sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Privados descrentes são entrave à revitalização da Baixa In Público (19/5/2010)

19/05/2010
Privados descrentes são entrave à revitalização da Baixa
In Público (19/5/2010)
Por Inês Boaventura

«A "decrepitude" da Baixa Pombalina "é uma escolha, não uma fatalidade" e o plano de pormenor de salvaguarda recentemente aprovado pela Câmara de Lisboa só será bem sucedido se o aparelho camarário for capaz de "dar resposta às ansiedades dos privados". Este é o entendimento do historiador António Sérgio Rosa de Carvalho, que defende que para tornar viva esta zona da cidade há que começar por convencer as "elites" a mudarem-se para lá.

Licenciado em História de Arte e Arqueologia pela Universidade de Amesterdão, António Sérgio apresentou anteontem no Centro Nacional de Cultura a sua obra História das Ideias, História da Teoria da Arquitectura e Defesa do Património. A Baixa, área na qual chegou a desenvolver trabalho enquanto assessor da autarquia na área da reabilitação urbana e onde reside, foi um dos temas centrais da sua apresentação.

O historiador considerou "um erro ter-se desistido da classificação da Baixa a património mundial", quando em seu entender a reabilitação desta zona de Lisboa devia ser entendida como "um desígnio nacional". E esse processo, diz, poderia começar pelo Largo de São Paulo: se aqui funcionasse "uma microcidade" com comércio, habitação e espaço público, esse exemplo acabaria por alargar-se às artérias vizinhas.

António Sérgio louvou a existência de alguns casos de "inteligência emocional e sensibilidade patrimonial" no restauro de espaços de comércio e serviços, mas sublinhou que a maioria dos empresários tem "um profundo cepticismo perante o aparelho camarário", desde logo devido à multiplicidade de interlocutores.

Quanto ao resto da cidade, o historiador lamentou a inexistência de uma cultura de restauro, criticando os arquitectos que, em vez de lutarem por uma certa "invisibilidade", fazem por "deixar uma marca da sua intervenção". Um dos resultados, acusa, é "a agonia da Lisboa romântica", onde foram surgindo "intervenções cyborg" como o edifício Heron Castilho, onde à "carcaça biológica" se acrescentou "um esquema high-tech".»

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