e países já decretaram o encerramento de
discotecas depois de terem surgido surtos neste tipo de estabelecimento de
diversão noturna.
Helena Tecedeiro
20 Julho 2020 —
16:35
Dezenas de
detidos numa festa do coronavírus em Frankfurt, uma discoteca de Córdoba onde
um surto fez 73 infetados, polícias agredidos em Londres numa festa ilegal ou
autoridades portuguesas obrigadas a pôr fim a fim a festas em Lagos ou no
Seixal. Estas são apenas alguns exemplos de um fenómeno que está a fazer com
que a noite - e os comportamentos a ela associados, sobretudo praticados por
jovens - e esteja a converter num dos principais focos de preocupação na luta
contra o novo coronavírus.
Os alertas têm
sido lançados pelos principais responsáveis pela luta contra a covid-19 em todo
o mundo. "Tenho uma mensagem para os jovens: vocês não são
invencíveis", afirmava há uns tempos o diretor da Organização Mundial da
Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus. Uma mensagem a que fez eco Anthony
Fauci, o diretor do instituto das doenças infecciosas norte-americano, ao
garantir: "Os jovens não deviam olhar com ligeireza para o
coronavírus".
Em Espanha, onde
se têm registado muitos focos de covid ligados a estabelecimentos de diversão
noturna, Fernando Simón, diretor do Centro de Coordenação de Alertas e
Emergências Sanotárias, garantiu ao El País que "a diversão noturna é o
que mais nos preocupa agora". E a presidente da Câmara de Barcelona,
cidade onde o número de casos de covid-19 tem vindo a crescer de forma
alarmante, já defendeu que "é preciso restringir as atividades da
noite".
Um dos maiores
problemas com os surtos ligados à vida noturna é a monitorização dos casos. Uma
vez que "podem implicar pessoas de vários locais que gerem uma transmissão
difusa por todos as zonas de onde vêm", alerta Fernando Simón, sublinhando
o responsável espanhol que "As práticas de risco neste contexto são, além
disso, muito maiores do que noutro tipo de grupo em que apareçam surtos".
E deixou um apelo: "É preciso divertir-se mas é preciso fazê-lo com
cuidado, de outra maneira".
Em Espanha os
casos ligados à noite têm-se multiplicado. Primeiro numa discoteca em Córdoba,
mas também contágios numa festa de fim de curso em Zarautz, duas dezenas de
adolescentes estão sob observação em Caspe, perto de Saragoça, além de ter
havido surtos em Valência e Múrcia.
Alguns países e
algumas regiões já tomaram medidas, limitando os horários dos estabelecimentos
como bares e discotecas.. O governo da Catalunha proibiu este fim de semana a
diversão noturna em 13 municípios de Barcelona. Em França, as discotecas
continuam fechadas, uma medida que foi prolongada no início deste mês. No Reino
Unido, a reabertura dos pubs levou milhares e milhares de pessoas às ruas,
obrigando a polícia a intervir e a alertar que "os bêbados não conseguem
manter o distanciamento social" Em Portugal, por exemplo, na região de
Lisboa as discotecas continuam encerradas e a venda de álcool é proibida a
partir das 20:00.
Apesar de quando
se pensa em noite se pensar logo em jovens, os especialistas garantem que estes
não são necessariamente o mais preocupante. Ao El País, Miguel Hernán,
catedrático de Epidemiologia da Universidade de Harvard, explicou: "Não se
tratar de culpas ninguém, mas sim de encontrar focos onde a transmissão é mais
provável neste momento". E recorda que se são sobretudo os jovens a
frequentar estes locais de diversão noturna, estes depois vão levar o vírus
para o seu ambiente, inclusive o familiar. "Pode levar o vírus ao avô. É
improvável que o jovem sofra consequências graves, mas uma pessoa mais velha
pode morrer de covid", explica.
Super-disseminadores
No início do mês
Abraar Karan, médico especialista em saúde pública da Harvard Medical School,
chamava a atenção na BBC para o que ele chamava de eventos
"super-disseminadores" (superspreaders) pelo alto risco de contágio
que implicam: festas de aniversário ou noitadas num bar, por exemplo
Num evento
super-disseminador, o número de infeções transmitidas será desproporcionalmente
alto em comparação com a transmissão geral, diz Karan. Além disso, esse risco
pode ainda aumentar na presença de pessoas "super-disseminadoras",
que transmitem sua infeção mais amplamente, por estarem em contacto com mais
pessoas ou por emitirem mais vírus.
Festas, bares,
restaurantes. O que são eventos "super-disseminadores"?
"Costumo
pensar assim: a grande maioria das pessoas pode não infetar outras pessoas, e
algumas pessoas em certas situações infetam muitas pessoas", explica o
médico. "Uma pessoa pode infetar 10 pessoas, ou 15 pessoas ou 20 pessoas."
Karan diz que
ainda estão a ser feitos estudos, mas os primeiros resultados indicam que a
disseminação do coronavírus é causada principalmente por este tipo de eventos -
onde 20% das pessoas representam 80% da disseminação.
Este especialista
diz que existem certos fatores que devem acender um sinal vermelho: "Se
tiver algumas dos seguintes características combinadas: ambientes fechados,
lotados, sem nenhum tipo de equipamento de proteção individual, como máscaras,
ou tendo máscaras mas retirando-as para comer - acho que são eventos de alto
risco", diz.
Tudo
características que correspondem à maior parte dos estabelecimentos de diversão
noturna.
Dozens detained as German 'corona party'
escalates
A total of 39 arrests were made, including one woman.
The others were men aged 17-21 "most of whom have
a migrant background", Bereswill added.
AFP
news@thelocal.de
@thelocalgermany
19 July
2020
15:44
CEST+02:00
Updated
19 July
2020
Thirty-nine
people were detained after police were attacked with "a hail of
bottles" at an open-air party in central Frankfurt attended by thousands
of youngsters, police in the German city said Sunday.
Five
officers were injured in the riot that began at around 3:00 am (0100 GMT) when
police intervened to stop a brawl involving around 30 people in Frankfurt's
historic Opera square.
The square
has become a popular gathering place for what local media have dubbed
"corona parties" as Germany's bars and clubs remain closed to contain
the spread of the virus.
Some 3,000
mainly young people filled the square again on Saturday evening but only around
500 to 800 were still there when the unrest started, Frankfurt police chief
Gerhard Bereswill told a press conference.
A small
group of officers moved in to help a bleeding man and end the brawl, but the
crowd turned on them.
"What
I find especially abhorrent is that bystanders cheered and clapped when bottles
hit my colleagues," Bereswill said.
Back-up
police then arrived and cleared the square, while facing "a hail of
bottles" from the angry crowd, he said.
A total of
39 arrests were made, including one woman.
The others
were men aged 17-21 "most of whom have a migrant background",
Bereswill added.
The
incident recalls the unrest that erupted in Stuttgart last month, when police
carried out drug checks in the city centre where hundreds of people had gathered.
The crowd
attacked officers with stones and bottles, smashed shop windows and plundered
stores in an hours-long rampage that stunned Germany.
German
police unions and emergency workers have been warning of authorities facing
greater hostility as they go about their work.
Tensions
have also spilled over from the Black Lives Matter demonstrations in the United
States where officers are accused of being racist.
Bereswill
said that although the majority of revellers were peaceful, Frankfurt police
have noticed "increasing aggression" towards officers in the early
morning hours of the open-air parties.
Sunday's
escalation "was absolutely the most negative climax of this
development", he told reporters.
Several
police vehicles and a bus stop were also attacked in the violence, causing
thousands of euros in damage.
Frankfurt
Mayor Peter Feldmann on Twitter condemned the rioters' "unacceptable"
behaviour and called for more police presence at party "hotspots".
City
authorities will meet on Monday to discuss possible measures in response to the
unrest.
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