terça-feira, 27 de dezembro de 2016

J. Rentes de Carvalho: "Não há espaço para todos na Europa" / Migration anxieties deepen ahead of Dutch elections


J. Rentes de Carvalho: "Não há espaço para todos na Europa"
O autor diz que o seu último livro - uma reflexão sobre como os europeus lidam com os estrangeiros - foi abafado pela editora e pela imprensa na Holanda devido ao seu tom polémico

25 Dezembro 2016 • Marco Alves | FOTO: Rui Rodrigues

Eis um homem ferozmente em guerra com o politicamente correcto. Rentes de Carvalho falou à SÁBADO sobre o que escreveu em A Ira de Deus sobre a Europa, um livro que, diz ele, não teve na Holanda a promoção merecida pela editora nem pela imprensa por ser polémico.

A conversa teve vários emails, porque algumas respostas pareciam ter mais energia do que direcção. "Por certo extrairia mais das minhas respostas se eu fosse um sujeito no género de comentador político, com um manancial de respostas e soluções, todas eficientes e perfeitas. A vida é que tem ensinado que neste género de problemas nunca há soluções perfeitas, nem de agrado geral, e que só o tempo o dirá."

Usa termos no livro como "mansidão", "covardia colectiva", "comportamento bonzinho de não nos defendermos de quem nos ataca", "respeitar quem não nos respeita", do "laissez-faire laissez-passer". A que se refere?
Refiro-me exactamente a isso mesmo: à mansidão de esperar que as coisas se arranjem, que elas não se venham a mostrar tão más como parecem, que os atentados do Bataclan, de Nice, e os mais, tenham sido apenas da responsabilidade de espíritos tresloucados, que fechar os olhos e assobiar para o lado é mais confortável do que tomar conhecimento da realidade.

De que fala quando diz que o problema está em não se exigir o cumprimento da lei aos que vêm de fora, de "autoridades e funcionários a mostrarem-se subservientes por medo de lhes chamarem racistas"? Os polícias não prendem? Os juízes absolvem? Os jornalistas ignoram? Os políticos não legislam?
Falo da situação nos Países Baixos, que há 60 anos é a minha segunda pátria, e onde tanto a sociedade como a política se acham, de certo modo, manietadas por uma fama de tolerância que se tornou faca de dois gumes. Porque, se abundam exemplos dessa tolerância, também não é difícil provar o contrário. A um observador imparcial causará estranheza que quando Wilders, o líder do PVV, pergunta ao público "Vocês querem mais ou menos marroquinos na Holanda" lhe movem um processo, mas quando depois de um incidente com turcos o primeiro-ministro Rutte diz na televisão que era melhor que se pusessem a andar, nada disso tem consequências. Dois pesos, duas medidas.
Os holandeses de origem marroquina que combateram na Síria ao lado do ISIS, mas regressam à Holanda, às autoridades não interessa investigar nem julgá-los pelo que lá fizeram. São assistidos, sim, para que, embora a tenham negado, possam reintegrar-se na sociedade dos valores democráticos e cristãos. E a maioria dos jornalistas não mostra curiosidade pela bizarria dessas situações. Nem por muitas outras mais. Leio e mantenho-me informdo o suficiente para poder dizer que nos Países Baixos conheço apenas um jornal diário e um semanário que correspondem ao que se chama uma imprensa livre de sectarismo. É pouco.

Dá vários exemplos de como o estado holandês e os seus agentes lidaram consigo na condição de imigrante. Vê diferenças entre o seu caso e o tratamento dado aos imigrantes africanos?
Não há comparação possível entre um caso individual ocorrido há seis décadas e a massa de imigrantes africanos que, legal ou clandestinamente, se encontra nos Países Baixos. A meu respeito as autoridades, por muito que isso me tenha desagradado, comportavam-se de maneira lógica, querendo aplicar estritamente a lei. Por outro lado, a minha atitude não era apenas de defesa, mas de suspeita: que justiça, por exemplo, havia em exigir de mim impostos se eu não tinha ganhos? Ou obrigar-me a respeitar leis que não se aplicavam à minha condição de imigrado?

Na visão dos imigrantes africanos e outros, acolhidos, agasalhados, a quem as autoridades explicam gentilmente a lei e lhes dão tempo que a compreendam e cumpram, um caso como o meu deve pertencer ao teatro do absurdo.
Diz que o politicamente correcto será a desgraça das sociedades ocidentais? Porquê?
Porque é a negação de uma realidade e do espírito crítico, a busca de harmonias impossíveis, a exigência de nos pôr todos a olhar para o mesmo lado, a marchar com o mesmo passo, a aceitar a mesma dieta sob pena de desagradarmos ao grupo.
A que causas atribui esse politicamente correcto? Medo, complexo de culpa branco? É a isso que se deve o que chama de "maná de subsídios e ajudas", o "aparato de assistência de que os beneficiados são os primeiros a rir"?
A um medo dos "povos bárbaros" ou complexo de culpa não será, antes um ingénuo, mas na minha maneira de ver altamente perigoso e deslocado, anseio de identificação com os "pobrezinhos", os infelizes, os deixados por conta no que já não se pode chamar Terceiro Mundo, por ser agora ofensivo. Esses, aliás, parecem não demonstrar muito interesse pelo carinho que lhes querem dispensar, preferindo tomar nas mãos o próprio destino, segundo a sua religião e tradições, dispensando as modas de conduta vigentes em São Francisco, Berlim ou Amsterdão.
A dificuldade que teve com publicação deste livro na Holanda [diz que recebeu apenas €19,90 de direitos de autor] é um dos sinais desse politicamente correcto?
Sem dúvida.
Há uma frase difícil de entender no seu livro: "Mostrar subserviência para com quem nasceu e cresceu com um enraizado temor da autoridade fatalmente conduz a extremos."
Por que digo isso? Porque é o que penso. A experiência ensinou-me que assim é, a História prova-o sem precisarmos de recorrer ao exemplo clássico da revolta de Espártaco. De quem nasceu e viveu espezinhado, talvez nem por milagre se possa esperar que de um dia para o outro compreenda e aceite padrões de respeito, liberdade, igualdade e fraternidade. Tão-pouco se lhe pode levar a mal que não compreenda, ou mesmo recuse, o que desconhece.

Os recentes atentados na Europa vão acabar com o politicamente correcto? E o que aconteceu em 2016 (Brexit, ascensão de Marine Le Pen) é o primeiro sinal? Vê aqui uma tendência, qualquer coisa como "os ventos estão a mudar"? As populações estão mais intolerantes?
Creio que o politicamente correcto está para durar, pelo menos até ao momento em que o abanão seja forte bastante e cause susto. E é provável que não seja a política mas a economia a causá-lo. A dura realidade da precisão de três refeições ao dia, o abrigo de um tecto e roupa para vestir, não se condói com os sentimentos fictícios do Facebook. Não me parece que, como diz, as populações estejam mais intolerantes. Já o eram, mas dá ideia de que aos poucos irão deixando a apatia, descobrindo que de facto podem ter voto na matéria. Só lhes chama "criaturas desprezíveis" quem cuida que o mundo é um aquário onde os abastados nadam em conforto. A esses não há cirurgia que lhes retire as cataratas.
Onde vê sinais de que "os muçulmanos e as multidões da África, nem sempre pacíficas" pretendem "pôr fim à velha ordem, fazer adoptar os seus usos e costumes", "não olham a meios nem sacrifícios para impor a sua ideologia" e "a Europa vai continuar a ser presa fácil do Islão"?
Leia o Alcorão. Leia os discursos dos imãs, e não precisa que sejam os dos fanáticos. Vá aos bairros de Londres e das mais cidades inglesas onde os muçulmanos são em maioria. Ou, para falar do que conheço de perto, aos bairros de Amesterdão, Roterdão ou Haia numa situação idêntica.

Além disso os muçulmanos têm o que aos ocidentais em geral, e aos europeus em particular, desgraçadamente falta: uma fé, orgulho no seu ideal, um sonho a realizar. Por sua vez a Europa não tem fé, orgulho ou ideal, aparenta ocupar-se mais com a superficialidade do dia-a-dia, as férias, o rock, o hedonismo, o que é de pouca valia como propósito na vida.
Diz que "pela sua atitude e ideologia, os refugiados do Médio Oriente são certamente uma ameaça" e que "mesmo sem violência, pela simples presença e número, os refugiados contribuirão, senão para destruir a Europa, de certeza para abalar os seus alicerces, transformar as suas instituições, desestabilizar o equilíbrio e a variedade das sociedades que a compõem". Como é que isto se passaria, ou passa, na prática?
Em assuntos semelhantes é tolice fazer suposições ou profecias, mas talvez se possa ilustrar com o exemplo do que aconteceria com uma família alemã, holandesa ou sueca. Digamos pai, mãe, dois ou três filhos; gente com religião e decentes princípios de vida; cumpridores da lei, bons vizinhos. Um dia as autoridades batem à porta e anunciam-lhes que no seu espaço familiar devem alojar uma família muçulmana, dezoito pessoas ao todo. E que essa boa gente tem exigências de alimentação, reza cinco vezes ao dia, não quer nudez à sua volta seja ela dos braços, nem álcool, nem símbolos religiosos ou o que for que se reporte a outra fé. Diga-me de que maneira se resolve esse puzzle.
Partilha a ideia de que mais tarde ou mais cedo haverá uma guerra de civilizações na Europa?
Se mo tivesse perguntado antes do conflicto dos Balcãs (1991-2001) eu julgá-la-ia uma impossibilidade, uma utopia. Hoje em dia não arrisco previsões, mas se uma guerra me parece improvável, receio que para desestabilizar a sociedade os atentados espectaculares se possam mostrar mais eficientes do que uma série de batalhas.
É possível hoje, em 2016, num mundo tão globalizado, usar termos como "identidade europeia"?
Para políticos e eurocratas é possível, sem ironia, fazer constantes referências à identidade europeia, o que é também uma maneira de, plebeiamente, garantirem o tacho. Mas o cidadão consciente e informado há muito se deu conta de que a identidade europeia está à mercê de circunstâncias e interesses que têm mais a ver com a situação de cada país membro do que com as construções políticas, económicas, ou os diktats de Bruxelas.
Estas multidões de imigrantes não se restringem a zonas das cidades pela mesma razão que todas as outras comunidades de imigrantes o fazem (veja-se as Chinatowns ou as Little Italies), não havendo aí necessariamente postos avançados para uma conquista nem uma guetização imposta pelas autoridades?
Nos países do norte da Europa as autoridades fazem o possível por disseminar pelas províncias os centros de acolhimento dos refugiados, mas acontece que em muitos casos eles simplesmente recusam esse acolhimento, com o curioso argumento de que as províncias não oferecem suficientes diversões ou possibilidades de desenvolvimento, e nelas a vida é monótona. Dá-se ainda o facto de aos refugiados ser garantida a liberdade de movimento, nada os impedindo de se deslocarem para as cidades e, eventualmente, resolverem os seus próprios problemas através da ajuda de compatriotas com residência legal.A guetização decorre, em parte, dessas circunstâncias, de factores económicos e das deficiências de planeamento.
Concorda com as proibições a determinadas vestes islâmicas que têm sido implementadas em França? Há quem critique isso, defendendo que é próprio de um Estado totalitário dizer às pessoas como se devem vestir. O que acha?
Mesmo fora dos limites das normas ocidentais da decência – já vi senhoras holandesas de biquíni a fazer compras no supermercado – sou de opinião que cada um se deve poder vestir como lhe apetece. O problema surge naquelas circunstâncias em que as autoridades e o funcionalismo necessitam de identificar a pessoa. Mesmo que aflija ou irrite, e que os hábitos muçulmanos sejam outros, a lei é para ser cumprida e igual para todos.
Partilha as ideias de alguma ideologia americana e europeia de que os brancos caminham para a minoria demográfica nos EUA e em alguns países da Europa, logo, para a extinção a longo prazo, e como tal é necessário agir, fechar fronteiras?
É ilusório pensar em muros, arame farpado ou patrulhas para fechar fronteiras. Há não sei quantos navios de não sei quantas Marinhas a patrulhar o Mediterrâneo para travar a avalanche de refugiados, e o resultado é o que sabemos. Ocorre-me por vezes o pensamento cínico de que a solução talvez fosse pagar aos passadores da Máfia o suficiente para que eles abandonassem o negócio.
Sendo um homem tão experiente e cultivado, como é que se iludiu com o projecto europeu? Nunca lhe passou pela cabeça que "o sonho europeu" iria crescer até se tornar um "monstro burocrático"?
Eu sinceramente fui na cantiga de que com a França e a Alemanha de braço dado, as fronteiras abertas, uma moeda única, não somente haveria união na Europa, como isso se iria reflectir na economia, no desenvolvimento, nas relações entre os países e não sei quantas melhorias mais.

Mas no final dos anos 80 já se me tinham caído as escamas dos olhos e, francamente, desde então pertenço à legião dos pessimistas. Não se me dá que o Brexit se repita e haja mais países a deixar a EU, mas se assim for só tenho pena que Portugal perca então a suculenta teta que tanto entusiasmou Mário Soares. Teta ilusória, diga-se de passagem, porque não há almoços nem benefícios grátis e, de uma maneira ou outra, quem pagou apresenta sempre a factura.
O que quer dizer quando diz que a Holanda "tem a ilusão de que a arte e a cultura são para todos"? Ou perguntado de outro modo, porque diz que tal é uma ilusão?
Porque se, num sentido geral, a arte e a cultura devem estar ao alcance de todos, é uma fantasia acreditar que há uma maioria, ou mesmo uma grande massa, que aproveita da arte e da cultura, ou tem ideia do que se trata. Custe aos bem intencionados, e àqueles que delas fazem comércio e indústria, a arte e a cultura são ocupação de uma minoria. Não há lei, força ou estímulo que suceda em empurrar a arte e a cultura pelas goelas abaixo de quem, para sobreviver, tem oito horas de trabalho e dezasseis para resolver os problemas da sua existência e conseguir algum repouso. Arte e cultura para todos? Bela ilusão.
Mesmo sabendo que o seu intuito era apenas dar um testemunho, e não propor medidas, queria perguntar-lhe se concorda com o fecho de fronteiras.
É como já disse, nem preciso de concordar. Não há força, muro, arame farpado, que feche hermeticamente qualquer fronteira.
Quando Angela Merkel abre as portas do seu país a milhões de refugiados não respondeu a um imperativo ético?
Talvez. Mas foi ingénua se acreditou que a Alemanha iria partilhar a sua decisão. E imprudente também, porque não mediu as consequências nem aceitou as recomendações dos que lhe aconselhavam menos entusiasmo humanitário e um maior sentido da realidade.

Deve refrear-se o entusiasmo humanitário?
O entusiasmo humanitário implica, muitas vezes, o esquecimento ou desdém dos aspectos desagradáveis da realidade, deixando para outros, ou para os que vierem depois, o clássico descalçar da bota.

Que lição retira do facto de Pim Fortuyn ter sido assassinado por um holandês pelo que dizia sobre os imigrantes e o islão?
O assassino de Pim Fortuyn era menos um adepto do Islão do que um defensor dos direitos dos animais. O verdadeiro motivo e as circunstâncias do assassinato mereciam ser investigadas para lá da superficialidade com que o foram, deixando no público a impressão de ter sido um assunto em que era melhor não tocar. Não faltaram suposições de conspiração e cumplicidades, mas o caso passou à História, com a anotação de ter sido, nos Países Baixos, o primeiro assassinato político desde 1672.
Que marcas tiveram na sociedade holandesa esse assassinato, em 2002, ainda mais seguido de outro, de Theo Van Gogh, em 2004?
Menos do que seria de esperar. O assassinato de Theo Van Gogh decorreu num momento em que partido trabalhista (PVDA), embora na oposição, gozava de grande popularidade, e os seus partidários advogavam ideias e tinham simpatias que eram diametralmente opostas às do comentador e jornalista. Da atitude tomada por essas criaturas, e da do então burgomestre de Amsterdam, membro eminente do PVDA, que dias depois foi tomar chá a uma mesquita "para acalmar os ânimos dos muçulmanos", o menos que se pode dizer é que foi repelente.
Tem medo?

Tivesse eu medo, mas não tenho, antes tristeza, porque num mundo em que parecem imensas as possibilidades de melhoria para todos, gastamos a vida e o tempo em inimizades, conflitos bárbaros, entretemo-nos com criancices, dá ideia de que hoje em dia as pessoas não envelhecem a caminho de alguma sabedoria, antes com tendência de retrocederem para o infantilismo.


LETTER FROM OUDE PEKELA
Migration anxieties deepen ahead of Dutch elections
Perception of rising crime is hard for mainstream politicians to counter, facts notwithstanding.

By NAOMI O'LEARY 12/27/16, 5:32 AM CET

OUDE PEKELA, the Netherlands — As the Netherlands prepares for elections in March, immigration is emerging as one of the defining issues of a campaign pitting Prime Minister Mark Rutte against the anti-Muslim firebrand Geert Wilders. And few places illustrate the tensions over the issue better than Oude Pekela, a village of roughly 8,000 residents close to the German border.

Syria may be thousands of kilometers away, but the fallout of its civil war has reached the town’s orderly streets. Like many places in the country, the response to a sharp rise in the number of asylum seekers mobilized residents fearful of the impact of immigration on their communities.

The number of people who claimed asylum in the Netherlands doubled in 2015 as thousands of Syrians made their way to the country, often through difficult journeys across Europe.

The result was that asylum seeker centers, many in provincial surroundings far from the Netherlands’ cosmopolitan cities, rapidly increased the numbers of people they hosted, bringing in bunk beds and temporary shelters to make space.

Rush to welcome migrants

In Oude Pekela, locals said, it suddenly seemed like the newcomers were everywhere — walking on the roadside, filling the supermarket to buy groceries, taking up seats on the bus to the nearby town of Winschoten.

“Our community is too small for this number of people,” said Heye Meyer, a 60-year-old former construction worker, sitting on his mobility scooter outside the supermarket. “We are afraid.”

Self-appointed anti-crime groups have ballooned in the Netherlands from 124 groups in 2012 to 661 in 2016.
Like elsewhere in the country, discomfort grew into protests, citizen street patrols and a building momentum among small-scale political groups opposed to immigration that could prove decisive when Dutch voters head to the polls in March.

The numbers of asylum applications to the Netherlands was a fraction of those next door in Germany. In 2015, there were some 56,900 applicants; from January to November 2016, another 26,600. But the sharp increase meant that normal procedures to acclimatize local communities were rushed, according to Dutch asylum agency COA.

“Everything had to be done quick,” recalled spokesman Jan Willem Anholts. “You have to take time for these changes, and last year there was no time. But then again, nobody had to sleep outside or under a bridge.”

Ahmad, 20, a refugee from Aleppo, said it might have been better for new arrivals like himself to have been placed in a city. “It is maybe strange for them that we are here. It is a small town, with many old people,” he said. “It could be better in Amsterdam.”

Tensions came to a head in September when a wildcat protest, fueled by rumors of harassment by asylum seekers shared over social media, formed outside the asylum center gates. Police kept the crowd back, but the mayor was forced to issue an emergency order to disperse the protest. Shortly afterward, he promised to cut the number of people housed in the center.

That was the month the neighborhood watch began patrolling the village with the aim of stamping out anti-social behavior and harassment, reporting any wrongdoers to the police.

Such self-appointed anti-crime groups have ballooned in the Netherlands from 124 groups in 2012 to 661 in 2016, according to a study by sociologist Vasco Lub, raising fears of vigilantism.

Crime perceptions and anxieties

Official statistics show that reported crime is falling among all nationalities and has halved since 2005, but the rise in neighborhood watches, often coordinated over WhatsApp chat groups, reflects a widespread perception among residents that the streets are less safe.

Asylum applications are dropping, but the political movements that grew in response to worries about the influx show no sign of going away. As the election approaches, a constellation of overlapping groups and activists share reports of misdeeds by immigrants, fueling a sense that the Netherlands is under siege.

One such group, Kameraadschap Noord-Nederland, which describes itself as “national-minded people with a socialist heart,” has organized repeated protests against asylum seekers in the area.

United We Stand’s Facebook page features streams of posts about misdeeds by asylum seekers.
Another, United We Stand Holland: Protecting Our Citizens, was formed after an incident in which locals accosted an Oude Pekela asylum seeker and handed him over to police, accusing him of harassment. (A statement released afterward by authorities said that the man had “behaved inappropriately” toward a 12-year-old girl in a supermarket, but had not committed a crime.)

In the run up to Christmas, United We Stand has switched its focus to gifting hampers to households. And as the election approaches, it and other groups like it have turned their attention making sure their voices are heard.

United We Stand’s Facebook page features streams of posts about misdeeds by asylum seekers, perceived attacks on Dutch culture, and updates about Geert Wilders.

“People are tired of it! And rightly so!” the group wrote on Facebook this month as it shared a poll that showed Wilders’ Freedom Party had increased its lead against Rutte’s People’s Party for Freedom and Democracy. “Wilders is the only hope for a better governance of this country.”

Authors:
Naomi O'Leary  

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