terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Quase a ser desalojado, Lusitano Clube lança petição a apelar à sua salvação


Quase a ser desalojado, Lusitano Clube lança petição a apelar à sua salvação
POR O CORVO • 6 DEZEMBRO, 2016

O prazo dado pelo senhorio expira a 15 de janeiro próximo. Por isso, sobra pouco mais de um mês para o centenário Lusitano Clube, nascido em Alfama em 1905, encontrar uma solução viável para assegurar a sobrevivência. Alguns dias após ter sido lançada uma recolha de assinaturas em papel, passa agora a ser possível expressar apoio online à colectividade cultural que se encontra na iminência de ser despejada.

“Pelo Futuro do Lusitano Clube” pede à Assembleia Municipal de Lisboa e à Câmara Municipal de Lisboa que sejam encontradas soluções para a situação desesperada em que se encontra a agremiação popular, após ter sido notificada para abandonar o edifício, situado na rés-do-chão do 81 da Rua São João da Praça. A vontade do dono do edifício em criar um novo bloco de apartamentos poderá ditar o fim de um clube que, desde 2015, e após anos de marasmo, tem gozado de um muito gabado período de regeneração.

“Numa altura que se fala na candidatura dos Bairros Históricos de Lisboa a Património Cultural da Humanidade, e por vermos frequentemente na imprensa que esta preservação da autenticidade é igualmente querida para a Câmara Municipal de Lisboa, queremos acreditar que não se pretende que se transformem em meros museus, sem vida própria e sem autenticidade. Colectividades como o Lusitano são âncoras de autenticidade, elos de ligação entre moradores, turistas e entidades públicas”, diz a petição, depois de informar que “o clube está, neste momento, em risco de acabar”. “Não queremos esmolas, nem pretendemos um tratamento diferenciado. Queremos que nos oiçam e que exista diálogo no sentido de encontrar soluções. Temos várias propostas a apresentar”, afirmam, no documento, os dirigentes da colectividade.

Em declarações ao Corvo, David Costa, presidente da direcção do Lusitano Clube, lamenta a falta de soluções para um problema cuja resolução se assemelha impossível sem uma ajuda por parte de terceiros e, sobretudo, “a ausência de diálogo por parte das entidades públicas”. “Ainda não assinámos o documento que vai efetivar a nossa saída, mas estamos de pés e mãos atados. A Junta de Freguesia de Santa Maria Maior fechou-se ao diálogo e a Câmara Municipal de Lisboa continua sem responder aos nossos apelos”, queixa-se o dirigente associativo, frisando pouco mais ter recebido que votos de solidariedade – como a demonstrada pelos deputados da assembleia municipal, em final de Setembro, quando aprovaram por unanimidade uma recomendação do Bloco de Esquerda, solicitando à CML que “proceda a diligências com vista à possibilidade da manutenção do Lusitano Clube no mesmo local onde hoje se encontra”.

Na petição agora lançada, é salientado o “projecto de revitalização e recuperação do clube” realizado nos últimos tempos. “O Lusitano reinventou-se, actualizou-se e criou uma fórmula sustentável, e, desta forma, provámos que as entidades históricas podem ter sucesso e integrar de forma muito positiva a necessária, mas sustentável, evolução da cidade que todos amamos. Criamos e promovemos cultura para todos, lisboetas e turistas. Lutamos contra a descaracterização e normalização do bairro de Alfama”, lê-se no texto que introduz a recolha de assinaturas.


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